J. Robert Oppenheimer foi um físico dos Estados Unidos que entrou para a história como o criador da bomba atômica, que mudou o curso da humanidade. E é sobre essa história que se conta em Oppenheimer, longa-metragem de Christopher Nolan (Tenet) que mergulha nos recursos, medos, facetas e várias vidas do norte-americano. Freqüentemente comparado a Prometeu, o titã que roubou o fogo dos deuses e o entregou à humanidade, Oppenheimer é dissecado ao longo de três horas, seja através de suas relações, amigos, ideias, trabalhos e outros aspectos. Ele é uma figura complexa, mas que é interpretada brilhantemente por Cillian Murphy (Peaky Blinders), um ator perfeito para um papel nada simples. E apesar de alguns vícios de Nolan na direção, insistindo em jogar desnecessariamente com a temporalidade da trama ou inserir elementos abstratos de maneira caprichosa, Oppenheimer é mostrado como o filme mais maduro do cineasta, que aceita os desafios e sabe criar um longa denso sem entediar. Uma produção difícil, quase impossível, que não se rende aos esquemas do cinema comercial e nos faz perceber que Oppenheimer está entre nós, como uma ameaça invisível que nunca quis ser. Leia mais em nossa crítica completa.
20 Dias em Mariupol é um filme chocante – para dizer o mínimo. Afinal, o longa-metragem ganhador do Oscar de Melhor Documentário é o resultado de um trabalho arriscado de Mstyslav Chernov, jornalista ucraniano que decidiu ficar na cidade que dá nome ao filme até quando os russos já estavam entrando com tanques pelas ruas. A partir daí, em um relato com muito sangue e lágrimas, acompanhamos o registro cru do que aconteceu nesses 20 dias de cerco em Mariupol, com uma narração bastante pessoal de Chernov acrescentando detalhes dos horrores dessa guerra. Um filme forte, que exige compromisso do espectador, e que nos faz questionar muitas coisas – do que move uma guerra até a ética do jornalismo.
Para o espectador ocidental, Godzilla pode parecer um monstro de filmes puramente espetaculares, famoso recentemente pelo MonsterVerse da Warner Bros., inaugurado pelo filme de 2014. No entanto, é preciso lembrar que se trata de um personagem criado no Japão e que, embora tenha uma longa história de filmes de monstros um tanto bobos, encontra suas raízes na história do país asiático com os desastres nucleares. 'Godzilla Minus One' é um retorno a essas raízes, situando a história após a Segunda Guerra Mundial e com uma narrativa profundamente humana com o monstro como antagonista. Isso não significa que seja um filme carente de espetáculo visual: pelo contrário. No entanto, ele realiza o difícil equilíbrio entre entretenimento e uma narrativa profunda que, sim, deixará você tão chocado quanto emocionado.
Depois de "O Fantástico Sr. Raposo", o diretor Wes Anderson (Asteroid City) mais uma vez adapta uma obra de Roald Dahl em "A Incrível História de Henry Sugar", um curta exclusivo da Netflix em que o cineasta leva ao extremo todas as marcas de seu estilo característico. O resultado é uma peça genial que brinca com diversos níveis narrativos: a história é contada pelo próprio Dahl (Ralph Fiennes), que narra como o egocêntrico e excêntrico milionário Henry Sugar (Benedict Cumberbatch) descobre um caderno com as anotações que um médico (Dev Patel) faz sobre as experiências de um místico de circo (Ben Kingsley), um homem que aprendeu a "ver sem usar os olhos". Toda a idiossincrasia de Wes Anderson é levada às últimas consequências neste curta-metragem, então não fará você mudar de ideia se for um de seus críticos. No entanto, os fãs vão desfrutar de um verdadeiro deleite em que o diretor demonstra que o artifício de seu cinema não impede que alcance verdades profundas e emocionantes com suas histórias. Leia mais na nossa crítica de "A Incrível História de Henry Sugar".
A grande maioria dos filmes de ficção sobre o Holocausto aborda, de uma forma ou de outra, a brutal violência que suas vítimas sofreram. Mas com Zona de Interesse (The Zone of Interest), o diretor Jonathan Glazer aborda o outro lado da moeda: os mecanismos de cumplicidade que permitiram que tais atrocidades ocorressem. A trama segue Rudolf Höss (interpretado por Christian Friedel) e sua família, instalados confortavelmente em uma casa de campo, um paraíso privado separado do campo de concentração de Auschwitz apenas por uma cerca de concreto. Sem expor nunca violência desnecessariamente gráfica, o filme analisa mais seus origens e suas consequências, permitindo assim ver as maneiras como a história e seus perigos se repetem até os dias atuais. Leia mais na crítica completa de Zona de Interesse.