Com cena pós-créditos, ‘Venom 2’ tem grande impacto para o futuro dos filmes da Marvel Com cena pós-créditos, ‘Venom 2’ tem grande impacto para o futuro dos filmes da Marvel

Com cena pós-créditos, ‘Venom 2’ tem grande impacto para o futuro dos filmes da Marvel

Longa-metragem protagonizado por Tom Hardy, que acaba de estrear nos cinemas, tem uma grande surpresa em seu final – e reflete uma disputa de bastidores entre Sony e Marvel Studios

7 de outubro de 2021 18:12
- Atualizado em 8 de outubro de 2021 12:42

Nesta quinta, 7, estreia nos cinemas de todo o Brasil o filme ‘Venom: Tempo de Carnificina‘, com o retorno de Tom Hardy ao anti-herói inspirado nas HQs da Marvel Comics. O filme se vale do contexto criado no primeiro ‘Venom‘ para trazer um enredo que mistura ação, terror e comédia, colocando o vilão Carnificina como o maior antagonista. Porém, a história representa mais do que isso – muito por conta de sua cena pós-créditos.

Aviso: a partir daqui, este texto traz spoilers de ‘Venom 2’. Se você ainda não assistiu ao filme e quer guardar as surpresas, volte aqui mais tarde. Continue apenas se já viu ou não se importa com os spoilers – e, principalmente, se quer saber os impactos no futuro do Universo Cinematográfico Marvel.

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A cena que vai mais dar o que falar em ‘Venom: Tempo de Carnificina’ é aquela no meio dos créditos do longa (Crédito: divulgação / Sony Pictures)

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Para quem não viu, vale uma rápida descrição do que acontece ao final de ‘Tempo de Carnificina’. Com o encerramento da história, Eddie Brock (Hardy) e o simbionte alienígena Venom partem pelo mundo como “protetores letais”, uma espécie de herói com moral duvidosa. O filme termina com o jornalista em um resort – e, na cena pós-créditos, vemos Brock e o alien discutindo sobre as reais capacidades do simbionte.

Porém, algo estranho acontece – o que, como perceberemos pouco depois, tem relação com os eventos do trailer de ‘Homem-Aranha: Sem Volta para Casa’. O quarto de hotel muda e, na televisão, Brock e o público veem J. Jonah Jameson (J.K. Simmons) revelando a identidade secreta do Homem-Aranha de Tom Holland, em eventos quase iguais ao final de ‘Homem-Aranha: Longe de Casa‘.

Dessa forma, descobrimos que a “linha cruzada” de universos causada (aparentemente) pelo Dr. Estranho no trailer do terceiro filme do Homem-Aranha no MCU não só trouxe de volta o Dr. Octopus e o Duende Verde dos longas estrelados por Tobey Maguire, mas também o Venom que é, veja só, de um terceiro universo.

Personagens Marvel, mas separados

Por conta de contratos firmados ainda nos anos 1990, a Sony Pictures pode criar duas franquias de filmes diferentes a partir dos direitos do Homem-Aranha – dirigidas por Sam Raimi e Marc Webb. Porém, em 2015, o estúdio fez um novo acordo com a Marvel e com a Disney, permitindo que o herói fosse finalmente incorporado ao Universo Cinematográfico Marvel, aquele dos Vingadores.

Ainda assim, a empresa manteve para si o direito de produzir sozinha filmes com outros personagens secundários do Escalador de Paredes. É aí que ‘Venom’ se encaixa, com o estúdio já preparando longas com Morbius, Gata Negra e outros para o futuro próximo.

Uma das coisas mais curiosas do primeiro ‘Venom’ é que a história, de certa forma, não confirma nem nega a existência do resto do MCU. Inclusive, o enredo se passa em São Francisco, bem longe de Nova York (que é, praticamente, o centro das histórias da Casa das Ideias) para facilitar nessa abordagem.

No primeiro 'Venom', a história não nega - nem confirma - o MCU (Crédito: divulgação / Sony Pictures)
No primeiro ‘Venom’, a história não nega – nem confirma – o MCU (Crédito: divulgação / Sony Pictures)

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Isso, na prática, revelou um certo racha entre executivos. Amy Pascal, ex-presidente da Sony Pictures e produtora de ‘Venom’, queria, sim, que essas produções dividissem o palco com Homem de Ferro, Capitão América, Thor e outros figurões do MCU. Já Kevin Feige, presidente da Marvel Studios e a mente criativa da Casa das Ideias nos cinemas, nunca aprovou a ideia.

“Esses filmes [da Sony] se passam todos no mundo que nós estamos, agora, criando para Peter Parker”, disse Pascal em 2017 em entrevista ao Filmstarts – que é a versão alemã do AdoroCinema. “Eles serão separados, talvez passando em lugares diferentes, mas serão todos no mesmo mundo e serão todos também conectados entre si”.

Enquanto a produtora falava, Feige fez uma cara de reprovação, substituída em seguida por um sorriso amarelo ao ouvir a pergunta seguinte do repórter: “Tem chances do Homem-Aranha do Tom Holland aparecer por aí?”. “Tem sempre uma chance”, disse Pascal aos risos.

Apesar dessa clara disputa comercial, prevaleceu a vontade de Feige. Não à toa, esses filmes criados pela Sony Pictures ficaram, na época, oficialmente nomeados como parte do Universo Marvel da Sony.

Mudança de rumos

Tudo mudou em agosto passado, em uma iniciativa que, originalmente, parecia um jogada inocente da Sony: o Universo Marvel da Sony foi renomeado Universo Homem-Aranha da Sony.

É nesse contexto que chegamos na cena pós-créditos de ‘Venom: Tempo de Carnificina’, que, ao mesmo tempo, não só confirma a história se passa em uma realidade paralela ao MCU, mas também coloca o Venom de Eddie Brock em rota de colisão com o Aranha de Tom Holland.

O Dr. Octopus presente no trailer de 'Homem-Aranha: Sem Volta para Casa' (Crédito: reprodução / Sony Pictures)
O Dr. Octopus presente no trailer de ‘Homem-Aranha: Sem Volta para Casa’ (Crédito: reprodução / Sony Pictures)

Na telona, vamos ver como será o encontro entre os dois em ‘Homem-Aranha: Sem Volta para Casa‘. São interpretações bem diferentes para os gibis da Casas das Ideias e a interação entre ambos pode ser, sim, bastante interessante. Agora, como será depois?

Como a mudança do nome do Universo Homem-Aranha da Sony indica, parece que foi Amy Pascal que riu, sim, por último. Pode ser que ela tenha conseguido o que queria, e os eventos do próximo longa do Cabeça de Teia irá juntar esses filmes da Sony e da Marvel Studios no mesmo caldeirão.

Também pode ser algo mais sutil. A série ‘Loki’, do Disney+, recentemente introduziu o conceito de multiverso nas produções da Casa das Ideias, enquanto ‘What If… ?’ mostrou que viajar de uma realidade para outra não é algo tão complicado assim. Por isso, podemos estar às portas não de uma fusão de universos, mas da facilitação de viagens interdimensionais entre personagens – permitindo essas aparições especiais que Pascal dizia “sempre ter uma chance”.

Em um primeiro momento, uma mistura tão grande pode soar confusa e com grande potencial de passar do ponto. Só que a animação ‘Homem-Aranha: No Aranhaverso‘ já revelou ao mundo que, se bem-feita, esse tipo de iniciativa tem chance de dar certo.

Pois é, no final (como sempre) a alternativa que dá mais dinheiro para todos os envolvidos foi a que prevaleceu. Que ao menos o público seja brindado com histórias memoráveis, também.

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