O diretor Taika Waititi assume seu segundo longa-metragem do Deus do Trovão e, novamente, faz um ótimo trabalho – que, somado a um grande elenco, consegue trazer autenticidade e humor, algo que já tinha sido apresentado em ‘Thor: Ragnarok’.
Estrelado por Chris Hemsworth, Natalie Portman, Tessa Thompson e com o próprio Taika dando voz ao Korg, ‘Thor: Amor e Trovão’ é a dose de comédia romântica dentro do mundo dos super-heróis. Não importa quem você seja, ninguém quer ficar sozinho – muito menos se você for um deus nórdico emotivo.
Há uns anos, a Marvel está pavimentando, de forma tardia, a representatividade – que tem sido um elemento significativo (no cinema como um todo, inclusive) desde ‘Pantera Negra’, de 2018. A produção, ganhadora de três estatuetas do Oscar, é uma das mais impactantes do mundo dos heróis não só pela história e visual, mas também por sua essência. É um filme poderoso e extremamente importante. Um ano depois, ‘Capitã Marvel’ teve mais um impacto considerável – pelo menos para as meninas, hoje mulheres, que cresceram com apenas representatividade masculina quando o assunto são super-heróis. Com Brie Larson, o longa não agradou muita gente, mas, apesar disso, tem seu lugar de relevância. Neste cenário houve também ‘Viúva Negra’, que tem um time de mulheres incríveis formado por Scarlett Johansson, Florence Pugh e Rachel Weisz. A produção pode não ser das melhores, mas Natasha Romanoff merecia ser a protagonista de sua própria narrativa e a irmã dela, Yelena Belova (Pugh), foi uma ótima introdução ao Universo Marvel dos cinemas.
E chegamos a ‘Eternos’, que foi o grande acerto de representatividade de toda a Marvel. O longa tem uma chinesa na direção, a ganhadora do Oscar Chloé Zhao; o primeiro super-herói LGBTQIA+ do estúdio; a primeira personagem (e atriz) deficiente auditiva; e, além de tudo, traz diversas etnias entre os protagonistas. Saltando para 2022, a Marvel Studios continua trabalhando a inclusão, especificamente a feminina. No momento, temos a série ‘Ms. Marvel’, do Disney+ e estrelada por Iman Vellani, uma atriz paquistanês-canadense. Além disso, tivemos recentemente as aventuras da Kate Bishop em ‘Gavião Arqueiro’ e America Chavez, interpretada por Xochitl Gomez (que tem ascendência mexicana), fazendo sua estreia em ‘Doutor Estranho no Multiverso da Loucura’. No caso de ‘Thor: Amor e Trovão’, antes mesmo do lançamento era um fato notório que Jane Foster (Portman, que retorna ao MCU após anos de ausência) seria uma nova versão de Thor – nada de Lady Thor, mas sim a Poderosa Thor. Sem dar nenhum spoiler, Jane é de fato importante para dar continuidade à história e é ótimo vê-la lutando ao lado do Thor de igual para igual. Até então, as únicas personagem femininas poderosíssimas que conhecemos no MCU eram a própria Capitã Marvel e a Feiticeira Escarlate. Nos últimos anos, as mulheres ganharam muito destaque no MCU e isso tende a continuar com Letitia Wright, a Shuri, em ‘Pantera Negra: Wakanda Para Sempre’, que chega aos cinemas em novembro; Tatiana Maslany como She-Hulk; Teyonah Parris como Monica Rambeau, a Spectrum; Gemma Chun como Sersi na continuação de ‘Eternos’; Evangeline Lilly como a Vespa, ao lado do Homem-Formiga… Bom, a lista só cresce.
Personagens queer que não se limitam a isso
A Poderosa Thor não é o único elo relevante do longa. A Valquíria de Tessa Thompson, apresentada em ‘Thor: Ragnarok’, continua roubando a cena e pelos motivos certos. Ainda em 2017 já tinha sido apontado que ela era uma personagem LGBTQIA+ que não se limita a isso – e nem aos estereótipos. Em ‘Amor e Trovão’, a Brunnhilde, Rainha da Nova Asgard, é bissexual e tem diálogos abertos sobre isso. Um deles é com Korg, que também é assumidamente queer apesar de se tratar de um alienígena. Representatividade importa independente da onde você é, certo?! No entanto, a sexualidade da Valquíria é algo que acaba sendo ainda maior que a própria heroína. Recentemente, Tessa Thompson falou sobre isso em entrevista ao Yahoo! Entertainment.
“Nós falamos muito disso. Na verdade, é um grande tópico de discussão pois há uma vontade muito grande do público em ver personagens serem explicitamente queer ou LGBTQIA+ nesses espaços. E eu acho que é imensamente importante ter representatividade”, explicou. “E também, eu acredito, que como seres humanos, não somos definidos pela nossa sexualidade ou por quem amamos. Então, algumas vezes eu acho que investir toda uma narrativa nisso é uma maneira de restringir a humanidade da personagem, por que você não permite que ela seja mais nada além disso”, completou Thompson. ‘Thor: Amor e Trovão’ consegue encaixar muito bem essa citação da atriz. Tanto Brunnhilde quanto Korg, são semideusas ou extraterrestres, muito mais complexos e maiores que suas orientações sexuais. E, é importante ressaltar, o filme aborda isso de uma forma muito natural e ainda consegue trazer importantes mensagens.