Para quem não se recorda, a atriz alegou que teve ganhos menores com o lançamento simultâneo de ‘Viúva Negra‘ nos cinemas e, de forma simultânea, no Disney+ por causa da atual pandemia. A protagonista tem direito a uma parcela da bilheteria do longa na tela grande, mas não tem o mesmo ganho com o vídeo sob demanda – e o lançamento ao mesmo tempo de um formato tende a ter impacto negativo no outro.
“Nós temos um acordo que foi concebido sob um certo conjunto de condições [pré-pandemia] que, na verdade, resulta em um filme que está sendo lançado em um cenário completamente diferente”, afirmou o executivo. “Então o que está acontecendo agora é meio que um ‘reset’, e acreditamos que, no fim de tudo, vamos pensar sobre como fazemos os acordos com os talentos, planejar isso e ter certeza que tudo está incorporado”.
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“Mas agora”, continuou Chapek, “estamos meio que no meio de tudo e estamos tentando fazer o certo para os talentos. E eu acredito que os talentos estão tentando fazer o certo por nós, e estamos meio que descobrindo uma maneira de preencher a lacuna [entre os lados]”.
Muito além de ‘Viúva Negra’
Pagamentos a partir do desempenho de um longa-metragem nos cinemas são extremamente comuns com os atores e atrizes de primeiro escalão em Hollywood – é como Tom Cruise, Robert Downey Jr. e outros astros são remunerados. O formato permite um investimento menor antes da produção, mas um comprometimento ainda maior da estrela (inclusive na divulgação), que recebe uma compensação financeira muito maior caso a produção atinja a bilheteria esperada. Porém, como já citado, a pandemia e o fechamento de cinemas levou a um lançamento híbrido de alguns filmes em 2021 – condição que não estava prevista nesses contratos, o que levou a uma remuneração diferente de Scarlet Johansson e outros atores e atrizes. Há, também, casos com os de ‘Top Gun: Maverick’ e ‘Missão: Impossível 7’, onde provavelmente (isso não é público) o acordo com Tom Cruise impede uma estreia primeiro no video on demand.
Vale dizer que no streaming, até hoje, os acordos são feitos no “escuro”: os produtores recebem um valor fixo pelo filme, sem qualquer acesso a números de audiência ou uma remuneração a partir disso. O “reset” citado por Chapek terá que acontecer aí. Em um mundo pós-pandemia, com janelas mais curtas e mais lançamentos simultâneos, como remunerar de forma justa os produtores executivos, atores e atrizes? Será o destino um acordo “híbrido”, tal qual os lançamentos? A ver.
Jornalista especializado em cinema, TV, streaming e entretenimento. Foi por 11 anos editor do Judão e escreveu para veículos como UOL, Superinteressante e Mundo dos Super-Heróis. Também trabalhou com a comunicação corporativa da Netflix. Foi editor-chefe do Filmelier.