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‘Vai Ter Troco’ faz rir a partir dos efeitos da corrupção no Brasil

Geralmente, quando falamos em casos de corrupção, pensamos apenas no agente — aquele político ou empresário que esteve diretamente envolvido no crime. Mas como ficam os efeitos ao redor do criminoso? Como fica o ambiente do corruptor? É sobre isso, a partir do ângulo da comédia, que fala o filme Vai Ter Troco, estreia desta quinta-feira, 17.

Dirigido por Maurício Eça (A Menina que Matou os Pais, Barraco de Família), o longa-metragem lembra um pouco a história de Três Verões, além de ter a essência de Que Horas Ela Volta? — no entanto, como uma comédia escrachada que não tem medo de fazer rir. Afinal, no centro da história estão Tonha (Evelyn Castro), Nivaldo (Edmilson Filho) e Zildete (Nany People), empregados de um corrupto (Marcos Veras) que penam quando o chefe é preso e perde tudo.

Diane Maia, produtora do longa, conta que tudo isso nasceu antes mesmo de Três Verões, mas logo percebeu como a história — adaptada do filme panamenho Chance — era atual. “Comprei os direitos em 2012 e começamos a trabalhar no roteiro só em 2015 para filmarmos em 2018 e 2019”, conta a produtora ao Filmelier. “É um filme que infelizmente e felizmente está atual, questionando elementos da sociedade brasileira que sempre precisam ser questionados”.
Afonso continua mandando e desmandando — mesmo sem dinheiro ou credibilidade (Crédito: Star Distribution)

Elenco é o diferencial de Vai Ter Troco

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Dentro dessa história, que traz elementos que fazem o público pensar sobre a sociedade brasileira e efeitos ainda mais imediatos da corrupção, há espaço de sobra para rir com os personagens. Zildete faz humor a partir das visões que tem do cantor Falcão. Nivaldo, de sua história na noite. Já Tonha, interpretada brilhantemente por Evelyn Castro (do Porta dos Fundos), é um desses alicerces: a personagem se mostra bastante simples em cena, mas com muito humor. “A gente realmente conhece muitas Tonhas por aí”, diz Evelyn em entrevista por vídeo ao Filmelier. “Quando começamos a falar sobre Vai ter Troco, comecei a observar essas mulheres no metrô, nos pontos de ônibus. E também fui buscar essa identidade dentro de mim de alguma forma. Procuro achar um lugar que a gente se encontra. Ela está em todas mulheres de alguma forma, principalmente a gente que vem do subúrbio carioca com Tonhas na família. Eu também faço mil coisas ao mesmo tempo: faço o feijão, faço maquiagem, levo o meu filho para a escola. É a Tonha”.

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Curiosamente, porém, também é possível encontrar graça até nos personagens corruptos. Marcos Veras faz um tipo estranho para dar vida ao corrupto Afonso. “Ele é quase um tipo psicopata, que está todos os dias nos jornais”, resume ao Filmelier, que divide cena com Saulo Laranjeira, o eterno João Plenário. “Eu gosto quando a comédia traz algo além do simplesmente fazer rir. É essencial trazer questões sociais. Fico feliz quando a comédia acontece dessa maneira”.

Vai Ter Troco, para pensar a sociedade brasileira

Seguindo essa premissa de Marcos, o filme conta com alguns outros pontos que refletem isso — e que vão além de toda essa questão dos efeitos da corrupção no Brasil. Pra começar, a Tonha tem um filho na trama que se comunica por meio da linguagem de sinais. “Fiz laboratório e aprendi a usar a linguagem de sinais para o filme”, conta a atriz, que ainda tem uma bonita cena em que canta uma música para o menino apenas usando a linguagem de LIBRA. Além disso, o filme, assim tira esses personagens essenciais da invisibilidade. “É também onde eu me encontro sendo uma mulher que não é padrão, que demorei para chegar onde cheguei — assim como é com Nany People”, diz Evelyn. “A Tonha está neste lugar também. Somos invisíveis muitas vezes e demorei para ser vista, ser ouvida e ainda é difícil. Como conseguir isso em uma sociedade patriarcal? Tem que persistir. É a Tonha que vive dentro de mim”.

Vai ter Troco estreia nos cinemas nesta quinta-feira. Clique aqui para comprar ingressos.

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Matheus Mans

Jornalista especializado em cultura e tecnologia, com seis anos de experiência. Já passou pelo Estadão, UOL, Yahoo e grandes sites, sempre falando de cinema, inovação e tecnologia. Hoje, é editor do Filmelier.

Escrito por
Matheus Mans

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