‘Pieces of a Woman’ se destaca no Festival de Toronto e trilha caminho para Oscar ‘Pieces of a Woman’ se destaca no Festival de Toronto e trilha caminho para Oscar

‘Pieces of a Woman’ se destaca no Festival de Toronto e trilha caminho para Oscar

Após exibição em Toronto e prêmio no Festival de Veneza, ‘Pieces of a Woman’ começa a ser tornar uma das certezas da temporada de prêmios

Matheus Mans   |  
15 de setembro de 2020 18:49
- Atualizado em 24 de abril de 2021 14:03

Pode anotar no caderninho: ‘Pieces of a Woman‘, novo longa-metragem do cineasta húngaro Kornél Mundruczó (de ‘Deus Branco‘ e ‘Lua de Júpiter‘), tem tudo para ser um dos grandes títulos da temporada de premiações em 2021. Afinal, após exibições elogiadas esta semana no Festival de Toronto e prêmios no Festival de Veneza, o filme ganha tração e o título de “favorito”.

E não é pra menos. Estrelado por Vanessa Kirby (‘The Crown’) e Shia LaBeouf (da franquia ‘Transformers’), o longa-metragem é daqueles socos no estômago bem dados. Mistura de ‘História de um Casamento‘ com ‘Manchester à Beira-Mar’, o filme fala sobre um casal destroçado. Só que aqui o motivo não é desavenças. É a morte da filha recém-nascida.

Kirby e LaBeouf são os protagonistas do longa-metragem dirigido por Mundruczó (Crédito: Divulgação/TIFF)

A partir daí, o casal reage de diferentes maneiras. Ela é mais introspectiva, se fecha, se cala e admite o tempo todo a sua dor. Ele, enquanto isso, tem rompantes explosivos. Grita, bate, xinga. No entanto, parece não conseguir admitir seu sofrimento. São opostos em seu próprio luto, em suas próprias dores. E, de quebra, ainda tem a mãe da esposa (Ellen Burstyn) no meio.

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“A evolução dessa história foi muito simples”, contou Mundruczó em coletiva de imprensa realizada esta semana no Festival de Toronto. “A roteirista Kata Wéber começou a escrever diálogos em um caderno com o nome ‘Pieces of a Woman’. Especificamente, um diálogo entre uma mãe e filha. Era uma perspectiva única para um assunto muito difícil e bonito”.

Execução do filme

Tudo isso conta ainda com direção estilosa de Mundruczó. Os primeiros trinta minutos do longa-metragem, que mostram o parto e a consequente morte do bebê, são todos filmados em plano-sequência. Sem cortes. É quase como se o espectador fosse convidado a entrar nesse momento absolutamente sem fôlego do casal, que vê a vida se esvair nos braços.

Depois disso, como o próprio título sugere, o roteiro de Mundruczó e da roteirista Kata Wéber (também de ‘Deus Branco’) vai mostrando os “pedaços” dessa mulher. Quebrada pelo luto da filha que perdeu precocemente, ela tenta se reerguer. Juntar os cacos. Mas nunca consegue. São pedaços de uma mulher que ficam pelo caminho, recheados de tristeza.

“Primeiramente, o desenvolvimento dessa história não foi do tipo intelectual, sabe?”, conta a roteirista Kata Wéber também na coletiva de imprensa. “Assim, foi algo muito emocional e isso refletiu muito na história. Como Kornél disse, eram apenas diálogos. Nunca quis escrever um roteiro com isso. Mas eu queria falar sobre minha própria experiência”, revela.

‘Pieces of a Woman’ no Oscar

Premiado no Festival de Veneza pela atuação de Vanessa Kirby e aclamado em Toronto, ‘Pieces of a Woman’ já começou a gerar aquele tradicional burburinho para o Oscar. Para a crítica internacional, é difícil que a Kirby não concorra ao prêmio de Melhor Atriz na temporada de 2021. Ellen Burstyn (‘Réquiem para um Sonho’) também começa a ser comentada.

Além disso, vale dizer, a Netflix comprou o longa-metragem. É daqueles com chance de ser ‘História de um Casamento’ dessa temporada, concorrendo forte nas categorias de atuação. No entanto, vale dizer, há um longo caminho pela frente. E a Netflix tem uma quantidade enorme de filmes com potencial de concorrer ao Oscar.

Mas na coletiva, Burstyn chamou a atenção, justamente, para a carga emocional das atuações. “Houve uma sinergia ali”, contou a atriz. “Eu olhei para o rosto da Vanessa Kirby é a pretensão, a ficção sumiu. Eu estava apenas ali, com a minha filha. Ela é minha filha naquele momento. Havia vida entre nós nesse momento. Sem essa conexão, o texto não brilharia”.

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