‘Yes, God, Yes’ e o tabu do orgasmo e da masturbação feminina no cinema ‘Yes, God, Yes’ e o tabu do orgasmo e da masturbação feminina no cinema

‘Yes, God, Yes’ e o tabu do orgasmo e da masturbação feminina no cinema

Em entrevista exclusiva com o Filmelier, a diretora Karen Maine fala sobre o filme ‘Yes, God, Yes’, que é estrelado por Natalia Dyer, e a importância de discutir a sexualidade feminina no cinema

12 de fevereiro de 2021 11:14
- Atualizado em 9 de março de 2021 20:44

Masturbação feminina. Tema que ainda é tabu na sociedade e, consequentemente, ignorado no cinema. E foi justamente esse assunto que a diretora Karen Maine escolheu para tratar no filme ‘Yes, God, Yes’, estrelado por Natalia Dyer (de ‘Stranger Things’) e que acaba de chegar às plataformas online brasileiras. Em entrevista exclusiva ao Filmelier, Maine conversou mais sobre a produção – e revelou: “é baseado na minha própria educação”.

O longa fala sobre uma adolescente que estuda em um colégio católico e descobre sua sexualidade, por meio da masturbação, e teme que esteja pecando. Karen Maine, que foi co-roteirista da comédia indie ‘Obvious Child’, também assina o roteiro

Com um humor único, traço bem forte também no curta que leva o mesmo nome, ‘Yes, God, Yes’ é um filme importante por tratar de um tema que, por mais que seja pouco falado no cinema, é bastante relevante para a liberdade sexual feminina. A história tem como base a experiência da diretora, que também frequentou uma escola religiosa.

Natalia Dyer (‘Stranger Things’) é a protagonista de ‘Yes, God, Yes’ (Foto: Divulgação / Synapse Distribution)

“Além deste filme, masturbação e sexualidade, eu acredito que quando você é um diretor, especialmente uma diretora feminina tem a responsabilidade de retratar as mulheres como elas realmente são e isso transcende masturbação e sexualidade”, explica a cineasta americana.

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“A ideia é apenas contar como as mulheres agem em seu cotidiano e eu acho que isso é interessante tanto em ‘Obvious Child’, quanto em ‘Yes, God, Yes’, ambos mostram mulheres como elas são. Enquanto uma é um moça confusa que precisa de um aborto e não se sente mal por isso, a outra é uma adolescente descobrindo sua sexualidade, o que a princípio parece algo ruim e depois entende que [a masturbação feminina] é algo aceitável”, contou a diretora sobre seus dois roteiros.

A falta de filmes sobre sexo e a masturbação feminina

Maine ainda completa que acha que a falta de conteúdos sobre sexo com foco em mulheres, incluindo aí a masturbação feminina, acaba aumentando o tabu que já existe em torno disso. Afinal, segundo a ideia cristã, sexo é apenas para procriar e para que isso aconteça não é preciso que a mulher sinta prazer.

“Só me ensinaram sobre orgasmos masculinos nas aulas de educação sexual porque eles são necessários para a procriação. Então, orgasmos femininos não são citados, logo tem o prazer feminino pois não fazem parte de ideia de fazer bebês. Grande parte das mulheres descobrem isso sozinhas e claro que naturalmente se envergonham e se sentem culpadas com isso, o que as impede de falar sobre esse assunto pois ninguém costuma falar disso. Eu espero que com esse filme faça com que esse tabu se torne cada vez menor.”

Sem dúvida, o espaço que ‘Yes, God, Yes’ consegue dar a simples e crua necessidade feminina de ter um orgasmo consegue ser relevante. Eu, Raíssa, gostaria de ter visto esse filme quando era mais nova para ter menos estranhamentos futuros tanto descobrindo meu corpo quanto para lidar melhor com relacionamentos.

A diretora se baseou em sua educação para escrever o roteiro do filme (Foto: Diivulgação / Synapse Distribution)

E a produção é também algo próximo da diretora: “é uma história que eu sempre quis contar pois é baseada na minha própria educação”. Karen Maine, que estudou em colégio católico durante 12 anos, foi criada em família cristã e participou de todos os sacramentos possíveis até ir para faculdade em Nova York.

“Foi uma experiência realmente catártica falando por mim, mas a Igreja Católica com seu currículo rigoroso e uma espécie de culpa jogado nele durante minha educação foi muito prejudicial. Eu nunca quis prejudicar a igreja com um filme, só queria que tocasse de certa forma outras mulheres que se frustraram com esse tipo de educação”, completa ela.

Como foi trabalhar com Natalia Dyer, a Nancy de ‘Stranger Things’?

Natalia Dyer, como já citamos, é a protagonista de ‘Yes, God, Yes’ – tanto do longa-metragem quanto do curta – e ela foi escalada antes mesmo da estreia da primeira temporada de ‘Stranger Things’. A diretora não poupou elogios à atriz.

“Dyer é brilhante e incrivelmente talentosa, ela sempre foi muito colaborativa e essa é a minha parte favorita como diretora. Eu adoro que você pode trabalhar com diversas pessoas e não apenas atores, eles trazem ideias únicas e opiniões para o filme. Alice é uma personagem complicada, ela não tem muitas falas mas Natalia conseguiu se expressar muito bem sem falar. Ela é uma ótima pessoa de se ter por perto, muito divertida e relaxada, ela foi incrível.”

Para saber onde assistir à ‘Yes, God, Yes’ e ter mais informações sobre o filme, clique aqui.

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