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Incêndio atinge galpão da Cinemateca Brasileira

Um incêndio atinge um galpão da Cinemateca Brasileira nesta quinta-feira, 29. Por volta das 18h, o Corpo de Bombeiros foi acionado para combater o fogo em uma edificação comercial na Rua Othão, 290, na Vila Leopoldina, Zona Oeste de São Paulo — endereço que abriga o galpão da Cinemateca.

No local, de acordo com informações preliminares, está guardado parte do acervo da Cinemateca Brasileira. Os bombeiros informam que não há vítimas até o momento e que onze viaturas foram enviadas para combater o fogo. Vale lembrar que há muito material inflamável armazenado.

Afinal, parte desse acervo é da primeira metade do século passado e feito de nitrato de celulose, que é altamente inflamável e se deteriora com facilidade. Por conta desse tipo de filme e de seu armazenamento precário, há casos históricos de incêndios em canais de TV no Brasil – só a Record, por exemplo, sofreu com as chamas em 1960, 1966 e 1969.

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Além disso, conforme relembra o G1, outro incêndio atingiu o galpão em 2016, quando cerca de 500 obras foram consumidas pelas chamas. Já em 2020, um temporal alagou o local. Na época, o Governo Federal não informou quantos itens foram perdidos com a invasão de água no galpão.

Tragédia anunciada

Vale lembrar que a Cinemateca Brasileira já estava passando por um intenso processo de deterioração. Afinal, a instituição enfrenta uma situação complicada desde de dezembro de 2019. Na época, terminou o contrato entre o Governo Federal com Organização Social (OS) Associação Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp) para manutenção do local.
Cinemateca é responsável por preservar parte da memória do audiovisual brasileiro (Crédito: Divulgação/Cinemateca)
Depois disso, não houve nova licitação para que outra entidade voltasse a cuidar da Cinemateca. No final de 2020, a gestão foi repassada a secretaria federal da Cultura, atualmente dentro do Ministério do Turismo. Desde então, a Cinemateca passou por um sucateamento. Profissionais especializados no armazenamento dos materiais, históricos para o cinema brasileiro, deixaram de receber salário por conta da falta de gestão. Com isso, cuidados preventivos no galpão e na sede da Vila Mariana deixaram de ser feito com a periodicidade necessária, além de outros problemas.

A importância da Cinemateca

A Cinemateca Brasileira foi criada na década de 1940, sendo a quinta maior cinemateca do mundo em restauro nesta época. O órgão tem o maior acervo de imagens da América do Sul. Cerca de 250 mil rolos de filmes, 40 mil títulos, entre Super 8, curtas e longas-metragens. Parte desse conteúdo é compostos por nitrato de celulose – material que pode entrar em autocombustão se não for mantidos em refrigeração. Por conta disso é preocupante o risco de incêndio no local.
O interior da sede da Cinemateca Brasileira, no bairro da Vila Mariana, em São Paulo (Crédito: Raíssa Basilio)
Segundo a pesquisadora, Eloá Chouzal, o conteúdo que existe no prédio é tão importante que existem películas do Brasil em movimento de 1897, final do século XIX, de quando filme foi inventado. Para entender melhor, ela também explicou o trabalho que eles fazem, não é somente um lugar que armazena imagens: “A Cinemateca que eu falo não é um museu só, porque muita gente acha que é um museu de imagem. Não, a Cinemateca tem três pilares como missão: O primeiro é preservar, que é a guarda desse acervo. Também tem a missão de difundir, então lá tem sala de cinema, workshop, mostra, crianças de escolas da comunidade que vão pela primeira vez assistir um filme numa tela grande. E o terceiro pilar é o restauro”, contou Chouzal em entrevista ao Brasil de Fato. Para a história do cinema nacional – e internacional – a Cinemateca tem arquivos de Glauber Rocha, Jean-Claude Bernardet, sendo roteiros, cartas entre cineasta, fotos de produções. Esse acervo não existe em nenhum outro lugar no mundo. Esses conteúdos são importantes para novas criações no ramo da comunicação, pois são itens para pesquisa necessários para entender sobre cinema e também sobre transformações no país ao longo dos anos. Crédito da imagem de abertura: reprodução / Twitter

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Matheus Mans

Jornalista especializado em cultura e tecnologia, com seis anos de experiência. Já passou pelo Estadão, UOL, Yahoo e grandes sites, sempre falando de cinema, inovação e tecnologia. Hoje, é editor do Filmelier.

Escrito por
Matheus Mans

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