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‘Rosalina’ é a fanfic de ‘Romeu e Julieta’ que Jane Austen poderia ter escrito
Estrelado por Kaitlyn Dever, ‘Rosalina’ é uma releitura e reimaginação da famosa obra romântica de William Shakespeare
Aos nos depararmos com a pergunta de qual é a história romântica mais famosa e influente do mundo ocidental, certamente muitos de nós pensarão automaticamente em ‘Romeu e Julieta’. Ainda que não tenhamos lido o romance de William Shakespeare, todos o conhecemos de alguma forma, seja em sua forma teatral ou em alguma adaptação cinematográfica. Mesmo sem conhecer os detalhes, todos sabemos que a história dos amantes adolescentes termina em tragédia.
Além do valor literário de seus versos, os elementos básicos da história podem parecer, aos olhos modernos, bastante estúpidos. Ou, pelo menos, é nessa tese que se constrói ‘Rosalina‘, uma comédia romântica feita para zombar da tragédia shakespeariana e do que ela representa. O filme estreia nesta sexta, 14, no Star+.
Embora Rosalina Capuleto seja pouco mencionada no texto de Shakespeare como o primeiro interesse amoroso de Romeu Montéquio, aqui a história é contada a partir de sua perspectiva (interpretada pela excelente Kaitlyn Dever). Este dispositivo narrativo dá ampla licença para expandir, esclarecer ou simplesmente reescrever certos eventos.
Por exemplo, no texto original de Shakespeare ela não retribui o amor de Romeu (Kyle Allen, de ‘Amor, Sublime Amor‘) – o que muda aqui. No entanto, ela não se atreve a responder quando ele declara que a ama, e ela acha que isso acaba levando-o ao que todos sabemos que vai acontecer: ele acidentalmente conhece Julieta Capuleto (Isabela Merced, de ‘Dora e a Cidade Perdida‘), prima de sua ex-namorada, e a paixão é instantânea. É a partir daqui que o roteiro, escrito a quatro mãos por Scott Neustadter e Michael H. Weber (de ‘500 Dias com Ela’) e baseado no romance ‘When You Were Mine’, de Rebecca Serle, entra plenamente nas convenções da comédia romântica: “girl meets boy”, mas há um obstáculo para que eles acabem juntos. Nesse cenário, a garota é Rosalina, cujo pai (Bradley Whitford) quer casá-la com um rapaz de perspectivas promissoras, Dario (Sean Teale). O obstáculo é que ela não está interessada devido à sua obsessão em evitar que Julieta se apaixone por Romeu. Ou ela está apenas chateada e o quer de volta? Esse tipo de caso de amor, é importante dizer, não é novidade para o gênero. Mas o resultado aqui é particularmente engraçado tanto pelos esforços do elenco (Dever e Merced, em especial, sempre arrancam gargalhadas), quanto pela desconstrução do mito do amor romântico que o filme propõe.
‘Rosalina’, a fanfic da obra de Shakespeare?
Embora o romance que nasce entre Romeu e Julieta seja o gatilho para a narrativa, o filme é a história de Rosalina. É ela que vemos lidando com as expectativas da família, suas incômodas idas e vindas com Dario, querendo proteger Julieta e, finalmente, se rendendo às consequências de seus atos egoístas. A protagonista poderia muito bem ser uma personagem tirada do universo literário de Jane Austen (mais antenada com as sensibilidades do século XXI) em vez do de Shakespeare. Os roteiristas a escrevem como uma mulher que anseia por independência, experiências e um propósito próprio, além de apenas se casar. Ela é indiferente às belas palavras de Romeu, e sua decepção a leva a questionar suas expectativas românticas iniciais. É um pouco estereotipado nesse sentido, como o próprio filme: ironicamente, uma comédia romântica estruturada nos clichês e convenções do gênero, mas que zomba do amor romântico jovem em sua forma mais longa e trágica. Em certos casos que não revelaremos aqui, a história se torna contraditória com os ideais e aspirações de seu protagonista. Com o material que ela tem, no entanto, a diretora Karen Maine (da comédia adolescente francamente superior ‘Yes, God, Yes‘) entrega um produto comandado de forma eficiente. ‘Rosalina’ pode não ser tão inteligente quanto quer que acreditemos, mas carregado nos ombros de Isabela Merced e principalmente Kaitlyn Dever, o resultado é hilário.