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‘Aquilo que eu Nunca Perdi’ “é a história de uma invisibilidade das mulheres”, diz diretora

Nascida no Mato Grosso do Sul, Alzira Espíndola (ou apenas Alzira E) começou a carreira cedo, aos 20 anos, ao lado dos irmãos Geraldo e Tetê Espíndola. Só que foi mais tarde, já nos anos 1980, que a artista parece ter encontrado sua voz definitiva. Na época, mudou para São Paulo e construiu uma sólida carreira como instrumentista e compositora, com parceiros como Itamar Assumpção e Ney Matogrosso. Hoje, aos 65 anos e 45 anos de carreira, Alzira E lidera uma banda de rock. Essa é a trajetória contada em ‘Aquilo que eu Nunca Perdi’, estreia nos cinemas da última quinta-feira, 8.

Dirigido por Marina Thomé, o longa-metragem faz um mergulho imagético no que é Alzira. Complexa desde o seu surgimento com os irmãos, ela pode ser lida como uma artista completa e inquieta que deveria, ainda que não seja, ser celebrada e nacionalmente reconhecida.

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“Pra mim, é uma história de uma invisibilidade das mulheres”, diz a diretora em entrevista ao Filmelier. “Tem uma coisa importante no filme que só não olha quem não quer. É sintomático a gente não conhecer a Alzira, mesmo perto de artistas mais conhecidos. A gente tem dificuldade de olhar pra essas pessoas”.

Ideia de ‘Aquilo que eu Nunca Perdi’

O nascimento do documentário, que estreia nos cinemas, começou a partir de uma longa relação de Marina com a própria Alzira. Eles se conheceram mais ou menos no ano 2000, quando uma amiga em comum colocou as duas em contato. A diretora começou a frequentar shows, a fotografar espetáculos e os laços foram se estreitando.
Alzira E é a retratada no documentário ‘Aquilo que eu Nunca Perdi’ (Crédito: Divulgação/Descoloniza Filmes)

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“Fomos ficando cada vez mais amigas, conheci as pessoas ao redor dela, a família”, diz a diretora. “Em 2015, a gente já era bem amiga e falei de fazer um filme sobre ela. A ideia era ter algumas coisas mais evidenciadas sobre a sua carreira”. O fio narrativo segue, principalmente, a banda CORTE, onde Alzira E se descobriu como cantora de rock. No entanto, a partir dessa experiência que nasce junto com a ideia de fazer o filme, é natural que o longa-metragem vá se expandindo. Alzira, sendo complexa como é, rende um bom desafio à cineasta. Como retratá-la em tão pouco tempo? “É um desafio falar de uma mulher tão incrível em um filme para ficar à altura. Não falta filme, é claro. Bethânia já tem o que? Oito filmes?”, diz a diretora. “Alzira nunca teve uma trajetória linear e é difícil mostrar isso ao longo do tempo”. Além disso, Marina Thomé escapa de algo que sempre recai nos ombros de Alzira E: rótulos. Sendo tão diferente do que outros pares, a cantora, instrumentista e compositora parece estar sempre sendo embalada por algum tipo de descrição. “É a irmã da Tetê”, “é a Patti Smith brasileira”, dizem alguns, ansiosos em tentar entender na sul-mato-grossense. Marina, obviamente, poderia ter seguido esse percurso de abraçar as obviedades: colocá-la nesse rótulo fácil, fazer entrevistas quadradas, colocar o nome e a descrição de todos os entrevistados. Mas não foi assim.
“Quando eu saio do filme e deixo a história dela se contar é um ponto importante. Queria que o filme fosse uma representação dela por ela mesmo, com parceiros da vida, com experimental, com a cronologia. Queria acessar isso”, diz a diretora. “Eu poderia ter me explicado mais, claro, mas não queria isso. Poderia ter colocado o nome dos entrevistados em meia hora na sala de edição. Mas não é a linguagem que eu queria. Tem uma questão da ideia da arte da Alzira, que é mais de sensações. Queria que o filme fosse, assim como ela, mais experimental e sensorial”.

‘Aquilo que eu Nunca Perdi’ está nos cinemas. Se você quiser saber mais sobre o filme ou encontrar o link para comprar ingressos, clique aqui.

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Matheus Mans

Jornalista especializado em cultura e tecnologia, com seis anos de experiência. Já passou pelo Estadão, UOL, Yahoo e grandes sites, sempre falando de cinema, inovação e tecnologia. Hoje, é editor do Filmelier.

Escrito por
Matheus Mans

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