Filmes

Zack Snyder, criador de mitos para seu novo épico, ‘Rebel Moon’

Entre a comunidade de fãs de ficção científica e fantasia (especialmente entre os fãs de quadrinhos de super-heróis), o nome de Zack Snyder traz consigo uma mistura peculiar de expectativas. O diretor, responsável por adaptações como 300, Watchmen e a polêmica Liga da Justiça, é aclamado por esse setor do público como um cineasta capaz de traduzir para a tela grande não apenas a singular idiossincrasia visual das histórias em quadrinhos, mas também de se inspirar em suas vastas e complexas mitologias, que abrangem várias décadas e gerações.

Após dirigir Army of the Dead para a Netflix (tornando-se, na época, um dos filmes mais bem-sucedidos na plataforma), o diretor se prepara para o lançamento de Rebel Moon, uma epopeia de ficção científica totalmente original, dividida em duas partes, que bebe de fontes tão variadas como Akira Kurosawa (e Star Wars, por extensão), a revista Heavy Metal e as ilustrações de Frank Frazetta.

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Zack Snyder e sua atriz principal, a argelina Sofia Boutella (Climax), visitaram a Cidade do México para apresentar a primeira parte do filme, A Menina do Fogo, que chegará à plataforma em 22 de dezembro de 2023. Diretor e protagonista conversaram com a imprensa sobre a complexa tarefa de criar um universo inteiro do zero.

A longa jornada de Zack Snyder para Rebel Moon

Para o espectador comum que passa pela rua, bombardeado pela publicidade da Netflix para o filme, Rebel Moon pode soar como algo novo, o mais recente na interminável linha de lançamentos do streaming. No entanto, para Zack Snyder (e conhecedores de sua trajetória), este é um projeto de longa data. Alguns fãs se lembrarão de que, muito antes de seu nome se tornar sinônimo da agora fracassada saga cinematográfica da DC Comics, Snyder propôs o projeto à Lucasfilm como uma versão de Star Wars para adultos há mais de uma década (quando o estúdio foi adquirido pela Disney). No entanto, a ideia vem de muito antes. “Isso tem sido gestado por muito tempo. É sabido que o propusemos como um possível filme de Star Wars“, lembrou Zack Snyder na coletiva de imprensa no México. “Também foi um pitch da época em que estava na universidade”. “O que aconteceu é que terminamos Army of the Dead, e meus parceiros na Netflix me perguntaram o que eu queria fazer agora”, acrescentou o diretor. “Eu propus a eles, e eles disseram ‘ótimo, vamos fazer!’. É um cheque em branco considerável para uma epopeia de ficção científica e fantasia original, que não está vinculada a nenhuma franquia conhecida, como geralmente é associado ao diretor. De acordo com a Variety, a Netflix investiu US$ 166 milhões na visão de Zack Snyder, tornando Rebel Moon, de longe, o filme mais caro do ano na plataforma.
A primeira parte de Rebel Moon , de Zack Snyder, é uma das produções mais caras da Netflix em 2023 (Crédito: Netflix)
A história, no entanto, é familiar. Como o título sugere, uma rebelião surge quando Korra (Boutella), uma garota com um passado misterioso, quebra a vida tranquila de uma colônia rural ao se opor aos invasores do Mundo Mãe, uma espécie de império intergaláctico. Sem meios para defender a vila, Korra parte em busca de guerreiros dispostos a enfrentar o poderio militar superior do Mundo Mãe. A questão, então, é tornar a nova produção algo suficientemente diferente de tudo o que veio antes, desde sua óbvia inspiração no clássico Os Sete Samurais de Akira Kurosawa até a gigantesca franquia criada por George Lucas, que bebeu da mesma fonte.

De Kurosawa, a Star Wars, a sua própria identidade

“Muitas vezes, nessas histórias, é um simples copiar e colar de outras, e sinto que esta é realmente única”, expressou Sofia Boutella na coletiva de imprensa. “Temos esta história sobre reunir guerreiros e esta entidade maligna nos perseguindo. Mas, individualmente, cada personagem tem uma história humana e complexa”. Para Snyder, tudo se resume ao fato de que, antes de escrever um roteiro, era necessário ter clareza sobre a mitologia deste novo mundo, as regras e circunstâncias que informariam os objetivos e decisões dos personagens. “O desafio ao fazer uma história como esta, criando um mundo gigantesco e seus mitos – e especialmente se houver a possibilidade de fazer mais de dois filmes -, é que você tem que começar a preencher todos os cantos com mitologia”, explicou Zack Snyder. “Para mim, esse foi o grande trabalho neste filme”.
Rebel Moon poderia ser descrito como Zack Snyder reinventando os Sete Samurais de Kurosawa no espaço (Crédito: Netflix)
“Por mitologia, quero dizer os mitos reais desse mundo. Era preciso ter claro o pano de fundo do Mundo Mãe, para entender qual é seu objetivo de conquista e como o personagem de Sofia poderia ser arrastado para essa conquista”, acrescentou. Segundo o próprio diretor, seu objetivo é gerar tamanha fascinação nos espectadores pelo mundo de Rebel Moon, que surja a curiosidade de explorar todos os cantos de seu universo. Não muito diferente do que foi alcançado por Star Wars e seu Universo Estendido ao longo das décadas. Para esse propósito, Snyder realizou um nível de preparação exaustivo, por meio de cerca de quatro mil storyboards que ele mesmo transformou em realidade como diretor de fotografia na produção. Para Sofia Boutella, esse nível de comprometimento do diretor foi contagiante para ela. “Quando conversamos pela primeira vez no Zoom, fui contagiada por seu entusiasmo puro, seu senso de precisão, seu cuidado com a arte”, lembra a protagonista. “Isso me ajudou a melhorar como atriz, porque ele está tão preparado e ama tanto o que faz que não te dá outra opção senão ir trabalhar e fazer o melhor que pode”.

A primeira parte de Rebel Moon de Zack Snyder, A Menina Do Fogo, chega na Netflix em 22 de dezembro. A segunda parte, A Marcadora de Cicatrizes, chega em abril de 2024.

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Lalo Ortega

Lalo Ortega é crítico e jornalista de cinema, mestre em Arte Cinematográfica pelo Centro de Cultura Casa Lamm e vencedor do 10º Concurso de Crítica Cinematográfica Alfonso Reyes 'Fósforo' no FICUNAM 2020. Já colaborou com publicações como Empire en español, Revista Encuadres, Festival Internacional de Cinema de Los Cabos, CLAPPER, Sector Cine e Paréntesis.com, entre outros. Hoje, é editor chefe do Filmelier.

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Lalo Ortega

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