Filmes

Sidney Poitier, primeiro ator negro a vencer o Oscar, morre aos 94 anos

Sidney Poitier, uma das figuras mais importantes na luta por representatividade racial no cinema norte-americano, morreu aos 94 anos. A morte foi confirmada pela Variety nesta sexta-feira (7), mas a causa ainda não foi divulgada.

Com uma carreira com mais de sete décadas, Poitier ganhou reconhecimento ao se tornar o primeiro negro a vencer o Oscar de Melhor Ator por seu trabalho em ‘Uma Voz nas Sombras’, em 1963. O prêmio veio em um momento histórico muito importante, uma época em que os Estados Unidos ainda viviam sob diversas leis de segregação racial e, naturalmente, um período em que Hollywood não se importava com a falta de representatividade nas produções cinematográficas.

Depois de Poitier, demoraria 38 anos para que outro ator negro, Denzel Washington, vencesse na mesma categoria com ‘Dia de Treinamento’.
Cena do filme ‘No Calor da Noite’, em que Sidney Poitier atuou no papel do protagonista Virgil Tibbs (Crédito: Divulgação/Mirisch Company)

🎞 Quer saber as estreias do streaming e dos cinemas? Clique aqui e confira os novos filmes para assistir!

Publicidade

O astro, que era um das últimas estrelas vivas da Era de Ouro de Hollywood, ficou conhecido principalmente pelos filmes ‘Ao Mestre, com Carinho’, ‘Adivinhe Quem vem para Jantar’ e ‘No Calor da Noite’, todos lançados em 1967. Além de estrelar, Poitier também dirigiu os filmes ‘Aconteceu num Sábado’ (1974), ‘Loucos de Dar Nó'(1980) e ‘Hanky Panky, Uma Dupla em Apuros’ (1982). Em 2002, foi homenageado pela Academia em 2002, recebendo o Oscar pelo Conjunto da Obra e toda sua contribuição ao cinema. Sua última aparição no Oscar foi em 2014, quando apresentou o prêmio de Melhor Diretor ao lado da atriz Angelina Jolie.

Vida e obra de Sidney Poitier

Sidney Poitier nasceu prematuro e doente em Miami, Flórida, quando seus pais, agricultores de tomate das Bahamas, tinham ido para lá vender seus produtos. A fragilidade do bebê era tanta que, na época, seu pai encontrou um agente funerário e comprou um caixão do tamanho de uma caixa de sapatos. Eventualmente o bebê se recuperou e sua família voltou para Cat Island, ilha bahamense. Quando ele tinha 10 anos, eles se mudaram para a capital, Nassau e, caçula de sete irmãos, Poitier abandonou a escola aos 13 para ajudar no sustento da família. Com tantas adversidades, em uma de suas autobiografias, ‘Uma Vida Muito Além das Expectativas’ – que saiu no Brasil, em 2010 – , o ator conta a história de quando sua mãe consultou uma vidente para descobrir o que aconteceria com ele. “Ele crescerá e viajará por quase todos os cantos do mundo. Caminhará ao lado de reis. Será rico e famoso”, teria profetizado a visionária. Poitier foi inicialmente rejeitado pelo American Negro Theatre por causa de seu sotaque, mas acabou sendo levado para um período experimental de três meses. Ele fez sua estreia na Broadway em ‘Lysistrata’ em 1946. Suas nove falas foram suficientes para chamar a atenção de um crítico do The Sun. E a partir daí, ele não parou mais.
Sidney Poitier ao lado de Katharine Hepburn no sucesso ‘Adivinhe Quem Vem para Jantar’, de 1968 (Crédito: Divulgação/Columbia Pictures)
Durante a cerimônia do Oscar, em 2002, quando ele levou sua segunda estatueta, Poitier disse que achava a premiação “o máximo”. “[Antes] filmes com negros não eram produzidos. Mas havia quem visse a humanidade como uma família, e não como senhores e escravos. Fui escolhido para o papel de um médico negro [em ‘O Ódio É Cego]. Com isso, [o cineasta] Joseph L. Mankiewicz inspirou pessoas pelo mundo todo. Tínhamos uma democracia segregacionista, que não permitia que os negros participassem da sociedade. Era um resíduo da escravidão.” Para além das telonas, Poitier também foi um notório ativista pelos direitos civis, recebendo a Medalha Presidencial da Liberdade pelo presidente Obama, em 2009. Ele também foi Embaixador das Bahamas no Japão entre os anos de 1997 e 2007. Chester Cooper, primeiro-ministro das Bahamas, prestou tributo a Poitier. “Entrei em um conflito de sentimentos, de tristeza e celebração, quando descobri que Sidney Poitier tinha morrido. Me senti triste porque ele não estaria mais aqui para dizermos o quanto ele é importante, mas celebrei o tanto que ele fez para mostrar ao mundo que aqueles que têm as origens mais humildes podem mudar o mundo.”

Siga o Filmelier no FacebookTwitterInstagram e TikTok.

Redação Filmelier

As notícias de filmes e streaming direto da nossa redação.

Notícias recentes

Coppola sobre EUA: “Nossa democracia parece com Roma quando perdeu sua República”

Em seu novo filme 'Megalopolis', o diretor divide opiniões em Cannes

3 horas atrás

Crítica de ‘O Homem dos Sonhos’: manual de autodestruição

Com um contido Nicolas Cage, 'O Homem dos Sonhos' é uma ácida desconstrução da fama…

8 horas atrás

Crítica de ‘Amigos Imaginários’: alegria e fugas mentais

‘Amigos Imaginários’ (‘IF’) é uma proposta familiar encantadora que brilha por sua originalidade, mas se…

8 horas atrás

‘Belo Desastre – O Casamento’ chegou aos cinemas, saiba tudo sobre o filme de romance de Dylan Sprouse e Virginia Gardner

Tudo o que você precisa saber sobre 'Belo Desastre - O Casamento', a continuação do…

20 horas atrás

Crítica: ‘Back to Black’ segue caminhos tortuosos para falar sobre Amy Winehouse

Diretora Sam Taylor-Johnson mostra dificuldade em descobrir o melhor caminho da cinebiografia que passeia entre…

1 dia atrás

Crítica de ‘Wild Diamond’: adolescente usa beleza como arma em filme de Cannes 2024

O longa estreia de Agathe Riedinger, 'Wild Diamond', é concorrente sério pelo prêmio de atriz…

1 dia atrás