Mercado de streaming

Para analistas, surto do novo coronavírus impulsiona consumo global de streaming

O COVID-19 (anteriormente conhecido como “novo coronavírus”) está causando mortes e pânico em todo o mundo. Ainda que o índice de mortalidade seja menor que o de outras doenças respiratórias, não há um tratamento médico ou vacina eficaz até o momento. Em dados atualizados até hoje (28), são 83.790 casos em todo o mundo – com 2.859 mortes registradas. Antes restrito à China, pacientes com o vírus já foram diagnosticados em todos os continentes habitados.

Como reflexo do surto, o mercado financeiro está no vermelho, com os índices das bolsas registrando perdas e o real se desvalorizando frente ao dólar. Porém, um setor da indústria do entretenimento pode acabar beneficiado: o do streaming.

Sede da Netflix em Los Gatos, Califórnia (crédito: divulgação / Netflix)
A Variety, uma das principais publicações dos Estados Unidos sobre o mercado do entretenimento, ouviu alguns especialistas do setor financeiro, que foram taxativos: a Netflix, principal expoente do video on demand, deve sair ganhando. “[A empresa] é uma óbvia beneficiada se os consumidores ficarem em casa por causa das preocupações com o coronavírus, e isso tem se refletido no bom desempenho das ações nesta semana”, comentou o analista Dan Salmon, da BMO Capital Market, em nota publicada nesta sexta.

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Até o momento, as ações da Netflix acumulam uma alta de 0,8% desde segunda. Já o índice S&P 500, um dos principais da bolsa de Nova York, acumula uma queda de 8,3% na semana até o fechamento na quinta . “Se o contágio se tornar mais espalhado internacionalmente, junto com algum pânico, mais pessoas vão buscar entretenimento em casa”, comentou Neil Begley, analista da Moody’s, em relatório de janeiro passado. Isso inclui companhias como Facebook e Amazon – ou até que fornecem ferramentas de trabalho remoto, como o Slack. Em todos os casos, são serviços que vão ganhar mais impulso com as pessoas em casa, seja por quarentena ou pelo medo de visitar lugares com grandes aglomerações.
Uma das salas da rede Cinemark (crédito: divulgação / Cinemark)
Por outro lado, o momento é ruim para redes de cinema e grandes distribuidores. Desde sexta passada (21), as ações de Walt Disney Company – grupo que tem o Disney+, mas do qual parte das maiores receitas ainda vêm dos parques e dos cinemas – caíram cerca de 15%. O Cinemark, exibidor americano com presença em diversos países, inclusive no Brasil, teve uma queda de 20% nas ações no mesmo período. Já na China, os cinemas estão fechados desde meados de janeiro, informa The Hollywood Reporter. O país tem o segundo maior mercado exibidor do mundo e o período, com o Ano-Novo chinês, representa as maiores bilheterias do ano. Ainda que pese que uma semana nunca é igual a outra, houve uma queda de 34% na bilheteria dos EUA no último fim de semana – de US$ 155 milhões para 102 milhões. O novo ‘O Homem Invisível’, com Elizabeth Moss, é a grande estreia desta semana nos cinemas em diversos países (inclusive no Brasil), e espera-se um começo lento para o filme justamente por conta do surto do COVID-19. Por aqui, o primeiro caso do novo coronavírus no nosso país foi divulgado na última terça (25). Eventuais efeitos do pânico provocado pelo surto devem ser sentidos a partir deste fim de semana.
Renan Martins Frade

Jornalista especializado em cinema, TV, streaming e entretenimento. Foi por 11 anos editor do Judão e escreveu para veículos como UOL, Superinteressante e Mundo dos Super-Heróis. Também trabalhou com a comunicação corporativa da Netflix. Foi editor-chefe do Filmelier.

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