Lançado em 1994 e selecionado para o Festival de Cinema de Berlim daquele ano (onde ganhou o prêmio de Melhor Fotografia, por Christopher Doyle), 'Cinzas do Passado' foi apenas o terceiro longa-metragem dirigido por Wong Kar-Wai (quarto se levar em consideração 'Amores Expressos', filmado durante um breve hiato na produção e lançado anteriormente), comissionado para financiar seus outros projetos. Embora seja um filme classificado como "wuxia" (ficção de artes marciais na China antiga), o diretor conta com uma abordagem nada convencional, com uma narrativa fragmentada e até difícil de seguir em certos pontos, embora essa disposição de romper com as convenções ajudasse a colocá-la na mira do público ocidental. Diante das críticas, Wong Kar-Wai lançou uma nova versão, em 2008, intitulada 'Redux', com uma duração um pouco menor. No entanto, como não foi relançado a partir de uma cópia original do filme, 'Cinzas do Passado Redux' sofre de qualidade de imagem e tratamento de cores inferiores, embora ainda forneça belas imagens. É, sem dúvida, uma das obras mais ignoradas e menos apreciadas do realizador.
Dependendo de quem você perguntar, 'Amores Expressos' pode ser considerado o terceiro ou quarto longa-metragem do grande cineasta de Hong Kong, Wong Kar-Wai ('Amor à Flor da Pele'), pois foi feito durante uma pausa na produção de 'Cinzas do Tempo', e foi lançado no início do mesmo ano. O certo é que o filme marcou o seu primeiro sucesso indiscutível em Hong Kong e atraiu maior atenção do público internacional, com um estilo visual e narrativo marcadamente próprio, enfatizando histórias desconexas e fragmentadas sobre amor e desgosto através de imagens de cadência hipnótica. Em total contraste com suas produções anteriores, 'Amores Expressos' é um filme que traz o melhor de sua visão, filmado por puro ímpeto criativo de um espírito independente em menos de um mês.
Seria tecnicamente correto, embora limitante, dizer que 'Amor à Flor da Pele' é um dos mais belos filmes sobre amor e desgosto da história do cinema. Lançado com a chegada do novo século - e milênio - mas ambientado na década crucial dos anos 60 para a história asiática moderna, 'Amor à Flor da Pele' não é apenas uma ode pós-moderna ao desejo de intimidade, mas também à inevitável transitoriedade tudo o que existe, cujos restos nada mais são do que memórias impalpáveis, inalcançáveis e cada vez mais turvas. O diretor Wong Kar-Wai consegue captar no filme a única coisa que resta no final: o deslocamento, a sensação de ficar em um tempo e lugar que não existe mais e para o qual sempre se anseia voltar.
Selecionado para abrir o Festival de Cinema de Berlim em 2013 e indicado em duas categorias do Oscar (fotografia e figurino), este filme marca o retorno do grande cineasta de Hong Kong, Wong Kar-Wai, ao cinema de artes marciais após sua primeira (e até então única) incursão no gênero com o filme ''Cinzas do Passado'. Inspirado na vida do lendário mestre das artes marciais e mentor de Bruce Lee, 'O Grande Mestre' é de longe o filme mais caro na carreira do diretor, e embora compartilhe seu protagonista com o série de filmes 'Ip Man', apresenta uma abordagem totalmente diferente. As sequências de ação são igualmente espetaculares, mas é possível perceber a marca registrada de seu diretor, desde o envolvimento de atores como Tony Leung e Zhang Ziyi, até o estilo visual cativante e a narrativa fragmentada para retratar um período da história chinesa e de Hong Kong que ficou para trás, através da perspectiva de seus protagonistas.