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“O racismo não acabou, apenas mudou de forma”, diz protagonista de ‘Herói da Liberdade’

Você pode nunca ter ouvido falar nesse nome, mas Shields Green talvez seja um dos personagens mais icônicos, poderosos e inspiradores da História dos Estados Unidos. Agora, ele ganha um filme para chamar de seu com ‘Herói da Liberdade‘, estreia no streaming na última semana em diversas plataformas. Com ecos de ‘Django Livre‘, o longa-metragem mostra detalhes da vida de Shields (Dayo Okeniyi): desde sua vingança violenta, passando pela fuga de senhores de escravos e até chegar na liderança de um movimento que pregava o fim da escravidão nos EUA.

Com isso, o filme dialoga com três tempos: o passado, quando fala sobre a jornada de Shields e como ele batalhou para sobreviver nos tempos da escravidão; o presente, quando faz o público refletir sobre como ainda há diálogos com o racismo estrutural que persiste; e o futuro, ao mostrar efeitos do racismo a médio e longo prazo na vida das pessoas. Foi com o âmago de transformação de Shields que os Estados Unidos começaram a mudar: cresceu o pensamento abolicionista, começou a Guerra Civil.

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A partir disso, fica a questão: como esse filme dialoga com o hoje, com o agora?
Dayo Okeniyi se entrega em ‘Herói da Liberdade’ como Shields Green (Crédito: Divulgação/Synapse)

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“É só dar uma olhada na CNN para ver como as coisas vão na América. O racismo é uma coisa que ainda não acabou, apenas mudou um pouco a sua forma. Contar essa história continua extremamente relevante”, contextualiza Dayo Okeniyi (‘Jogos Vorazes’), em entrevista exclusiva por vídeo ao Filmelier ao ser questionado sobre a importância da história.

Inspiração de ‘Herói da Liberdade’

Logo de cara, há um certo estranhamento ao ver quem está por trás do longa-metragem: Mark Amin. Ele é branco, mais velho. Tem uma longa carreira como produtor, assinando títulos como ‘Um Príncipe em Minha Vida’, ‘Poder Além da Vida’ e ‘Frida’. Também não é norte-americano — apesar da relação com os Estados Unidos que já se estendem por décadas, Amin nasceu no Irã. Por que ele quer contar essa história? Por que ele deve contar essa história? “Eu estava procurando contar uma história sobre um escravo fugitivo que teve sucesso e porque sou um aficionado por história. Fiquei realmente interessado na História americana, especialmente na Guerra Civil”, explica Amin ao Filmelier. “Você conhece a Primeira Guerra Mundial, a Segunda Guerra Mundial, mas poucas pessoas sabem sobre a Guerra Civil Americana. Fiquei realmente fascinado e acabei assistindo a muitos filmes sobre escravidão. E, naquele momento, antes de fazer ‘Herói da Liberdade’, percebi que quase todos os filmes de escravidão tinham a ver com o sofrimento, a tortura e a miséria dos escravos. Queria fazer algo diferente, queria um ‘Coração Valente‘ negro”.
Do outro lado, Dayo fala com todas as letras: este é um papel que ele sempre sonhou em interpretar. Para compor o personagem, que tem muitas passagens de sua vida perdida em memórias, livros e relatos desencontrados que dificultam a noção única e concreta de quem era Shields. “Você conhece uma pessoa da vida real que tinha muita convicção e que tomou decisões que mudaram, não apenas sua vida e a vida de todos ao seu redor, mas a vida das pessoas nas próximas gerações”, diz o ator. “É para isso que o filme é feito. Esse é o nível da narrativa”. Além disso, percebe-se que há uma preocupação em não transformar Shields em uma pessoa invencível, inquebrável. “A gente não queria criar um personagem que fosse um super-herói de desenho animado. Nós o queríamos baseado na realidade. Os aspectos heroicos do personagem vêm das decisões que ele toma”, explica. “Shields não é uma pessoa que simplesmente não tem medo. Ele sente medo, como eu e você. A diferença é que ele tem coragem”.

‘Herói da Liberdade’ está disponível no streaming. Se você se interessou, pode clicar aqui e ver mais detalhes do filme e encontrar os links para assistir online.

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Matheus Mans

Jornalista especializado em cultura e tecnologia, com seis anos de experiência. Já passou pelo Estadão, UOL, Yahoo e grandes sites, sempre falando de cinema, inovação e tecnologia. Hoje, é editor do Filmelier.

Escrito por
Matheus Mans

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