“Buscamos um caminho para filmes pequenos e médios”, diz responsável pelo Cinema Virtual “Buscamos um caminho para filmes pequenos e médios”, diz responsável pelo Cinema Virtual

“Buscamos um caminho para filmes pequenos e médios”, diz responsável pelo Cinema Virtual

Serviço criado e gerido pela Encripta tenta ser o meio do caminho entre as plataformas de streaming e os cinemas tradicionais

Matheus Mans   |  
15 de fevereiro de 2021 10:26

Foi no começo de 2020 que a Encripta, empresa responsável por serviços como Looke e NetMovies, começou a buscar opções para o mercado de cinema, então sem faturamento por causa da pandemia do novo coronavírus. A saída foi o Cinema Virtual, plataforma que funciona como um serviço convencional de video on demand (VOD), mas que direciona parte do faturamento para salas de cinema tradicionais. Hoje, quase um ano depois, o serviço busca consolidar a sua identidade.

Sucesso nos Estados Unidos e em parte da Europa, esse modelo adotado pelo Cinema Virtual quer ser o meio do caminho na “guerra do streaming”. Por um lado, permite que o espectador assista aos lançamentos dos cinemas no conforto de sua casa e em plataforma digital. Do outro lado da equação, enquanto isso, exibidores tradicionais continuam faturando. E a Encripta, no meio, fatura na transação e consegue se aproximar de ambos os lados.

Na página do Cinema Virtual, usuários podem ver todos filmes disponíveis e comprar ingressos para assistir no ambiente digital (Crédito: Reprodução / Encripta)
Na página do Cinema Virtual, usuários podem ver todos filmes disponíveis e comprar ingressos para assistir no ambiente digital (Crédito: Reprodução / Encripta)

“Existe um problema de mercado que é a falta de salas de cinema. Existem mais lançamentos de cinema do que a quantidade que as salas suportam. Estamos buscando um caminho para filmes pequenos e médios”, afirma Marcelo Spinassé, CEO da Encripta e responsável pela plataforma. “Queríamos um streaming para lançar filmes juntos com exibidor. Mas não era possível. Quebramos essa barreira com a estreia do Cinema Virtual”.

Cardápio

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Por enquanto, não há opções de blockbusters no cardápio de filmes do Cinema Virtual. Quem for fuçar e usar o serviço, vai encontrar geralmente títulos europeus e produções independentes, que teriam um resultado pequeno nas bilheterias — ainda mais em tempos de pandemia, com as salas vazias. Filmes como ‘O Mistério de Frankenstein’, ‘O Castelo dos Sonhos’ e ‘O Advogado’ a R$ 24,90. Todos eles da distribuidora Elite Filmes.

É um formato similar ao PVOD, nome dado às transações de vídeo on demand na qual se paga um valor acima da média para ter acesso ao filme de forma antecipada. Spinassé quer embarcar no formato. “Eu acho que é um formato diferenciado, diferente por si só”, comenta o executivo. “Hoje, muitos filmes nem vão mais para os cinemas. Empresas como Disney e Warner Bros. estão apostando em suas próprias plataformas de streaming. É o momento de encontrarmos saída pros filmes pequenos”.

O Castelo dos Sonhos é um dos filmes disponíveis no Cinema Virtual (Crédito: Divulgação / Elite Filmes)

Na plataforma, são limitados os cinemas disponíveis. Em São Paulo, apenas salas da rede de cinemas PlayArte e Centerplex. “São 250 parceiros hoje”, contextualiza Spinassé. “É um número bom. Mas alguns [exibidores] não entraram na ideia. E aí são vários motivos. Tive conversas com determinadas redes, redes grandes, que todos funcionários estavam de licença. Aí não tinha ninguém pra fazer essa abertura ao Cinema Virtual”.

Afinal, a ideia é que além do usuário fazer a compra diretamente pelo serviço da Encripta, também espera-se que o filme apareça em cartaz nos sites dos exibidores. É uma troca. Ao fazer a compra do ingresso digital pelo Cinema Virtual, escolhe-se um dos cinemas disponíveis de sua região. Ao fazer a compra diretamente pelo site do exibidor, o espectador é direcionado para o serviço do Cinema Virtual para finalizar o processo.

E os resultados do Cinema Virtual?

Segundo Spinassé, sem entrar em detalhes, os números do Cinema Virtual ainda são tímidos. “São resultados pequenos”, afirma o executivo. “Mas os resultados dos cinemas físicos também estão pequenos, apenas 8% ou 10% de faturamento em comparação com o que se fazia antes da pandemia. E isso impacta o Cinema Virtual, já que esperamos que o usuário venha do site do exibidor. Há uma queda de 90% das salas físicas”.

Indicado ao Oscar, ‘Corpus Christi’ foi um dos filmes de maior destaque a ser exibido no Cinema Virtual (Crédito: Divulgação / Elite Filmes)

Uma saída do Cinema Virtual, anunciada recentemente, foi uma parceria com o NOW, streaming da Claro. Agora, clientes da Claro terão acesso direto aos filmes lançados pelo serviço da Encripta, assistindo à produções no mesmo ambiente virtual de quem faz a compra pelo Cinema Virtual. Os exibidores parceiros ainda serão remunerados de acordo com as compras de ingressos realizadas como novo parceiro, mesmo sem a escolha da sala. 

Apesar desses resultados pequenos, Spinassé projeta um futuro promissor para a plataforma. “Tem potencial. Acho que quando tudo voltar, com os sites dos exibidores recebendo mais tráfego de espectadores, vamos voltar a ter bons resultados”, afirma o executivo da Encripta. “Estamos tentando formatar um novo mercado para essa janela de PVOD, que dê atenção aos exibidores enquanto também leva ao público filmes médios e pequenos”.

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