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Crítica de ‘A Morte do Demônio: A Ascensão’: Existe vida depois de Ash Williams?

No mundo dos filmes de terror, a franquia ‘Evil Dead’ (também conhecida pelos títulos ‘A Morte do Demônio’ e ‘Uma Noite Alucinante‘) goza de uma condição especial. Por um lado, é considerada uma obra cult sob uma visão autoral de seu criador, Sam Raimi. Por outro lado, há tentativas como ‘A Morte do Demônio: A Ascensão‘ (‘Evil Dead Rise’), que buscam expandir as fronteiras estabelecidas com o protagonista original, Ash Williams (Bruce Campbell), os deadites e o Necronomicon.

Dirigido por Lee Cronin (do aclamado ‘A Maldição da Floresta’), esta nova versão – que já está em cartaz nos cinemas – é, na verdade, a segunda que se afasta das raízes estabelecidas por Raimi, depois do remake de 2013 estrelado por Jane Levy.

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‘A Morte do Demônio: A Ascensão’ pode parecer a entrega mais diferente da franquia – excluindo, claro, ‘Uma Noite Alucinante 3’. No entanto, com ela, o diretor Lee Cronin nos oferece um filme muito mais próximo do que se poderia pensar à essência original da saga tanto em tom como em narrativa, embora não seja menos agradável por isso.

Sobre o que é ‘A Morte do Demônio: A Ascensão’?

A essa altura, qualquer filme de ‘Evil Dead’ poderia ser resumido da seguinte forma: um grupo de pessoas, confinado a um espaço isolado e reduzido, encontra um misterioso livro que desencadeia sobre eles uma onda de possessões demoníacas que só pode ser detida com a morte violenta das pessoas possuídas. Assim foi desde o filme original, que estabeleceu as bases para o segundo (na verdade, um remake do primeiro) e para a reinvenção de 2013, com um grupo de pessoas presas em uma cabana na floresta. Para esta versão de 2023, essencialmente, temos a mesma história.
Mesma história, personagens diferentes (Crédito: Warner Bros. Pictures)
Em ‘A Morte do Demônio: A Ascensão’, seguimos a história de Beth (Lily Sullivan), uma mulher que faz uma longa viagem para visitar sua irmã, Ellie (Alyssa Sutherland, de ‘Vikings’), em Los Angeles. Beth está com medo porque está grávida e busca o conselho de sua irmã. No entanto, Ellie, mãe de três filhos, foi abandonada por seu marido. A reunião é interrompida quando uma das crianças descobre um misterioso livro e algumas gravações no porão do prédio. Ao reproduzi-las, naturalmente, o livro invoca uma horda de demônios que ameaça a família, presa em seu apartamento devido a uma queda de energia. Assim, pode-se dizer que ‘A Morte do Demônio: A Ascensão’ é, essencialmente, outro remake, construído sobre a mesma fórmula que definiu três de seus quatro antecessores. Os fãs mais fervorosos podem se sentir desapontados com isso, mas, apesar de seu caráter derivativo, há muitas coisas boas aqui, principalmente para aqueles que não conhecem a história de Ash e os deadites.

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Um delicado meio-termo

Porque, na verdade, ‘A Morte do Demônio: A Ascensão’ é pura diversão para qualquer fã de gore. Embora isso não signifique que o filme de Lee Cronin abrace completamente o tom de comédia absurda física que caracteriza o segundo longa-metragem – talvez o mais icônico de todas. Mas retoma, de maneira seletiva e contida, seus elementos mais ridículos. Existem várias referências aos filmes originais com Ash Williams, e os níveis de violência alcançados aqui são tão extremos, chegando ao caricato, que fariam o próprio Sam Raimi corar. Mas Cronin, que também escreveu o roteiro, consegue equilibrar esses elementos com um tom mais sério da narrativa, apoiado em um subtexto sobre maternidade e família que, embora pudesse ser explorado mais, funciona.
A demoníaca Alyssa Sutherland é um deleite na tela (Crédito: Warner Bros. Pictures)
Além de uma direção sólida, uma fotografia eficiente e um trabalho de maquiagem impecável, esse equilíbrio é alcançado em grande parte pelo trabalho de Alyssa Sutherland diante da câmera. A atriz australiana é tanto vulnerável quanto assustadora e engraçada assim que as possessões começam. Em mais de uma ocasião, ela provoca uma risada desconfortável antes de nos fazer pular da cadeira. O resultado, em resumo, é positivo. O que nos leva a perguntar: existe vida para essa franquia além de Ash Williams? A resposta é um ambíguo “talvez”. O personagem de Campbell foi oficialmente aposentado após a aclamada série ‘Ash vs. Evil Dead’, uma continuação direta de ‘Army of Darkness’ – apesar de fazer uma breve participação especial neste novo filme. O único caminho para o futuro será a originalidade. Talvez não seja o ponto forte de ‘A Morte do Demônio: A Ascensão’, mas, em termos de manter sua marca ultraviolenta de diversão, é um passo na direção certa.

‘A Morte do Demônio: A Ascensão’ está em cartaz nos cinemas. Para saber mais sobre o filme e comprar seu ingresso, clique aqui.

Confira o trailer de ‘A Morte do Demônio: A Ascensão’:

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Lalo Ortega

Lalo Ortega é crítico e jornalista de cinema, mestre em Arte Cinematográfica pelo Centro de Cultura Casa Lamm e vencedor do 10º Concurso de Crítica Cinematográfica Alfonso Reyes 'Fósforo' no FICUNAM 2020. Já colaborou com publicações como Empire en español, Revista Encuadres, Festival Internacional de Cinema de Los Cabos, CLAPPER, Sector Cine e Paréntesis.com, entre outros. Hoje, é editor chefe do Filmelier.

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