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“É um filme sobre amor”, diz Danton Mello sobre ‘Predestinado’

Você pode não lembrar desse nome, mas Zé Arigó já foi uma verdadeira celebridade no Brasil, dividindo espaço nas manchetes com Pelé e Juscelino Kubitscheck. Mas ele não era político, jogador de futebol ou cantor que lotava estádios. Zé era médium. Em sua pequena cidade mineira de Congonhas, lotava a casa em que atendia com pessoas em busca de cura e das famosas cirurgias espirituais, que fazia quando estava com Dr. Fritz encarnado. Agora, sua história ganha as telas com ‘Predestinado’, filme em cartaz nos cinemas

Dirigido por Gustavo Fernández (das novelas ‘Cordel Encantado’, ‘Avenida Brasil’), o longa-metragem conta a história de Arigó (Danton Mello) de olho na complexidade de sua história. Por um lado, o próprio drama desse homem simples, no interior de Minas no século passado, precisando lidar com suas habilidades como médium. Por outro, o preconceito que enfrentou e como a Igreja, na figura de um padre (Marcos Caruso), reagiu. E, por fim, a relação com a esposa Arlete (Juliana Paes), católica e não espírita, nesse período.
Cena com Arlete (Paes) e Arigó (Mello) em ‘Predestinado’ (Crédito: Imagem Filmes)

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“A gente queria contar a história desse homem que foi tão importante e que, hoje, já não é lembrado por boa parte dos jovens de Congonhas. Na minha pesquisa de roteiro, andei por lá, entrava nos lugares perguntando sobre Arigó e muitos não sabiam me dizer quem ele era”, conta Jacqueline Vargas, a roteirista de ‘Predestinado’. “Além disso, a gente queria fazer algo que também fosse entretenimento. Que não fosse algo didático sobre a vida dele. Aí achamos esse drama e o lado muito humano de Arigó. O homem que amava, que tinha medo de escuro, com seus problemas”.

Gravação de ‘Predestinado’

Curioso notar como Danton e Juliana passaram por uma intensa transformação na hora de viver seus personagens. Ele tinha um desafio natural: Zé, quando estava encarnado, virava outra pessoa. Mudava a postura, a forma de falar. São dois papéis em um só: de Zé Arigó, esse homem simples e bondoso, que tomava todo o cuidado na hora de falar e se aproximar de alguém; e o do Dr. Fritz, esse médico que diversos cirurgiões psíquicos já atribuíram ao espírito que alegaram incorporar. Como Danton Mello lidou com esse desafio? “Confiei muito na direção do Gustavo. Li muito o roteiro, mergulhei de verdade na história e conversei muito com meu diretor. Gosto muito dessa parceria, dessa troca. Esse é meu jeito de trabalhar. Mas realmente não foi fácil. São dois personagens em cena, mudo até a postura”, conta Danton, emocionado, ao Filmelier. “Acredito que o amor é a grande mensagem desse filme. Aceitar as diferenças é isso: amor. É um filme sobre amor para as pessoas, independente de suas crenças”. Já Juliana Paes surpreende um pouco menos, logo de cara, por ser uma personagem que se despe de vaidades como foi com Maria Marruá — sua personagem da novela Pantanal. Mas, aos poucos, vai mostrando como se entregou de corpo e alma à personagem: Arlete é a conexão do público com a história. Enquanto Zé Arigó tem certo distanciamento natural, principalmente por conta de toda a história que o acompanha, sua esposa é mais pé no chão, mais verdade, mais amor. É a personagem que vai além da religião e alcança a fé.

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“Tive a sorte de fazer primeiro a Arlete e depois a Maria Marruá. São personagens que me colocam com os pés no chão, são fortes”, comenta a atriz ao Filmelier. Ela, assim como Danton, também segue pelo caminho de que ‘Predestinado’ não é apenas sobre espiritismo, mas sobre fé. “É um filme que não tem a pretensão de convencer as pessoas. Mas, se existe qualquer pretensão, é que a intolerância religiosa diminua. Cada um experimenta a fé do seu jeito, da sua maneira. É algo inerente ao ser humano”.

Lançamento adiado

Apesar da boa trama, da produção interessante e das atuações que te colocam dentro da história, há um incômodo em ‘Predestinado’ que não dá para ignorar: o momento em que ele é lançado. Ainda que o elenco e a equipe celebrem o lançamento, dá para perceber que o filme envelheceu mal: ele foi gravado há quatro anos, em 2018, e deveria ter sido lançado dois anos depois, em 2020. Não deu. Por conta da pandemia, seguraram a estreia ao máximo até se sentirem confortáveis em colocar nas telas agora, em setembro de 2022. São dois os problemas. Primeiramente, a questão envolvendo João de Deus — ele era a referência de médium que encarnava Dr. Fritz antes das acusações de abuso sexual. Além disso, há toda a questão do negacionismo. Por conta da pandemia, o uso da fé e da religião para curar no lugar da ciência se tornou incômodo. É o pastor falando que não precisa tomar vacina. É, no caso da história de Zé Arigó, fazendo a cirurgia e dizendo que não precisa mais se preocupar com o câncer. Ou a cruz na testa que cura uma enfermidade. Questionado sobre essa questão do negacionismo que ronda fé e saúde hoje em dia, o produtor Roberto D’Ávilla justificou. “Acredito que é um filme que chega em um momento especial, após a pandemia, em que as pessoas estão em busca dessa espiritualidade, dessa fé”, contextualiza o produtor. “Acredito que o filme chega no momento certo”.

‘Predestinado’ está nos cinemas. Se você quiser saber mais sobre o filme ou encontrar o link para comprar ingressos, clique aqui.

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Matheus Mans

Jornalista especializado em cultura e tecnologia, com seis anos de experiência. Já passou pelo Estadão, UOL, Yahoo e grandes sites, sempre falando de cinema, inovação e tecnologia. Hoje, é editor do Filmelier.

Escrito por
Matheus Mans

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