Como ‘Ahsoka’ está transformando o universo de ‘Star Wars’
Que longo caminho percorreu a Padawan de Anakin Skywalker. Introduzida (retroativamente) em The Clone Wars de 2008, Ahsoka Tano era um personagem pequeno, cujo impacto se limitava à animação, em um breve período da cronologia de Star Wars. Hoje, com várias aparições no cânone e uma série com seu nome, não é apenas um dos personagens mais queridos pelos fãs: suas histórias também estão trazendo grandes transformações à mitologia da franquia.
As formas como Ahsoka está transformando Star Wars
Outros caminhos na Força
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No cânone de Star Wars, Ahsoka Tano sempre foi especial. Como Padawan de Anakin Skywalker, um dos Jedi mais poderosos da história, ela se tornou uma grande guerreira por mérito próprio. No entanto, eventos da Guerra dos Clones a levaram a deixar a Ordem Jedi e renunciar ao seu credo. Antes disso, com poucas exceções, um guerreiro que não era um Cavaleiro Jedi do Lado Luminoso da Força era, por eliminação, um Lorde Sith, sua antítese do Lado Sombrio. No entanto, Ahsoka Tano abriu um caminho que poucos personagens seguiram na franquia: ser uma guerreira do Lado Luminoso sem pertencer à Ordem. “Não sou uma Jedi”, como ela mesma disse uma vez a Darth Vader. Essa ideia ainda precisa ser explorada nos filmes (Os Últimos Jedi sugeriu a extinção da Ordem Jedi, mas a ideia foi descartada na sequência, A Ascensão Skywalker). No entanto, a possibilidade de alternativas à dicotomia Jedi e Sith tem muito potencial inexplorado. A série de Ahsoka está apenas arranhando a superfície, não apenas com sua protagonista, mas também com alguns de seus vilões.
Jedi ou Sith? Nenhum dos dois (Crédito: Lucasfilm)Baylan Skoll (Ray Stevenson) e Shin Hati (Ivanna Sakhno) declaram que não estão afiliados aos Jedi, mas também não pertencem ao Lado Sombrio da Força nem aos Sith (extintos após as mortes de Darth Vader e Darth Sidious). Seus objetivos também não estão alinhados com um lado ou outro: eles desejam poder para quebrar o eterno ciclo da luta entre o bem e o mal. Suas vestimentas refletem essa ambiguidade. Seus sabres de luz são alaranjados (não vermelho puro, como os Sith), uma cor que não reflete as orientações tradicionais dos Jedi. Suas armaduras são escuras, mas Shin, a aprendiz de Baylan, carrega uma trança, como fazem tradicionalmente os Padawans. Será interessante ver se, além de Ahsoka, a saga de Star Wars começa a implementar histórias cujos personagens tenham lealdades e afiliações mais ambíguas. É muito mais interessante do que os típicos vilões Sith e os sempre bons Jedi.
Novos estilos de luta
Nessa mesma linha, a série do Disney+ apresentou novas formas de combate entre os personagens principais. Por um lado, segundo alguns observadores, Ahsoka introduziu um novo estilo de combate com sabre de luz, além dos já estabelecidos no cânone para os Jedi. Alguns notaram que, enquanto os estilos tradicionais são mais semelhantes ao modo de luta de um samurai, Baylan Skoll utiliza técnicas mais típicas de um cavaleiro medieval, o que é algo novo nos quase 50 anos de história da saga. Outra novidade é que, aparentemente, não é totalmente necessário ter afinidade com a Força para receber treinamento Jedi. Durante sua jornada a Seatos, Ahsoka (Rosario Dawson) aponta a Sabine Wren (Natasha Liu Bordizzo) que a disciplina é mais importante do que o talento natural para usar a Força. Isso explica por que a guerreira mandaloriana é apta para o combate com sabre de luz, mesmo que não tenha muita afinidade para outros aspectos das artes Jedi.
Novas galáxias
A novidade mais crucial apresentada por Ahsoka é a introdução de novos mundos além da galáxia onde toda a história de Star Wars se desenrolou até agora. Desde Tatooine até Coruscant, Alderaan, Lothal e Mustafar, todos os mundos faziam parte de uma única galáxia – vasta e diversa, sim, mas a única até este ponto.
Não é o seu típico Jedi, nem o seu típico sabre de luz (Crédito: Lucasfilm)Embora a ideia de outras galáxias tenha sido mencionada em outras partes da saga – o plano de Ezra Bridger para derrotar o Grande Almirante Thrawn em Star Wars Rebels era levá-lo para fora de seus limites -, esta é a primeira vez que a vemos realizada na tela. Nesta nova era, Peridea é o primeiro mundo que visitamos como espectadores. Depois de quase cinquenta anos de histórias que começam com “Há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante”, a ideia de outra galáxia parece blasfêmia. No entanto, talvez sejam os primeiros novos horizontes para uma franquia que cada vez mais precisa deles.
Confira nossas críticas da série Ahsoka por episódio:
Lalo Ortega é crítico e jornalista de cinema, mestre em Arte Cinematográfica pelo Centro de Cultura Casa Lamm e vencedor do 10º Concurso de Crítica Cinematográfica Alfonso Reyes 'Fósforo' no FICUNAM 2020. Já colaborou com publicações como Empire en español, Revista Encuadres, Festival Internacional de Cinema de Los Cabos, CLAPPER, Sector Cine e Paréntesis.com, entre outros. Hoje, é editor chefe do Filmelier.