Lançamentos online da semana de 15 de janeiro de 2021

Filmes sobre guerra geralmente são polêmicos, ainda mais quando são norte-americanos. O nacionalismo é sempre o grande destaque e os inimigos geralmente são países explorados e subdesenvolvidos, que muitas vezes se tornam vítimas de um conflito causado por outras nações. Em ‘Zona de Combate’ vemos uma abordagem um pouco diferente disso. Claro que não deixa de ser tendenciosa, mas pelo menos tenta fugir um pouco dos clichês típicos desse tipo de produção. Anthony Mackie e Damson Idris estrelam esse filme de ação e ficção científica que tenta destrinchar o quão complexo são esses conflitos e que a guerra nunca deveria ser uma solução viável. [-]

Este longa-metragem de estreia de Regina King na direção é adaptação de uma peça homônima, escrita por Kemp Powers. E a estreia não poderia ser mais interessante. Afinal, ainda que seja simplista em algumas decisões e um pouco cansativo com tamanha verborragia dos diálogos, o longa-metragem recria o encontro que nunca aconteceu de quatro dos maiores ícones do movimento negro dos anos 1960. É uma conversa deliciosa, que qualquer um tem vontade de participar. Há, aqui, emoção, sentimento, medo, angústia. Felicidade com o que mudou, preocupação com o que continua na mesma. King, enquanto isso, não aceita fazer desse filme apenas uma peça teatral filmada. Ela tem elegância na condução da trama, ajudando a destacar a amizade dessas quatro figuras e, principalmente, ressaltar aspectos do movimento negro dos anos 1960 que ressoam décadas depois. É um filme poderoso, urgente, elegante, necessário, preciso. É só aceitar o formato, entender o estilo e mergulhar na imaginação da trama que, segundo King, é uma história de amor. [-]

Estrelado por Adam DeVine ('A Escolha Perfeita’, ‘Modern Family’') e Gillian Jacobs ('Community', ‘Minha Casa Caiu’), 'Magic Camp' é uma comédia familiar inofensiva, mediana e, portanto, um tanto previsível. Esta é uma produção que deve divertir as crianças com base no carisma de DeVine, embora faça pouco para despertar o interesse do público adulto. No final das contas, acaba sendo como as antigas produções para TV da Disney nos anos 1990: um tanto óbvio e tosco, mas com potencial pra agradar e divertir os mais jovens. [-]

Maisa Silva estreia seu primeiro longa-metragem em parceria com a Netflix Brasil. ‘Pai em Dobro’ é um retrato de uma história muito comum na sociedade brasileira: a ausência paterna - que é mostrada de uma forma menos tensa na produção. A atriz, que cresceu aos olhos do público, se tornou uma grande profissional e isso é nítido — ela se destaca no filme mesmo ao lado de atores mais experientes como Eduardo Moscovis e Laila Zaid. ‘Pai em Dobro’ tem roteiro de Thalita Rebouças, que teve grande parte de seus livros adaptados para o cinema. Dessa vez, ela criou uma história original para a tela e depois escreveu o romance, que foi lançado em 2020. [-]

Estreia de Tyler Taormina em longas-metragens, que assume a direção e o roteiro em parceria com Eric Berger - também estreante nesta função. ‘Ham on Rye’ é uma produção sobre amadurecimento com uma abordagem diferente, quase uma experimento sobre como fazer um longa sobre isso que fuja do padrão e com acontecimentos inesperados. É possível dizer que Taormina se inspirou em David Lynch para compor sua primeira obra e ele chegou a um resultado bem satisfatório, o que deixa o espectador ansioso por mais filmes. [-]

Se você está em busca de uma animação da DC em que o Batman é o protagonista, pode ir tirando seu cavalinho da chuva. Apesar do título, 'Batman: Alma do Dragão' acaba concentrando suas atenções em Richard Dragon e em outros personagens que, geralmente, são mais coadjuvantes — até mesmo a personalidade de Bruce Wayne acaba tendo mais presença do que seu "outro eu" mascarado. No entanto, apesar dessa quebra de expectativas por conta do título, a animação da DC é competente em registrar um universo diferente do personagem e, acima de tudo, ampliar as possibilidades de história. As boas cenas de artes marciais e o clima de anos 1970 acabam roubando a cena, muito por conta da história básica e do vilão enfraquecido. Mas, no geral, dá pra se divertir e viajar nessas novas possibilidades do universo do Batman nas animações. [-]

Depois da parceria com Juliana Rojas no excepcional ‘As Boas Maneiras’, o cineasta Marco Dutra partiu para uma nova parceria com Caetano Gotardo (‘Seus Ossos e Seus Olhos’) com ‘Todos os Mortos’. O tom da produção continua sendo o horror do cotidiano, mas agora com outro foco: o aspecto escravagista e colonialista da sociedade brasileira. Nem de perto tão bom quanto os últimos filmes de Gotardo e Dutra, este longa-metragem acompanha o dia a dia de uma família da alta sociedade de São Paulo na época em que a economia começa a passar por uma intensa transformação por conta do fim da escravidão. As atuações extremamente limitadas e alguns aspectos técnicos sofríveis atrapalham a trama, que ainda tem um roteiro que chega a arrancar bocejos durante alguns momentos. A salvação do filme acaba sendo o desfecho, com uma reviravolta contagiante e que desperta reflexão. Mas de um filme partindo de Gotardo e Dutra, sem dúvidas, espera-se muito mais. [-]

Luccas Neto está de volta em mais uma aventura e, dessa vez, acompanhamos o terceiro filme da série ‘Acampamento de Férias’. Neste novo longa-metragem, o Youtuber e sua irmã Gi precisam se enfrentar em uma competição musical. Essa é uma produção animada, divertida, que vai agradar as crianças e também alguns adultos que estão familiarizados com a linguagem dos filmes de Luccas Neto. ‘Luccas Neto em: Acampamento de Férias 3’ traz uma história que valoriza as amizades e, acima de tudo, a família. [-]

Este curta-metragem conta a história de duas mulheres: Vincenza “Nancy” Kulik, uma avó ítalo-americana de 82 anos que mora em Nova Jersey, e Sophia Loren, que também é uma avó, e ícone do cinema italiano de 86 anos. O filme traça paralelos entre a trajetória das duas. Kulik se lembra de ter encontrado conforto em Loren após a morte de seu filho, Dominic, usando a força dela em seus papéis no cinema, bem como sua capacidade de seguir em frente após a morte de seu marido, o produtor de cinema Carlo Ponti, em 2007. Essa é uma produção diferente e que consegue mostrar que estrelas de semana são acima de tudo humanas. [-]

Desde o início da década de 2010, a Rússia vive um renascimento de seu cinema. De um lado, há produções independentes provocativas, como é o caso de 'Sem Amor' e 'Leviatã'. Por outro, há apostas de estúdios maiores em fazer seu próprio blockbuster internacional, com filmes como 'Os Guardiões' e 'A Sereia'. O curioso, estranho e divertido 'Meu "Querido" Elfo' se encaixa em algum lugar da última categoria. Afinal, aqui, mergulhamos em uma história tradicionalmente infantil, típica de uma Sessão da Tarde qualquer, sobre um elfo doméstico que arma altas confusões com os novos moradores da casa onde reside. Apesar da estranheza dos personagens, dá pra se divertir — por mais que os pequenos, de alguma maneira, possam não simpatizar muito com o personagem que dá título ao longa. [-]

Filmes adolescentes que envolvem romances e alguma doença não são uma novidade -- ‘A Culpa é das Estrelas’, sem dúvidas, foi a produção que abriu essa porteira. Assim, tentando se desvencilhar dessa mesmice, alguns títulos estão começando a ir para um lado de refletir e falar sobre saúde mental. ‘Por Lugares Incríveis’, da Netflix, foi um dos primeiros a fazer isso, cometendo todos os tipos de absurdos possíveis. Agora, ‘Palavras nas Paredes do Banheiro’ segue por um caminho mais sensível e compreendendo os limites e sensibilidades de falar sobre doenças mentais na adolescência -- por mais que, inevitavelmente, haja romantização da situação em alguns momentos. O destaque desse filme de Thor Freudenthal (‘Diário de um Banana’), inspirado num livro de Julia Walton, acaba sendo a atuação de Charlie Plummer que, apesar das limitações, tem se mostrado como um dos atores jovens mais interessantes de sua geração. Pra chorar e se emocionar. [-]

Vamos deixar bem claro: 'Recife Assombrado' não é um filme bom. Apesar das boas intenções do cineasta Adriano Portela, o longa-metragem conta com problemas graves de narrativa e, principalmente, de falhas técnicas — a fotografia exageradamente escura, por exemplo, chega a ser desesperadora. No entanto, não dá para dizer que 'Recife Assombrado' é um filme que pode ser esquecido ou deixado de lado. Seria injusto. Afinal, a jornada de um homem em busca de seu irmão desaparecido numa Recife assustadora, com ares de cinema noir, ajuda o público a embarcar na proposta do filme e criar vínculos com o que está sendo contado. Acima de tudo, fica o diferencial do roteiro em trazer culturas e folclores da região, muitas vezes esquecidos no cinema nacional em detrimento das culturas estrangeiras, muito mais lembradas por aí. Um filme que poderia, e deveria, ser muito melhor. Mas que, dentro de suas limitações, tem certo charme e importância. [-]

De onde veio o crack? Qual a influência dessa droga na cultura mundial e, especificamente, na sociedade americana? São essas e outras perguntas que o documentário ‘Crack: Cocaína, Corrupção e Conspiração’ busca responder na tela da Netflix. Dirigido por Stanley Nelson (do elogiado ‘Os Panteras Negras: Vanguarda da Revolução’), o longa-metragem busca fazer um retrospecto histórico sobre a chegada, a popularização e os desdobramentos do uso de drogas — com especial atenção ao crack e cocaína — na população negra norte-americana. É um documento histórico, bem embasado, e de importante discussão, aprofundando a ferida aberta no coração dos Estados Unidos. Uma pena, porém, que o diretor não vá além do formato entrevistas-arquivo-entrevistas. Fica cansativo e a informação se perde. Mas, ainda assim, vale pela importância da discussão. [-]

Depois de ‘Rocky: Um Lutador’ e ‘Touro Indomável’, parece que os filmes sobre lutadores de boxe seguem uma cartilha pré-programada com suas cenas de luta um tanto quanto óbvias e dramas humanos repetitivos. ‘Terra Selvagem’, infelizmente, segue todas essas fórmulas. Aqui, acompanhamos a jornada de dois irmãos que tentam ganhar a vida com o boxe -- o mais velho, vivido por Charlie Hunnam (‘Rei Arthur’), é uma espécie de agente, enquanto o mais novo, vivido Jack O'Connell (‘Invencível’) é o que dá e recebe as pancadas. O roteiro deste longa-metragem de Max Winkler (‘Flower’) acaba seguindo pelos caminhos mais óbvios possíveis, sem nunca surpreender o espectador. Não é à toa que lá pelos quarenta ou cinquenta minutos de projeção já sentimos um cansaço. No entanto, as boas atuações de Hunnam e O’Connell convencem e seguram a qualidade da produção. Então, é aquilo: quer um filme diferente sobre boxe? Não é a produção mais recomendada. Mas se quiser viajar com essas histórias que já conhece, ‘Terra Selvagem’ é o filme pra você. [-]

Com uma estética e uma narrativa que lembram (e muito!) as recentes comédias 'Te Peguei' e 'A Noite do Jogo', o divertido e curioso 'Jogos Entre Amigos' se vale de uma situação diferente para explorar dramas humanos. No caso, um grupo de colegas que se reúne anualmente para jogar o Buddy Game, uma variedade selvagem de desafios físicos e mentais absurdos, que os levam ao limite da vida. Por mais que o trailer da produção seja mais divertido do que o filme em si, a estreia na direção do também ator Josh Duhamel (de 'Transformers') é leve e descompromissada, como deveria ser. Poderia ser melhor e mais bem executado? Sem dúvidas. Mas, ainda assim, é uma boa maneira de passar o tempo na frente da tela da TV, bebendo refrigerante e comendo um imenso balde de pipoca. [-]

O livro 'O Capital', do economista Thomas Piketty, se tornou um fenômeno. Afinal, a publicação busca compreender de modo simples, sem ser simplória, o estado da economia global e a questionar, principalmente, o acúmulo de capital nas mãos de poucos — vide as fortunas de Jeff Bezos e Elon Musk. Agora, as ideias, reflexões e provocações do livro são transportadas para a tela no competente documentário 'O Capital no Século XXI'. O longa, dirigido por Justin Pemberton ('Love, Speed and Loss'), acerta ao trazer a essência das páginas em entrevistas bem conduzidas e recortes bem intencionados — inclusive com algumas cenas muito bem encaixadas de filmes, dando uma dimensão mais interessante e inédita à obra de Piketty. No entanto, fica o aviso: o documentário é mais uma porta de entrada às reflexões do economista do que exatamente uma mudança de mídias. [-]

Escrito e dirigido por Renuka Shahane, ‘Três Corpos, Uma Dança’ acompanha três gerações de uma família e trata sobre vidas disfuncionais. Um intrigante drama indiano sobre o quão complicadas são as relações familiares - em qualquer lugar do mundo e especialmente em diferentes culturas - e o como são complexas as falhas humanas neste cenário. [-]

Embora lançado com o título simples de ‘Ultraman: O Filme’, esta produção na verdade adapta a série de televisão ‘Ultraman Geed’, a 29ª edição da popular ‘Ultraseries’ do Japão, conhecida mundialmente como ‘Ultraman’. Por este motivo, o filme apresenta uma mitologia que pode confundir quem só conhece a série pela sua versão clássica de 1966. No entanto, não é preciso muito para compreender e poder desfrutar dos elementos que desde o início caracterizaram a série: o super-herói gigante que luta contra monstros igualmente colossais. [-]

Filmes de terror tendem a ser melhores quando há um subtexto - evidente ou nem tanto - por trás dos sustos e da violência, como é o caso de 'Sombras do Terror'. É um filme que leva as convenções do gênero para falar de algo mais profundo — no caso, os ciclos intermináveis ​​de abusos que os adolescentes tendem a sofrer nas escolas. A metáfora aqui não é totalmente sutil, mas é um filme divertido bem executado dentro de seus parâmetros. [-]

Uma comédia surpreendentemente interessante sobre cinco mulheres que passam a vender sobremesas com maconha para pagar um tratamento de câncer. Já ouvimos essa história antes com ‘Breaking Bad’, mas essa versão é mais leve. O elenco de ‘Receita Secreta’ não é tão conhecido, ainda mais no Brasil, mas isso não é nenhum problema. Os atores entregam boas atuações e garantem boas risadas. [-]