Armand é um thriller escrito e dirigido pelo cineasta norueguês Halfdan Ullmann Tøndel (neto do diretor Ingmar Bergman e da atriz Liv Ullmann). A trama gira em torno de um caso complicado em uma escola: um menino de 6 anos é acusado de agredir sexualmente outro, e os pais são chamados para serem informados sobre o assunto e buscar uma solução. No entanto, aos poucos, verdades sobre os envolvidos vão sendo reveladas, o que distorce a percepção dos fatos. Com uma performance brilhante de Renate Reinsve (A Pior Pessoa do Mundo), é um filme que questiona as maneiras em que os preconceitos, vieses e sentimentos podem se infiltrar nas brechas da verdade, até corrompê-la e deformá-la.
Um Homem Diferente (A Different Man) é uma brilhante comédia cujo título sugere vários significados. A história começa com Edward (Sebastian Stan, O Aprendiz), um homem cujo rosto é deformado pela neurofibromatose, afetando sua confiança e capacidade de se relacionar em um mundo que rotineiramente rejeita a feiura. Ele se apaixona por sua vizinha Ingrid (Renate Reinsve, A Pior Pessoa do Mundo), uma bela dramaturga, mas quando uma cura milagrosa reverte suas deformidades, ele decide fingir sua morte e começar de novo sob a identidade de "Guy". As coisas dão uma reviravolta irônica quando Ingrid escreve uma peça inspirada em Edward e aparece Oswald (Adam Pearson), um homem que, apesar de também sofrer de neurofibromatose, é carismático e leva uma vida plena. O título Um Homem Diferente poderia sugerir aquela empatia ingênua e idealizada típica de Hollywood para com as pessoas com algum tipo de diferença física. No entanto, o roteiro e direção de Aaron Schimberg orientam a atenção no sentido contrário, voltando-se para nossa constante aspiração de querer ser algo diferente do que somos, incapazes de estar confortáveis em nossa própria pele e, como diz Lady Gaga (supostamente), aceitar o que somos.
Mortos Entre Vivos (Handling the Undead) é um filme norueguês e uma das propostas de zumbis mais interessantes que você verá em anos. A trama segue três personagens que estão lidando com o luto pela recente morte de entes queridos, quando um misterioso acontecimento faz com que os mortos voltem à vida sem explicação. Não é o tipo de filme que apresenta um apocalipse zumbi catastrófico e espetacular, mas, com atuações sensíveis (uma delas de Renate Reinsve, protagonista de A Pior Pessoa do Mundo), reflete sobre o que significa seguir em frente quando perdemos tudo, mas não conseguimos deixar o passado morrer. Leia mais na crítica completa de Mortos Entre Vivos.
Eleito um dos 100 melhores filmes do século pela New York Times. Parece banal dizer isso, mas a vida é um eterno aprendizado - e A Pior Pessoa do Mundo faz uma pequena síntese desse pensamento. Indicado a duas categorias no Oscar 2022, Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Roteiro Original, a comédia romântica é um reflexo geracional de muitos jovens adultos e, sem dúvida, um dos melhores filmes da temporada 2021/2022. A história nos faz refletir que, muitas vezes, encontramos a pessoa certa no relacionamento errado e vice-versa. O maior problema é sentir um vazio toda vez que nos encontramos (ou nos acostumamos) com alguém. Afinal, somos nós que temos que preencher o que está vazio na gente e não nas outras pessoas. Na vida, temos infinitas possibilidades e indecisões. Muitas vezes, os relacionamentos nos impedem de ver que somos apenas espectadores das escolhas de outras pessoas. Decisões são difíceis de tomar, mas são necessárias – especialmente quando nossas prioridades na vida começam a ser distorcidas.



