Gladiador II (Gladiator II) é a esperada sequência, quase um quarto de século depois, de um dos filmes mais aclamados e amados na filmografia de Ridley Scott, o original Gladiador. Com esse histórico, e após uma sequência irregular do diretor que inclui Casa Gucci e Napoleão, havia muita expectativa sobre esta segunda parte, que consegue cumprir, embora não inove. A história, situada décadas após o original, segue um guerreiro da Núbia chamado Hanno (Paul Mescal), que se vê forçado a lutar como gladiador quando o reino norte-africano é conquistado pelo general romano Acácio (Pedro Pascal). No entanto, o Império Romano está em conflito por conta do governo corrupto dos dois imperadores gêmeos, e entram em jogo o verdadeiro linaje de Hanno, as afiliações de Acácio e as ambições do misterioso traficante de escravos Macrino (Denzel Washington). A estrutura narrativa é quase a mesma, e embora Scott e o roteirista David Scarpa introduzam diferentes perspectivas sobre a natureza do poder, no fundo, estamos diante de uma história de vingança muito semelhante à anterior. No entanto, é igualmente ou ainda mais espetacular que o original, então, se você é fã do clássico, é quase certo que vai gostar da sequência.
Durante uma hora de projeção, ‘Criaturas do Senhor’ apenas engatinha. Mostra, essencialmente, como é a rotina de uma pequena vila de pescadores na Escócia, com o olhar do espectador principalmente pousado em um núcleo familiar em movimentação. O jovem Brian (Paul Mescal) voltou para casa após meses longe, a trabalho, e não é tão bem recebido quanto esperado: ainda que a mãe (Emily Watson) o trate a pão de ló, o pai não quer sua presença por lá. As coisas pioram, porém, por volta dos 50 minutos de filme: um crime acontece na vila, afetando diretamente essa família, e uma dúvida recai na mãe. Qual deverá ser sua atitude? A partir daí, as diretoras Saela Davis e Anna Rose Holmer (‘The Fits’) mergulham esse vilarejo em um típico filme recheado de tensão, com toques de suspense, trazendo questionamentos interessantes sobre ética, família e culpa.
Maggie Gyllenhaal (a atriz de filmes como ‘Coração Louco’ e ‘Mais Estranho que a Ficção’) estreia no posto de diretora de um longa-metragem com ‘A Filha Perdida’ - e podemos dizer que poucos cineastas debutaram com tanta confiança quanto ela. A história é sobre uma mulher (Olivia Colman) que, durante as férias na praia, começa a desenvolver uma misteriosa obsessão por uma jovem mãe (Dakota Johnson) e sua filha, trazendo de volta memórias de tempos mais turbulentos e obrigando-a a enfrentar as consequências .de suas decisões quando ela mesma era uma jovem mãe. É um filme que clama por compaixão, ao mesmo tempo que subverte os conceitos tradicionais de maternidade. Sem dúvida, um dos melhores filmes de 2021, já indicado ao Globo de Ouro e ao Independent Spirit Awards - e que deve pintar em outras premiações de 2022.
Aftersun é um daqueles filmes com uma trama extremamente simples que, no entanto, esconde um poder devastador. O longa-metragem de estreia da cineasta Charlotte Wells é a história de uma menina de 11 anos e suas boas lembranças de suas últimas férias com o pai em um resort de praia turco. Isso é o suficiente para uma experiência cinematográfica profundamente comovente, tão visualmente poética quanto narrativamente dolorosa, em um retrato de uma família quebrada e prestes a mudar para sempre.
O drama conjugal e a ficção científica se entrelaçam em Intruso (Foe), um filme do diretor Garth Davis (Lion: Uma Jornada para Casa), baseado no romance de Iain Reid, e estrelado por Paul Mescal (Aftersun) e a sempre impecável Saoirse Ronan (Adoráveis Mulheres). A história, ambientada em um apocalíptico 2065, segue um casal, Hen e Junior, que leva uma vida mundana até que um estranho aparece em sua porta com uma proposta surpreendente: participar da colônia espacial OuterMore, enquanto uma réplica robótica de um deles fica na Terra para viver com seu cônjuge. Apesar de ter um ritmo um tanto pausado, o filme apresenta ideias interessantes sobre a identidade humana e a busca de significado em um mundo cada vez mais desumanizado, como uma mistura entre o poderoso clássico Não Me Abandone Jamais e um episódio de Black Mirror.