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Gregório Duvivier abre o jogo sobre ser ateu, dublagem e ‘Luck’: “Eu escolhi acreditar na sorte”

Se há alguma personalidade brasileira que não tem medo de trafegar entre os mais diferentes trabalhos e estilos, esta pessoa é Gregório Duvivier. Talentoso em tudo que faz, ainda que esteja longe de ser unanimidade, o carioca geralmente é lembrado por sua presença nos vídeos do Porta dos Fundos. Seu currículo, porém, vai muito além: vive o dono de uma taverna ‘Pluft: O Fantasminha‘, está no elenco do drama ‘A Vida Invisível‘, apresenta o ‘Greg News’ e, agora, volta para o mundo da dublagem com Bob, o gatinho preto sortudo e simpático da nova animação ‘Luck‘.

Estreia do Apple TV+ desta sexta-feira, 5, o longa-metragem conta a história de Sam (Eva Noblezada, no original) e do gatinho Bob (Simon Pegg). Ela, uma órfã que acaba de chegar na vida adulta, é azarada. Ele, contrariando o mito do gato preto, é sortudo. É aí que os dois, juntos, embarcam para a terra da sorte, mostrando as engrenagens por trás do destino enquanto Sam tenta ajudar sua amiga a encontrar um lar — contando, é claro, com a sorte.

É um filme bonito, apesar de seus tropeços, e que marca o retorno do produtor John Lasseter à cena e o início da Skydance Animation.
Gregório Duvivier nos bastidores da dublagem de ‘Luck’, novo filme do Apple TV+ (Crédito: Divulgação/Apple TV+)

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E, no meio disso tudo, Duvivier está lá. Ele é o responsável pela voz de Bob no Brasil, retornando à dublagem após trabalhos em ‘Os Pinguins de Madagascar’ e ‘Asterix e o Segredo da Poção Mágica‘. Ou seja: depois do gaulês e de uma foca, chega a vez do ator achar o tom ideal de um gato falante. “Tem a ver com o meu físico. Perceberam a quantidade de vezes que me chamam de gato”, brinca Gregório, em entrevista ao Filmelier, sobre a proposta de dar vida ao personagem. “Sou muito fã de animação, de todo tipo, e acho que sou um cara sortudo por pensarem em mim nesse filme. ‘Luck’ é tudo que eu gosto de ver, é tudo que eu tenho assistido com a minha filha. ‘Toy Story‘, ‘Monstros S.A.‘ É um barato, pra mim, estar nesse momento de descobrir essas coisas com ela e fazer esse novo filme”.

Desafios de ‘Luck’

Apesar de Gregório ter experiência prévia como dublador, porém, ele diz que seu trabalho como Bob não foi fácil. “É uma ciência”, define o carioca. Para ele, não tem muito espaço para que o trabalho de ator seja dissociado da imagem. Não adianta, então, querer inventar — é preciso trabalhar em cima do tempo disponível na animação. “Não adianta falar que você acha que a fala precisa ser mais lenta, mais espaçada. Não, o tempo que você tem é esse. Você precisa encaixar sua interpretação em centésimos de segundos. Essa é a grande dificuldade, mas também a delícia. Também vira um jogo, vira algo lúdico. Você é desafiado a encaixar uma fala em poucos segundos. Parece que margou um gol”. Duvivier também rechaça em pensar que a dublagem é algo muito diferente do que fez em seus outros papéis, seja em um drama, uma comédia ou apresentando um programa de televisão. Tudo, afinal, é atuação. “O barato da profissão do ator é que pode englobar muitas coisas. O que eu faço no ‘Greg News’ é atuação, é um personagem-apresentador. O que faço no ‘Porta’ é atuação, são esquetes”, contextualiza. “Esse é o barato da profissão do ator. São mil formas de atuar e a dublagem é uma das formas de atuação mais difíceis, com tanta restrição e desafios”.

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Engana-se, aliás, quem pensa que Gregório ficou preso na forma de criar a voz e a personalidade de Bob para a versão brasileira. Ele teve o que todo ator e dublador quer: liberdade. Segundo Duvivier, ele sequer ouviu o que Simon Pegg fez na versão em inglês — já que também não fazia sentido seguir o mesmo caminho, com sotaque irlandês. Seguiu o seu caminho. Com isso, fica impossível não perguntar: ele se acha uma pessoa sortuda? Afinal, tudo parece estar operando a seu favor: está descobrindo novos filmes com a filha, tendo liberdade em trabalhos que gosta de verdade. “Muito, eu me considero muito sortudo. Eu sou muito sortudo. Pra começar, eu trabalho à beça em um país que é complicado no mercado audiovisual. Estou sempre emendando um trabalho legal no outro. Isso já é uma sorte enorme. Tenho uma família incrível e muito saudável, acabei de ter uma filha espetacular. Acho que não tem sorte maior do que essa”, conta o ator. “É doido: eu sou ateu, não acredito em religião, mas sou supersticioso como todo brasileiro. Eu não acredito em Adão e Eva, mas não passo debaixo de uma escada nem ferrando. São duas ficções, mas a gente escolhe no que acreditar. Eu escolhi acreditar na sorte, talvez por me sentir em dívida com a sorte”.

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Matheus Mans

Jornalista especializado em cultura e tecnologia, com seis anos de experiência. Já passou pelo Estadão, UOL, Yahoo e grandes sites, sempre falando de cinema, inovação e tecnologia. Hoje, é editor do Filmelier.

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