Warner anuncia que fusão de HBO Max com Discovery+ acontecerá em 2023 Warner anuncia que fusão de HBO Max com Discovery+ acontecerá em 2023

Warner anuncia que fusão de HBO Max com Discovery+ acontecerá em 2023

Após ser alvo de inúmeros boatos, Warner Bros. Discovery afirma que HBO Max será combinado com a outra plataforma do grupo

4 de agosto de 2022 18:21
- Atualizado em 5 de agosto de 2022 11:33

Parafraseando Mark Twain, parece que os boatos sobre a morte da HBO Max foram muito exagerados. Após muita especulação sobre o fim da plataforma de streaming, a Warner Bros. Discovery garantiu nesta quinta (4) que o serviço seguirá existindo. Agora, isso não quer dizer que continuará da forma que conhecemos.

A empresa se posicionou sobre o assunto ao divulgar os resultados financeiros do segundo trimestre de 2022. De acordo com a WBD (que é resultado da fusão entre WarnerMedia e Discovery, Inc.), tanto a HBO Max quanto o Discovery+ serão combinados em uma única plataforma em 2023, com toda a miríade de conteúdos de HBO, Discovery e Warner Bros.

A fusão será feita em fases, começando pelo relançamento nos EUA em meados do próximo ano. Na América Latina, a união das plataformas ocorrerá entre setembro e dezembro de 2023. A meta é alcançar 130 milhões de assinantes em 2025.

O calendário da fusão entre HBO Max e Discovery+ (crédito: reprodução / Warner Bros. Discovery)

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“Queremos oferecer conteúdo para todos”, disse JB Perrette, presidente de Global Streaming and Games da empresa. No entanto, não foi detalhado qual será o nome do streaming que combinará as duas plataformas – se será HBO Max, Discovery+ ou um nome completamente diferente. “Ainda há muito a ser feito nos próximos meses. Se queremos fazer direito, vai demorar”, afirmou o executivo – que prometeu mais novidades no final do ano, quando a WBD fará um “Investors’ Day”.

Enquanto a fusão em si não acontece, a sinergia de conteúdo já começou. Por enquanto, o grupo vai promover uma verdadeira dança das cadeiras com seus filmes e séries. Programas “selecionados” da Magnolia Network – canal americano de TV paga com foco no “faça você mesmo” e de reformas – vão passar para o catálogo da HBO Max.

Por outro lado, conteúdo da CNN – que chegou a ter uma plataforma própria, mas que foi rapidamente encerrada – vão ganhar um lar dentro do Discovery+, iniciando essa integração entre marcas. Serão produções como ‘Stanley Tucci: Searching for Italy’ e ‘Anthony Bourdain: Parts Unknown’, que possuem a cara da plataforma. Já outro tipo de programação, mais com cara de entrevistas e talk shows, rumará para a HBO Max.

Tudo que estará dentro da nova plataforma, que combinará HBO Max e Discovery+ (crédito: reprodução / Warner Bros. Discovery)

Além disso, o conglomerado divulgou um resultado positivo para ambas as plataformas. Juntas, elas alcançaram 92,1 milhões de assinantes – o que seria, nas palavras do grupo, um crescimento de 1,7 milhão “ajustado para nossa nova definição de assinante harmonizada”.

Isso tudo, é bom dizer, vale para os EUA. No Brasil, a marca CNN é licenciada para um grupo local, que opera um canal de TV paga (a CNN Brasil) e exibe esses conteúdos. Por isso, pode haver algum acordo de exclusividade que impeça esse movimento por aqui.

O que está acontecendo na HBO Max?

Boatos sobre o fim da plataforma, cancelamento de ‘Batgirl’ e muito mais: afinal, o que está acontecendo com a HBO Max. Bom, trata-se de algo muito maior.

Em 2018, a AT&T, gigante do mercado de telecomunicações, comprou a então Time Warner, que foi renomeada WarnerMedia. No entanto, a sinergia esperada nunca aconteceu – e, por isso, o conglomerado maior resolveu passar para frente a nova divisão.

Por isso, em 2021, a AT&T anunciou que a WarnerMedia deixaria de ser parte do grupo e iniciaria um processo de fusão com a Discovery, Inc. David Zaslav, até então CEO da Discovery, assumiu o comando do novo grupo no começo deste ano – iniciando um processo de restruturação.

Desde então, o executivo não vem tendo medo de cortes. Ele, por exemplo, encerrou as atividades do streaming CNN+ (que era a menina dos olhos do CEO anterior, Jason Kilar) apenas um mês após o lançamento.

O filme 'Batgirl' foi uma das grandes vítimas da fusão (crédito: divulgação / Warner Bros.)
O filme ‘Batgirl’ foi uma das grandes vítimas da fusão (crédito: divulgação / Warner Bros.)

Houve também uma mudança de ventos em Wall Street. Se antes os investidores apostavam em um vertiginoso crescimento do streaming, eles se tornaram muito mais céticos após verem as dificuldades enfrentadas pela Netflix, que estagnou no número de assinantes. O alto investimento na produção de filmes e séries para esse modelo de negócio é outra grande preocupação.

Até por isso, a receita da WBD nesse segundo trimestre foi menor do que aquela estimada pelos investidores – US$ 9,8 bilhões, ante os US$ 11,91 bilhões previstos. Já as perdas foram de US$ 3,4 bilhões.

Nos bastidores, se diz que, agora, a intenção de Zaslav é fechar a torneira dos gastos no video on demand e apostar em modelos mais garantidos, como, veja só a ironia, o cinema tradicional. O sucesso de ‘Top Gun: Maverick‘ provou, para muitos, que a estratégia de lançar um filme de grande orçamento com exclusividade na tela grande por um bom período é o que realmente funciona.

“Nós vamos abraçar totalmente os cinemas”, disse Zaslav na conferência de hoje. “Quando você está no streaming, todo o conteúdo é elevado. Quando vai para o PVOD [vídeo sob demanda premium, com valores maiores para alugar e compra], para o streaming, é elevado novamente”.

É por isso que ‘Batgirl’ foi descartado: era mais jogo desistir do longa do que lançar na HBO Max e não dar o retorno esperado, ou de gastar ainda mais para não funcionar nos cinemas. No lixo, ao menos, o filme tem impacto menor no balanço financeiro e nos impostos a serem pagos. “Filmes caros diretos para o streaming não tem comparação com quando você lança um filme nos cinemas. Essa ideia de filmes caros indo direto para o streaming não funciona”, afirmou.

“Nós temos uma visão diferente sobre lançamento direto no streaming. Estamos corrigindo o curso da administração anterior”, continuou um contundente Zaslav. “Não é sobre quanto custa, mas sobre o quanto é bom”.

Tudo isso – e muito mais, como conteúdos deixando o catálogo da plataforma, além de cancelamentos de séries – alimentaram a especulação sobre o fim da HBO Max.

Nunca diga nunca, mas essa parece a menos provável das alternativas. Houve um investimento alto, desde os tempos de WarnerMedia, na criação da plataforma. Jogar tudo no lixo, a essa altura, seria um enorme prejuízo.

Até o Pernalonga está passando o chapéu para conseguir arrecadar algum dinheiro (Foto: Renan Martins Frade)
Até o Pernalonga está passando o chapéu para conseguir arrecadar algum dinheiro (Foto: Renan Martins Frade)

Não quer dizer que a WBD vai continuar no mesmo rumo, também. Como já vimos, o cinema voltou a ser prioridade e o grupo deverá ser mais comedido com gastos no streaming. Ou seja, teremos menos filmes e séries originais da plataforma, que, em contrapartida, poderá se beneficiar de mais blockbusters de cinema que chegam por lá após a exclusividade na tela grande.

A integração entre HBO Max, Discovery+ e CNN é, agora, o caminho. Não se sabe, porém, se as três marcas ficarão sob a mesma assinatura mensal, ou se haverá pacotes à parte (como o Prime Video, da Amazon, faz com canais de terceiros dentro da plataforma). Hoje, os serviços possuem preços diferentes. “Haverá um plano para maximizar essa transição e não perder usuários”, argumentou Perrette.

Falando em marcas, é possível que o nome HBO Max deixe de existir, por mais que o serviço continue como parte da nova plataforma. Ainda que tenha investido muito dinheiro na criação dela, a sigla HBO tem um apelo diferente do que a WBD busca trazer para o seu streaming. Por outro lado, é um nome reconhecido por sua alta qualidade – enquanto o Max pouco representa.

Questionado sobre esse assunto, já na parte de perguntas e respostas na conferência de anúncio dos resultados financeiros, o Zaslav deixou claro que o tópico não está decidido, mas que a sigla continuará existindo – seja no nome do novo streaming, seja como uma área dentro dele.

Tudo por acontecer, inclusive nada. De qualquer forma, a nova direção da Warner está deixando claro que não botará todos os ovos no mesmo cesto: Zaslav fez questão de deixar claro que licenciar conteúdo para outras plataformas e canais, maximizando conteúdo e ganhos. “É importante ser flexível e ágil”, disse o CEO.

Agora, parece que a estratégia adotada pela Sony parece ser a mais acertada: nenhuma plataforma própria, mas licenciando conteúdo para todas que existem.

E pensar que, há um ano, o cenário era completamente diferente…

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