‘Tudo Bem’ traz leveza ao tratar de romance na pandemia de coronavírus ‘Tudo Bem’ traz leveza ao tratar de romance na pandemia de coronavírus

‘Tudo Bem’ traz leveza ao tratar de romance na pandemia de coronavírus

Caio César fez sua estreia na direção com ‘Tudo Bem’, que mostra um outro lado do âmbito em que estamos vivendo

28 de outubro de 2020 14:02
- Atualizado em 9 de abril de 2021 11:10

A pandemia de coronavírus jogou um balde de água fria no mercado cinematográfico em 2020 – e nos planos de muita gente. Premiações, festivais e até a forma como o cinema é consumido teve que mudar. Esse período foi importante para novas alternativas, o crescimento do streaming e o surgimento de novas ideias, que influenciaram conteúdos de cinema, como ‘Feito em Casa’, da Netflix, ou ainda o documentário ’76 Days’.

Produções leves também são bem-vindas e é esse o gancho de ‘Tudo Bem’, filme nacional sobre um outro lado da pandemia. O diretor Caio César se aventurou em seu primeiro curta-metragem e o resultado foi mais que satisfatório. Com mais de 168 mil visualizações no YouTube, a trama já virou tema de lives, debates virtuais em escolas e até estudos psicológicos.

Diretor de 'Tudo Bem' traz leveza ao tratar de romance em curta sobre pandemia de coronavírus
Daniel Rangel e Heslaine Viera estrelam ‘Tudo Bem’ (Foto: Reprodução/Ruan Lopes)

Na narrativa, Hugo é um jovem morador do subúrbio do Rio que conhece a universitária Dandara antes da crise do coronavírus. Sem nenhum contato com a moça, ele passa o período da quarentena imaginando se conseguirá encontrá-la novamente – ao mesmo tempo em que precisa lidar com as duras consequências da pandemia na sua própria casa.

“Eu queria falar nessa primeira oportunidade do que estamos vivendo na pandemia”

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“Eu sempre tive esse desejo de produzir, quis fazer cinema, mas não consegui e fui fazer jornalismo. Eu queria falar nessa primeira oportunidade do que estamos vivendo na pandemia e que fosse muito real, urgente e presente”, diz o diretor ao Filmelier. Ele pontua que cada membro da equipe colaborou com a construção da história de alguma forma.

O diretor usou como base histórias reais para construir sua narrativa

O cineasta de 25 anos conta uma história esperançosa e que faz o espectador refletir sobre o turbilhão de sentimentos que esses últimos meses trouxe. Para escrever o roteiro, Caio se inspirou em relatos de amigos e experiências pessoais. “Quem não teve essas pequenas paixões no decorrer da pandemia, relacionamentos que se misturaram, foi um momento de muita carência emocional para todo mundo. A gente queria mostrar o quão vulneráveis as pessoas estavam”, comenta o cineasta.

“Foi meu primeiro curta e eu jamais imaginei que ia conseguir realizar essa produção em um momento como este. Conseguimos realizar o curta através do edital Cultura Presente nas Redes, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, e foi um orçamento muito pequeno, teve ainda um investimento de dinheiro próprio – família e amigos ajudaram. Basicamente as pessoas vieram por uma história, consegui trazer minha equipe, pessoas que conheci trabalhando na TV Globo, e que atraí de outros trabalhos e a cereja do bolo que é o elenco”, completa ele.

Os atores Daniel Rangel, Heslaine Viera e André Luiz Frambach fizeram ‘Malhação’ e aceitaram trabalhar no curta sem cachê. Eles foram convidados pelo diretor e aceitaram assim que leram o roteiro. Rangel descreveu a produção como um marco histórico que retratou uma geração e isso foi muito importante para o ator. “Tinha uma importância muito maior para ele do que mim, que era a produção do meu primeiro curta. Para esses atores era importante colocarem os rostos em algo que fosse realmente interessante e que fosse relevante para esse tempo, isso foi bastante especial”, conta o diretor.

“A gente sempre quis fazer uma coisa humana”

Produções sobre covid-19 costumam ser pesadas e, por conta disso, Caio César quis mostrar um lado menos duro em sua produção. “Eu queria não ser seduzido pela vontade de falar sobre o problema macro, sobre a doença e as questões que são obviamente muito importantes, as pessoas morrendo. Eu quis falar sobre vidas que foram modificadas ou que estão sendo modificadas por conta disso tudo, e foi assim que surgiu a ideia.”

Diretor de 'Tudo Bem' traz leveza ao tratar de romance em curta sobre pandemia de coronavírus
Caio César assumiu a direção pela primeira vez e já recebeu uma resposta positiva do público (Foto: Reprodução/Ruan Lopes)

“Eu acho que a gente sempre quis fazer uma coisa humana, bonita e que fosse um abraço para quem está assistindo. Desenvolvemos um roteiro com uma história de fácil identificação, o público alvo sempre foi o público jovem/adolescente. Pensamos em desenvolver uma narrativa que fosse atraente para eles”, completa ele.

O cineasta pontua que outro fator que deve ter ajudado na popularidade do curta é que o foco não são as desgraças da pandemia, por mais que fale de morte, acaba sendo um conteúdo mais leve para quem está assistindo.

O que vem por aí?

O diretor tem planos para uma continuação de ‘Tudo Bem’. Nada foi decidido ainda, no entanto é provável que o romance de Hugo e Dandara ganhe outros capítulos. O diretor ainda não definiu o formato para continuar a trama, que pode virar uma série, outro curto ou um longa-metragem, quem sabe?

Caio César se descobriu cineasta em meio a pandemia mas trabalha também como diretor de imagens da Rede Globo. Atualmente está no programa Encontro com Fátima Bernardes e já passou por novelas como ‘Malhação’, ‘Órfãos da Terra’ e ‘A Dona do Pedaço’.

“Eu estou em um momento de retomada do trabalho na TV, que tem sido um processo bem lento e desafiador para todo mundo na televisão, que está descobrindo e redescobrindo como produzir. E nesse meio tempo agora eu tenho minha própria descoberta de uma voz, que é criativa e uma equipe criativa junto comigo que está confiando que vá sair mais coisas. É sempre um peso muito grande imaginar qual será o próximo passo. Eu, sinceramente, não gostaria que fosse uma continuação de ‘Tudo Bem’, gostaria de explorar novas possibilidades antes de retornar essa história, mas estou aguardando oportunidades”.

E você, se apaixonou na pandemia?

Como o curta fala de romance em plena pandemia, o diretor dá um dica para quem se envolveu durante esse período: “O conselho que eu daria para quem se apaixonou na pandemia é pegue o telefone da pessoa, não faça igual ao Hugo. A maior quantidade de comentários que tem sobre o filme é por que esse garoto não pegou o telefone dela, por que ele não foi mais incisivo? É isso, aproveitar o tempo que tem e as tecnologias”.

Se você ainda não viu ‘Tudo Bem’, o curta está disponível gratuitamente no YouTube e continuará assim. “O curta como foi produzido pelo edital tinha essa prerrogativa de que fosse exibido de maneira pública e que não poderia ser manipulado ou comercializado de alguma forma com interesses lucrativos. Essa obra não saíra do YouTube”, explica Caio.

Veja aqui mais informação de ‘Tudo Bem’ e como faz para assistir ao curta online.

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