‘Central do Brasil’ é um dos maiores filmes – se não for o maior – da história do cinema no Brasil, mostrando um momento de transição do país, já bastante urbano, mas ainda com suas origens rurais. É, também, o retrato de uma época que hoje parece um passado distante, na qual a carta ainda tinha um peso fundamento na comunicação das famílias. Tudo isso é um pano de fundo para contar uma história sobre uma relação improvável, entre uma professora aposentada que perdeu a esperança na vida com um garoto recém-órfão em busca de sua família. O resultado é um filme tocante e envolvente, com uma atuação magistral de Fernanda Montenegro – trabalho esse vencedor do Urso de Prata do Festival de Berlim e indicado ao Oscar, a primeira latino-americana e a única brasileira que, até hoje, recebeu a honraria. A atriz acabou perdendo para Gwyneth Paltrow por ‘Shakespeare Apaixonado’, em uma das maiores injustiças da história da premiação da Academia.
Mais um grande exemplo da chamada Retomada do cinema brasileiro, baseada na peça de Ariano Suassuna e que, inicialmente, foi exibida como minissérie na TV Globo, em 1999. Esta versão cinematográfica foi muito elogiada na época, principalmente por elevar a cultura popular brasileira. Os protagonistas – João Grilo e Chicó, vividos respectivamente por Matheus Nachtergaele e Selton Mello – entraram para o imaginário da população. Aqui, Fernanda Montenegro é nada menos que Nossa Senhora Aparecida.
Um conjunto de histórias, todas se passando no Rio de Janeiro, além de serem estreladas e dirigidas por grandes nomes do cinema brasileiro e mundial. Vale pelos diferentes olhares para o modo de vida e cultura brasileiros. Fernanda é a estrela do segmento 'Dona Fulana', dirigido por Andrucha Waddington, no qual vive uma moradora de rua por opção.
Baseado na peça homônima de Gianfrancesco Guarnieri, montada originalmente no Teatro de Arena em 1958, ‘Eles Não Usam Black-Tie’ conta duas histórias de amor. Uma sobre o casal maduro em sua relação estabelecida, outra a do casal jovem em busca de entendimento – tudo com pano de fundo o fim da Ditadura Militar no Brasil, quando o regime tentava a sua abertura “lenta, gradual e segura” e, ao mesmo tempo, eclodiam as greves dos metalúrgicos, principalmente no ABC Paulista. Premiado com o Leão de Ouro no Festival de Veneza, este é, sem dúvida alguma, um dos mais importantes filmes do cinema nacional. Fernanda Montenegro faz parte do grande elenco, fazendo par justamente com Guarnieri.
Baseada na peça homônima do grande dramaturgo brasileiro Nelson Rodrigues, ‘O Beijo no Asfalto’ representa também a estreia de Murilo Benício no posto de diretor. Como a obra original, o longa-metragem aborda questões como a repressão da sexualidade, normas da sociedade, paixões e triângulos amorosos. O elenco ajuda no bom resultado final: temos Débora Falabella, Stênio Garcia, Lázaro Ramos e até Fernanda Montenegro, todos de qualidade incontestável. Outro destaque é a bela fotografia em preto e branco, assinada por Walter Carvalho (responsável por obras-primas como ‘Central do Brasil’ e ‘Lavoura Arcaica’). Fernanda, que interpretou a personagem Selminha na montagem original da peça, interpreta a Dona Matilde nesta nova versão.
