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“Não há nada mais monstruoso do que a humanidade”, diz diretora de ‘Como Matar a Besta’

A besta, o monstro. Essa figura, tão explorada e instigada pelo cinema de horror, é o principal fio narrativo da filmografia da cineasta argentina Agustina San Martín. Além dos curtas premiados ‘Monstruo Dios’ e ‘No Hay Bestias’, ela é a diretora e roteirista do longa-metragem ‘Como Matar a Besta’, estreia das salas de cinemas nacionais da última quinta-feira, 28.

Sobre o que é o filme?

Na trama do novo filme, porém, a besta não entra na história de maneira tão óbvia. Afinal, no coração da história está Emilia (a estreante Tamara Rocca), uma jovem que chega a uma cidade religiosa na fronteira entre Brasil e Argentina, na casa de uma tia distante, em busca do irmão desaparecido. Mas, por lá, circula uma besta que está assombrando todos.
Tamara Rocca é a protagonista deste longa-metragem ousado e provocativo sobre monstros, identidade e preconceito (Crédito: Divulgação/Vitrine Filmes)

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Assim, essa figura segue a jornada de Agustina. Por quê? “Gosto muito da coisa monstruosa, desses títulos de horror classe B, dos anos 1980, essa coisa um pouco grosseira, monstruosa”, diz a diretora ao Filmelier. “Não há nada mais monstruoso do que a humanidade. Gosto de falar de bestas, de monstros, mas tudo é muito irônico, já que a pior besta são as pessoas. Muitos são maravilhosos, mas o ser humano tem potencial monstruoso”.

Criação de ‘Como Matar a Besta’

Segundo Agustina, o processo de desenvolvimento de ‘Como Matar a Besta’ foi longuíssimo. “Primeiro escrevi o roteiro por três anos, depois comecei a ter mais ideias e mentorias”, diz. “Depois, fiquei muitos anos procurando um produtor que eu gostasse até conhecer o Diego Amson em 2016. Fizemos o filme em 2019, editei por um ano e, depois, o filme ficou travado mais um ano. Foi um processo que exigiu muita paciência”. Apesar de ser um processo que parecia se arrastar, o tempo parece ter sido benéfico para Agustina. Afinal, há um perceptível cuidado na forma que o longa-metragem é filmado e registrado na tela. A ambientação coloca o espectador dentro da história em um mergulho de cabeça. A jornada da personagem é lenta, mas tudo parece um caldeirão em ebulição. Emília está no coração desse processo, enquanto a cidade a oprime aos poucos.

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Referências a David Lynch e Mamma Mia!

Para criar esse clima, Agustina conta que consultou um caderninho em que a cineasta argentina vai colocando referências de outras produções. “Quando você quiser fazer uma coisa que seja muito específica e não tem muitas referências, a melhor forma é conservar todos os frames e stills de filmes que você gosta”, conta. “Tenho um caderno que coloco todas as minhas referências. Gostei da luz nessa cena, gostei da cor nesse filme… Tenho referências muito diversas. Desde a fotografia de um filme de Pedro Costa, uma forma de dirigir um filme do David Lynch ou até mesmo a cor de uma parede de ‘Mamma Mia! O Filme’. Junto tudo isso num caderno”.  Agora, ela já começa a preparar esse caderninho – e novas ideias – para um novo projeto para a Amazon. Enquanto isso, a cineasta vai ajudando a construir um cinema de gênero cada vez mais forte na América Latina. “O cinema de horror e de fantasia são ótimos para falar de realidades, de certas dores. É muito orgânico que isso aconteça assim”, conclui.

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Matheus Mans

Jornalista especializado em cultura e tecnologia, com seis anos de experiência. Já passou pelo Estadão, UOL, Yahoo e grandes sites, sempre falando de cinema, inovação e tecnologia. Hoje, é editor do Filmelier.

Escrito por
Matheus Mans

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