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Crítica: ‘Minha Culpa’ é tudo aquilo que ‘After’ e ‘Belo Desastre’ já entregaram

Como o mundo do cinema é curioso, não é mesmo? Depois do sucesso de 50 Tons de Cinza nas livrarias e nos cinemas, obviamente outras histórias correram atrás para aproveitar o sucesso — como é o caso de 365 Dni. Mas como atingir um público ainda maior? A solução que editoras e produtoras encontraram foi apostar em filmes e livros com a mesma pegada, mas voltados para adolescentes. É o caso de After, Belo Desastre e, agora, o espanhol Minha Culpa.

Filme exclusivo do Amazon Prime Video, lançado no último dia 9 de junho na plataforma, Minha Culpa segue todo o bê-á-bá que já vimos nessas mesmas histórias. Tudo começa com Noah (Nicole Wallace, parecidíssima com a Josephine Langford, de After), uma jovem que precisa se mudar para outra cidade, deixando namorado e amigos para trás. Agora, ela vai precisar se adaptar à realidade do novo marido de sua mãe, que mora em uma enorme mansão.

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Dirigido e roteirizado por Domingo González, estreante em longas, o filme logo mostra a que veio quando coloca Nick (Gabriel Guevara) na equação. Ele é o meio-irmão de Noah, que não tem nenhum laço sanguíneo, e que acaba despertando uma paixão praticamente instantânea. Só que, como sempre acontece em filmes assim, ele não é uma pessoa fácil. É um rapaz grosseiro, que parece não ter nada de sensibilidade, e exige muito do lado de Noah.

Minha Culpa é um bom filme do Prime Video?

Inspirado no livro homônimo de Mercedes Ron, que se tornou um sucesso no Wattpad tal qual After, seu filme-irmão, o longa-metragem não traz nada de novo para um público que já consumiu outras produções do gênero — ao contrário de Belo Desastre, por exemplo, que acrescentou uma boa dose de humor nesse tipo de história. Em essência, afinal, Minha Culpa é novamente sobre uma garota sendo arrastada para um mundo que não lhe pertence de fato. E isso, infelizmente, é feito sem qualquer tipo de questionamento por parte da protagonista, que parte em uma jornada cega para viver um amor por um homem. Enquanto até mesmo contos de fadas são modernizados pela Disney, para evitar que princesas se tornem reféns de personagens masculinos sem qualquer personalidade, essas produções correm atrás para tirar a força de vontade das mulheres, que se tornam apenas peões em um tabuleiro.
Te(n)são no ar entre Nick e Noah (Crédito: Prime Video)
Isso sem falar na forma que González, e a história original de Ron, desenvolve o personagem de Nick. Como sempre, ele precisa ser aquele cara durão, envolvido até mesmo com criminosos. Oras, afinal, ele é másculo! Viril! Não é mesmo? Parece que não existe outro tipo de personagem nesse mundo de cinema e literatura eróticos: desde Mr. Grey, passando por Massimo Torricelli e até chegar no terrível Hardin Scott, todos são absolutamente idênticos. O fato é que, enquanto Belo Desastre fez um humor muitas vezes intencional (e ridículo), Minha Culpa parece ser uma paródia desse outro filme que fez tanto sucesso recentemente. São várias as histórias que se jogam no ridículo sem medo, como as discussões sobre diferenças de idade (“vamos fazer sexo até eu fazer 18” é uma das grandes frases do cinema mundial), carros de corrida que deixariam Dom Toretto ruborizado e até gangues totalmente estereotipadas. Então, caso você não seja exatamente o público-alvo (desde quando começamos a tratar filmes como mercadoria dessa forma, hein?) e esbarre em Minha Culpa, faça como eu fiz: desligue qualquer senso crítico e embarque em uma aventura claramente inspirada em uma fanfic que não tem nada de brilhante, original ou coisa do tipo. É um filme ridículo, para o bem e para o mal, que até pode despertar tesão por aí — mas nunca vai passar de algo além disso.

Minha Culpa já está disponível no Amazon Prime Video. Clique aqui para assistir ao filme.

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Matheus Mans

Jornalista especializado em cultura e tecnologia, com seis anos de experiência. Já passou pelo Estadão, UOL, Yahoo e grandes sites, sempre falando de cinema, inovação e tecnologia. Hoje, é editor do Filmelier.

Escrito por
Matheus Mans

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