Crítica de 'Renfield: Dando o Sangue pelo Chefe': boas intenções

‘Renfield: Dando o Sangue pelo Chefe’ tem uma premissa divertida que se dilui em seu desejo de ser muitas coisas ao mesmo tempo

Lalo Ortega | 27/04/2023 às 17:39 - Atualizado em: 03/05/2023 às 18:42


Drácula é talvez o monstro cinematográfico por excelência. Monumental em tal nível que foi representado de infinitas formas e versões na tela, e ofuscou muitos outros aspectos de seu mito. É por isso que a premissa de Renfield: Dando o Sangue pelo Chefe - nos cinemas a partir de hoje, 27 de abril - é refrescante desde o início.

A ideia de ver o servo do vampiro tentando abandonar a relação viciada de co-dependência com seu mestre chamou a atenção desde o anúncio da produção - com nada menos do que Nicolas Cage no papel do vilão. Não é à toa que o filme se tornou um dos mais esperados de 2023 no gênero de terror.

Com direção de Chris McKay (Lego Batman: o Filme) e roteiro de Ryan Ridley (Rick e Morty), Renfield parecia ter tudo para ser uma bomba de comédia. No entanto, a execução leva a história em muitas direções ao mesmo tempo, o que dilui o poder de uma premissa que, infelizmente, também não parecia dar muito espaço.

Ecos dos Clássicos

O aspecto mais divertido de Renfield: Dando o Sangue pelo Chefe, pelo menos no começo, é que ele pega os elementos mais populares do mito de Drácula e os leva em direções mais loucas e violentas em uma história situada no século XXI.

O prólogo do filme - replicando o estilo clássico de Drácula com Bela Lugosi - nos explica o que já sabemos sobre o personagem: que R. M. Renfield (Nicholas Hoult) é seduzido pelo Conde Drácula e, ao se tornar seu familiar, é obrigado a servi-lo. Mas quanto tempo isso pode durar?

Cena do filme Renfield
Nicolas Cage é, de longe, o melhor do filme (Crédito: Universal Pictures)

Décadas depois, já em nosso tempo, os excessos de Drácula condenaram a dupla a se refugiar em um hotel abandonado e maltrapilho. Para recuperar suas forças, o vampiro depende totalmente de seu servo para encontrar vítimas inocentes, cujo sangue o ajudará a recuperar suas forças.

No entanto, nessa busca, Renfield cruza o caminho de Rebecca Quincy (Awkwafina), uma policial de trânsito que quer fazer a sua parte para deter o crime em sua cidade. Ao encontrar essa oportunidade de fazer o bem e com a influência de um grupo de apoio, o servo de Drácula começa a tomar medidas para abandonar seu mestre, o que parece fácil.

Até aí tudo bem: o caminho de Renfield em direção à redenção, bem delineado pelo roteiro, oferece momentos muito engraçados, com Nicholas Hoult dotando o personagem dessa qualidade tímida e submissa, mas bem-intencionada - um contraponto maravilhoso para a atuação excepcionalmente "cageiana" de sua coestrela, Nicolas Cage.

Dito isso, a maioria desses momentos pode ser encontrada no trailer. O restante do filme é abarcado pelas tentativas desta produção de ser algo mais: um filme de super-heróis.

Devaneios de super-herói

Outro elemento adotado por Renfield é a violência extrema com fins cômicos. Vemos corpos explodindo, cabeças rolando e membros voando com um descaramento que faria corar o Drácula de Francis Ford Coppola.

O recurso acaba se diluindo, no entanto, na segunda subtrama do filme: ao encontrar bondade em si mesmo pela compaixão com seus colegas do grupo de apoio, Renfield se torna uma espécie de justiceiro. Em vez de ir pela cidade capturando vítimas inocentes para Drácula, ele passa as noites punindo aqueles que abusam de seus companheiros.

Isso acaba escalando quando ele conhece a oficial Quincy e se envolve em sua luta contra a corrupção policial e a máfia mais poderosa da cidade. Desenvolve-se então uma história que inclui a irmã de Quincy no FBI e a máfia se aliando com Drácula.

A ação em Renfield cansa muito rápido (Crédito: Universal Pictures)

O resultado é que, por um lado, Renfield tenta ser uma comédia de terror - a faceta em que tem mais sucesso. Por outro lado, também quer misturar elementos de um thriller criminal com sequências de ação violentas, no puro estilo de um filme de super-heróis para adultos.

Só que (e além de erros básicos e desconcertantes de edição, coreografia e manejo do espaço nessas sequências de combate) o roteiro se desvia em sua segunda faceta. A premissa de um servo tentando escapar de seu amo se dilui e, apesar de seu tempo de execução mal ultrapassar uma hora e meia, acaba se sentindo cansativo, inflado por sequências de ação que não são especialmente memoráveis.

Em conclusão, Renfield desperdiça seu potencial para ser realmente legal por sua crise de identidade. Mas há coisas divertidas nela para os fãs de Drácula, dos monstros clássicos da Universal e, sobretudo, das delirantes atuações de Nicolas Cage.

Sobre o que é Renfield?

Confira a sinopse oficial da Universal Pictures:

Renfield é forçado a capturar presas para seu mestre, Drácula, e cumprir todas as suas ordens, não importa o quão degradado. Mas agora, após séculos de servidão, Renfield está pronto para ver se há uma vida fora da sombra do Príncipe das Trevas. Se ao menos ele pudesse descobrir como acabar com sua co-dependência.

Confira o trailer legendado de Renfield:

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Lalo Ortega
Lalo Ortega

Lalo Ortega é um crítico mexicano de cinema. Já escreveu para publicações como EMPIRE em español, Cine PREMIERE, La Estatuilla e mais. Hoje, é editor-chefe do Filmelier.

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