Após pandemia, cinema deverá passar por mudanças Após pandemia, cinema deverá passar por mudanças

Após pandemia, cinema deverá passar por mudanças

Para especialistas ouvidos pelo Projeto Paradiso, o cinema precisará se adaptar ao crescimento do streaming e criar um ambiente leve para o público

Matheus Mans   |  
9 de julho de 2020 09:33

O cinema não será mais o mesmo depois da pandemia do novo coronavírus. Pelo menos é isso que executivos de empresas globais de produção, distribuição e exibição deram a entender em uma série de vídeos e entrevistas do Projeto Paradiso, iniciativa do Instituto Olga Rabinovich.

Primeiramente, o grande ponto a ser destacado é a questão da janela de lançamentos. Ou seja: o período entre a estreia nos cinemas e a ida de um filme para outras mídias. Ainda que os cinemas e serviços de streaming continuem a medir forças, especialistas veem novas mudanças por aí.

“A indústria fonográfica mostrou isso: se criarmos barreiras, o consumidor vai encontrar jeitos de ter aquele conteúdo. Principalmente a pirataria”, disse Philip Knatchbull, CEO da britânica Curzon. É uma empresa que reúne um serviço de streaming, uma rede de cinemas e empresa de distribuição.

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Segundo ele, a melhor saída é radical: a inversão de janelas. “Vamos começar a distribuir primeiro o filme em nossa plataforma de streaming. Se for bem, lançamos nos cinemas”, diz. “Vamos inverter a ordem de estreias. Assim, não corremos risco de perder dinheiro com marketing no cinema”.

Johanna Koljonen, do Nostradamus Report, relatório que faz previsões sobre o cinema, acredita que uma grande empresa precisa entrar na briga. “Ninguém dirá não para a Disney. Nem mesmo as maiores redes de cinema. Se a Disney disser para uma rede que a primeira janela vai diminuir ou não terão Star Wars, Marvel… No final, será assim que as coisas caminharão”.

Clima leve no cinema

Outro ponto abordado por executivos na série de vídeos do Projeto Paradiso é a questão do ambiente nas salas pós-pandemia. Knatchbull acredita que exibidores e distribuidores terão que se atentar e se preocupar com a curadoria dos filmes que chegam às salas, evitando tramas mais pesadas.

Nós vamos querer conteúdos mais alegres nos próximos meses, talvez anos” afirmou o executivo da Curzon. “Afinal, nem sempre queremos filmes deprimentes. Além disso, para um filme ir para o cinema, ele precisa se destacar. Não pode ser mais uma produção que poderia estar na Netflix”.

Além disso, ele realça a importância de convencer as pessoas a saírem de casa. “Os cinemas terão que agregar experiências”, afirma Knatchbull. “Haverá muitas oportunidades. Não devemos temer as mudanças, devemos abraçá-las e nos organizar para que possamos atender a demanda futura”.

Já Juliana Jacobsen, da empresa brasileira de distribuição BF Distribution, já está planejando ações para criar o ambiente ideal. “É preciso pensar de forma criativa. Para ‘Sapatinho Vermelho e os Sete Anões’, por exemplo, vamos fazer peças de artes dos anões para ocupar uma cadeira sim, uma cadeira não. É preciso tratar com uma certa leveza esse momento para que os cinemas continuem sendo uma experiência divertida”, afirma Juliana.

(Crédito da foto de abertura: Flickr/ben ko)