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“É um desafio diferente de tudo que já fiz”, diz Débora Falabella sobre ‘Bem-Vinda, Violeta!’

Ana (Débora Falabella) é uma jovem escritora que, durante o processo de escrita de seu novo romance, Violeta, decide fazer um mergulho total: ingressa em um famoso laboratório literário na Cordilheira dos Andes onde ficará isolada de tudo e de todos, tendo a companhia apenas de outros escritores e de Holden (Darío Grandinetti), o criador de um método no qual os escritores abandonam suas próprias vidas para viver como seus personagens. Essa é a história de Bem-Vinda, Violeta!, coprodução entre Brasil e Argentina que está em cartaz nos cinemas desde a última quinta, 4.

Dirigido por Fernando Fraiha (La Vingança), o longa-metragem trabalha não apenas com a questão da obsessão, colocando esses personagens em uma perseguição obstinada pelo livro perfeito, como também analisa e reflete sobre os caminhos da criação literária — o que é verdade e o que é ficção nas histórias que nascem da mente de escritores.

Darío Grandinetti e Débora Falabella em cena de Bem-Vinda, Violeta! (Crédito: Vitrine Filmes)
Fraiha, ao Filmelier, conta que o convite para dirigir o longa-metragem partiu diretamente do produtor Rodrigo Teixeira, que estava procurando alguém para comandar a adaptação do romance Cordilheira, do autor brasileiro Daniel Galera. Ele explica que, após o convite, preparou a sua ideia de abordagem em apenas duas semanas. “Veio esse desejo de falar dessa seita de escritores que vão abandonando suas vidas e se tornam, aos poucos, seus próprios personagens”, contextualiza o diretor sobre sua ideia para o filme. “Tentei cruzar com as minhas experiências pessoais”.

Bem-Vinda, Violeta! e o cenário argentino

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Para essa história, além da adaptação e direção de Fernando, também tem muita importância o cenário da história. Tudo se passa nessa casa isolada — o ambiente, junto com a câmera de Fraiha, dão essa sensação de solidão misturada com o medo do vazio ao redor. O longa foi filmado em Ushuaia, na Patagônia argentina, e grande parte da história conta com diálogos em espanhol, exigindo que Débora Falabella (Avenida Brasil) usasse essa outra língua. “Já vivi na Argentina, mas foi há 20 anos. Então todo o espanhol que adquiri lá, perdi. Até porque nesse trabalho, trabalhava com brasileiros. Não era imersão total no espanhol. Também não continuei fazendo aulas. Então eu realmente tinha perdido o aprendizado, mas não a sonoridade. Foi um ponto facilitador”, contextualiza a atriz, sempre lembrada como a Nina da novela Avenida Brasil. “Mas tive que estudar. Sabendo do filme, estudei muito o roteiro, chamei uma amiga argentina pra me ajudar. Foi desafiador, mas é um desafio diferente de tudo que já fiz”. Além disso, sendo uma coprodução com a Argentina, Bem-Vinda, Violeta! também acaba trazendo atores argentinos de calibre. É o caso de Darío Grandinetti, conhecido por seus personagens em Relatos Selvagens e Vermelho Sol.
Bastidores das gravações do longa-metragem com Fernando Fraiha (Crédito: Vitrine Filmes)

Um processo criativo

Difícil, ao longo da história de Bem-Vinda, Violeta!, não pensar em meios de se desenvolver a criatividade e processo de criação literária. O longa-metragem vai além daqueles medos primários e avança para coisas ainda mais complicadas, como a questão da mistura de ficção e vida real — como a ótima dramédia Mais Estranho que a Ficção.

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E aí fica a pergunta: quem tem medo de colocar suas ideias no papel? “Não tenho medo da folha em branco. Tento sempre escrever, qualquer coisa, por pior que seja, sabendo que posso reescrever quando e como quiser. Me agarro nisso”, conta Fernando. “Quando é roteiro de cinema, quando é meio e não fim, é um plano de voo para outra obra, me agarro muito para a questão que é uma questão de transcrever. Não pode ficar na cabeça. E sempre tento reescrever. É algo presente. Mais medo do que a folha em branco é a folha que não pode ser editada, reescrita”.
Falabella, ao ser questionada sobre essa complicada questão de quando vida real e ficcional se cruzam, chama a atenção que sua personagem, na verdade, tinha Violeta apenas escondida, esperando a criação literária de Ana dar espaço para ela aflorar. “Eu faço praticamente duas personagens: a Ana e a personagem da ficção. Acho que essas duas personalidades já estavam na Ana, ela só deixa a Violeta aflorar”, diz a atriz brasileira ao Filmelier. “Isso é um prato cheio para um ator em cena, poder viver personagens com duas personalidades, com mudanças e nuances”.

Bem-Vinda, Violeta! já está em cartaz nos cinemas brasileiros. Clique aqui para comprar ingressos.

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Matheus Mans

Jornalista especializado em cultura e tecnologia, com seis anos de experiência. Já passou pelo Estadão, UOL, Yahoo e grandes sites, sempre falando de cinema, inovação e tecnologia. Hoje, é editor do Filmelier.

Escrito por
Matheus Mans

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