Paulo Gustavo, de ‘Minha Mãe é uma Peça’, morre aos 42 anos
O ator, diretor e roteirista Paulo Gustavo morreu na noite desta terça-feira, 4, vítima de complicações da covid-19. Criador de ‘Minha Mãe é uma Peça’, ele estava internado desde 13 de março, quando começou a ter uma piora no quadro da infecção causada pelo novo coronavírus. Desde então, passou por diversos tratamentos, mas não resistiu e teve a morte cerebral confirmada. Paulo deixa os pais, marido e dois filhos.
“Espero poder passar um pouco do seu legado de generosidade, afeto, alegria e amor. Você é um furacão! Uma estrela que brilhou muito aqui na Terra, e vai brilhar ainda mais no céu, olhando pela nossa família sempre!”, escreveu o marido de Paulo, Thales Bretas, no Instagram. “Eu te amo tanto… e sempre te amarei, pro resto da minha vida! Não consigo escrever um centésimo do quanto você foi e é importante pra mim e pro mundo. E continuará sendo, eternamente…”.
Paulo Gustavo sempre foi conhecido pelo humor certeiro e improvisações em cena. Sua projeção nacional começou em 2004, nos teatros, com a peça ‘Surto’, quando apresentou a personagem Dona Hermínia — inspirada em sua mãe, Déa Lúcia. Foi em 2006 que ‘Minha Mãe é uma Peça’ ganhou vida própria nos palcos, sucesso instantâneo com observações do dia a dia.
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Em 2013, enfim, a peça de autoria de Paulo Gustavo foi para as telonas. Sob a batuta do diretor André Pellenz, o longa-metragem se tornou um sucesso absoluto de bilheteria. Arrecadou R$45,8 milhões. Para efeito de comparação, ‘De Pernas pro Ar 2’, segundo filme brasileiro com maior bilheteria em 2013, arrecadou R$ 44 milhões. Paulo Gustavo se consagrou.
Carreira de Paulo Gustavo
Depois disso, sua atenção profissional se dividiu entre a franquia de filmes ‘Minha Mãe é uma Peça’ e as duas produções da história de ‘Os Homens São de Marte e é pra Lá que eu Vou’, da amiga Mônica Martelli. Além disso, continuou com apresentações no teatro com as peças ‘220 Volts’ e ‘Online’, nas quais interpreta vários personagens e mostra a versatilidade em cena. A última aparição de Paulo Gustavo nas telonas foi justamente com ‘Minha Mãe é uma Peça 3’, lançado em 2019. Na história, Dona Hermínia precisa lidar com o crescimento dos filhos, que estão casando e saindo de casa. É o momento de amadurecimento da família como um todo. Ao final do filme, ainda há uma emocionante homenagem de Paulo à mãe e sua família. Vendo em retrospecto, a conclusão de ‘Minha Mãe é uma Peça 3’ pode ser interpretada como a própria despedida de Paulo Gustavo. Cheio de amigos e de fãs, o ator teve uma vida repleta — amou, foi amado e, acima de tudo, fez o Brasil rir até mesmo em momentos delicados do nosso país. É triste que ele parta em um período obscuro, em que há pouco a ser celebrado.
Talvez seja o momento de relembrarmos a principal mensagem em seus filmes e peças: valorizar os amigos, a família, os pais, os mais próximos. Paulo Gustavo sempre mostrou ter orgulho dos filhos, do marido e dos pais. De ser quem é. Hoje, o Brasil está enfrentando um esfacelamento total de famílias por conta da covid-19. Mais do que nunca, precisamos amar aos próximos, assim como Paulo Gustavo sempre fez em seus filmes. “O que importa é que a gente nunca vai se perder. Aqui tem amor. A gente sofre junto, passa perrengue junto. Quando eu olho pra vocês, vejo que deu certo. Que valeu todo meu esforço. O que vocês precisarem, estou aqui”, diz Dona Hermínia, em um emocionado discurso final de ‘Minha Mãe é uma Peça 3’. É hora de lembrarmos que, mesmo sem Paulo Gustavo, sua graça e seu riso soltam continuam vivos por meio do cinema. Ele continua aqui.
Jornalista especializado em cultura e tecnologia, com seis anos de experiência. Já passou pelo Estadão, UOL, Yahoo e grandes sites, sempre falando de cinema, inovação e tecnologia. Hoje, é editor do Filmelier.