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Crítica: ‘Missão: Impossível – Acerto de Contas – Parte 1’ é mais um acerto de Tom Cruise

Quem dá uma olhada no cinema de ação de Tom Cruise, sempre vai encontrar vilões poderosos, mas que podem ser batidos. São vencíveis, passíveis de derrota. São seres humanos, como eu e você, enquanto o astro norte-americano é “a encarnação do caos”, “a manifestação da natureza”. Quase um sobre-humano. Por isso que Missão: Impossível – Acerto de Contas – Parte 1, novo filme protagonizado pelo astro que estreia nesta quinta-feira, 13, é tão espetacular.

Novamente dirigido por Christopher McQuarrie (Efeito Fallout), o longa-metragem coloca Cruise frente a frente com um perigo que não poderia ser mais real: a inteligência artificial. Aqui, o agente Ethan Hunt é chamado para encontrar duas partes de uma chave. O que ela abre? Ninguém sabe. A informação certa, na verdade, é que é essa chave que pode controlar essa inteligência artificial absolutamente poderosa, que pode invadir governos e até agências secretas.

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É um inimigo invisível que, apesar de ser materializado pela figura de Gabriel (Esai Morales), uma espécie de guardião da tecnologia, não pode ser derrotado com socos, pontapés e afins. Em essência, continua sendo um filme de MacGuffin, que é quando um personagem persegue um objeto para mover a história, mas que agora tem um inimigo por trás que se esvai no ar. É Tom Cruise contra todos, contra o invisível, contra aquela criatura que está em todo lugar.

‘Missão: Impossível 7’ é bom?

Com isso, mesmo tendo um fiapo de história escrita por Erik Jendresen (Irmãos de Guerra) e Christopher McQuarrie, Missão: Impossível – Acerto de Contas – Parte 1 tem uma das histórias mais envolventes da franquia. Afinal, pela primeira vez, Hunt está em perigo absoluto. Está fragilizado. Ainda que o vilão de Philip Seymour Hoffman em Missão: Impossível 3 continue com o posto de mais ameaçador, é a Entidade que mais deixa Hunt à mercê do perigo.
Tom Cruise e Rebecca Ferguson estão de volta em ‘Missão: Impossível 7’ (Crédito: Paramount Pictures)
Automaticamente, o longa-metragem ganha um tom de urgência acima da média. Com mais de 2h40 de duração, Missão: Impossível – Acerto de Contas – Parte 1 quase nunca deixa a peteca cair: com essa necessidade de correr contra o tempo sempre, como se existisse uma bomba armada sem parar, o espectador fica na ponta da cadeira sempre esperando uma resolução que não chega tão facilmente — afinal, lembre-se que esta é apenas a parte um. Junto com isso, o longa-metragem ainda tem uma ação sob medida e que deixa qualquer outro filme do gênero babando de inveja. Uma perseguição na Itália, que traz quase a mesma essência da sequência no país europeu em Velozes e Furiosos 10, é uma aula de como dirigir uma corrida de carros: sem excessos de planos focados nas rodas e no câmbio, mas no ambiente e até no semblante dos personagens. A cena da batida, logo no início, é marcante. E o ritmo vai só crescendo. Missão: Impossível – Acerto de Contas – Parte 1 apresenta a melhor cena da franquia em um trem, envolvendo o malfadado episódio da ponte polonesa, quando um trem fica pendurado em um desfiladeiro. Além de Tom Cruise protagonizar uma cena insana pouco antes, em que realmente pulou de uma moto no ar, essa cena em específico tem uma fisicalidade desesperadora, em que quase não encontramos tempo para respirar.
Muito desse bom resultado nasce, é claro, também a partir da boa entrega do elenco. Ainda que Ving Rhames e Simon Pegg estejam menos presentes aqui, assim como Ferguson, a parceria com Tom Cruise surge na figura de Grace (Hayley Atwell), uma ladra que entra em rota de colisão contra a Entidade quase sem querer. Atwell, sempre lembrada por seu papel como agente Carter, está brilhante: divertida, mas ainda assim com bom desempenho nas cenas de ação mais eletrizantes. Além disso, ignorante do que está acontecendo, se torna quase que uma confidente do público.

Os deslizes de ‘Missão: Impossível 7’

O único problema surge na figura de Esai Morales (La Bamba). Difícil entender o que a direção de elenco e produtores viram no ator para o papel de representação da Entidade. Ele não consegue passar verdade, tampouco ameaça. Além disso, o filme peca em alguns outros pequenos momentos. É o caso da necessidade, nos 30 minutos iniciais, em apresentar três vezes a missão do filme — uma naquela tradicional convocação de Ethan Hunt, outra com figurões do governo norte-americano e uma última com os parceiros do protagonista. Não faz sentido algum revisitar a mesma coisa tantas vezes em um espaço tão curto de tempo. O público conseguiu entender e isso só deixa tudo cansativo.
Hayley Atwell já é uma das melhores adições da franquia (Crédito: Paramount Pictures)
Outra inflexão vem ali, no segundo ato, quando Hunt se reencontra com Viúva Branca (Vanessa Kirby, de Pieces of a Woman). É feita uma reunião dos personagens, deixando claro como a missão vai seguir a partir dali, que é uma confusão só. Gabriel, o personagem de Morales, simplesmente surge com uma exigência que não é contextualizada de forma alguma. Só é jogada. Além disso, parece que o roteiro ficou com preguiça de mostrar a movimentação das chaves que controlam a tal inteligência artificial. Essa reunião parece que é o momento ideal para correr no banheiro.

Ainda assim, um dos melhores de ‘Missão: Impossível’

Essas escorregadas de roteiro, ainda que impeçam o filme de ser o melhor da saga até agora, não chegam nem perto de diminuir a qualidade do longa-metragem. Missão: Impossível – Acerto de Contas – Parte 1 consegue deixar qualquer espectador absorto na história, muitas vezes sentado na ponta da cadeira, torcendo pelos personagens na tela. Em tempos em que Hollywood cheira a mofo, com fracassos sucessivos de bilheteria, Missão: Impossível – Acerto de Contas – Parte 1 mostra que há espaço para filmes bem feitos, que realmente empolgam as audiências, e que trazem algum elemento que justifique a ida ao cinema. Ainda há de se descobrir se vai bem de bilheteria, em um ano que tudo está naufragando, mas fica a sensação de que Tom Cruise pode ser de novo “a salvação de Hollywood”.

Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte Um chega aos cinemas em 13 de julho. Clique aqui para comprar ingressos na pré-venda.

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Matheus Mans

Jornalista especializado em cultura e tecnologia, com seis anos de experiência. Já passou pelo Estadão, UOL, Yahoo e grandes sites, sempre falando de cinema, inovação e tecnologia. Hoje, é editor do Filmelier.

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