O romance ‘Emma’, de Jane Austen, já ganhou diversas adaptações. Nos cinemas, a mais famosa foi a de 1996, com Gwyneth Paltrow, que deu um ar despretensioso na história da garota que quer mandar no casamento de todos ao seu redor. Isso sem falar da versão de 1997, com Kate Beckinsale, e uma minissérie esquecível de 2009. Agora, a clássica história ganha uma releitura moderninha sob a batuta da conceituada fotógrafa e estreante em direção Autumn de Wilde. Bebendo do estilo de ‘Maria Antonieta’, de Sofia Coppola, o filme investe em cores, cenários e fotografia deslumbrantes para dar uma sensação de história mais antenada com a realidade. E isso funciona. A protagonista Anya Taylor-Joy (‘Vidro’) vive uma Emma detestável, como é no livro, mas cheia de camadas. Enquanto isso, Mia Goth ('Suspiria') e Bill Nighy (‘Questão de Tempo’) fazem as vezes de escapes cômicos, com atuações divertidíssimas. Fãs das adaptações bucólicas dos romances de Austen podem se decepcionar. É preciso estar aberto às novas experimentações com essas histórias, que já chegaram numa saturação difícil de superar ao longo dos últimos anos.
O filme vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes de 2019 e do Oscar de Melhor Filme em 2020 é um daqueles que precisa ser visto. Embora a história se passe na Coreia do Sul, o comentário social sobre a desigualdade de 'Parasita' é tão universal quanto magistralmente apresentado pelo diretor Bong Joon-ho ('Okja'), auxiliado por um elenco cujas performances são realmente dignas de nota. O cineasta sul-coreano consegue nos envolver com uma história eletrizante e cheia de adrenalina, que brinca com todas as expectativas de ser uma sátira social divertida e de humor ácido. Todas as reviravoltas inesperadas da trama, bem como sua conclusão chocante, fazem deste um longa-metragem que o deixará pensando por muito após os créditos finais.
‘Jojo Rabbit’ é, sem dúvida alguma, um dos mais surpreendentes filmes da temporada de premiações de 2019-2020. O diretor Taika Waititi (‘O Que Fazemos nas Sombras’ e ‘Thor: Ragnarok’) usa a mente infantil de uma criança para, com muito humor, apresentar os males do extremismo. Em prol de líderes que nunca vemos e por meio de lavagens cerebrais que preferimos não enxergar, lutamos guerras, repetimos preconceitos e pregamos ideais que pouco tem a ver com nós mesmos. Destaque para as atuações de Scarlett Johansson, Sam Rockwll e do próprio Waititi, mas o show é mesmo dos jovens Roman Griffin Davis e Thomasin McKenzie. Não é, definitivamente, uma história para todos os gostos e há mais drama e lágrimas do que os divertidos trailers deixam transparecer, mas certamente é um filme que precisa ser assistido – e que, infelizmente e assustadoramente, ecoa muita coisa do mundo de hoje.
Sucesso nos videogames da Sega (principalmente no Mega Drive) nos anos 1990, o Sonic retorna em um filme cheio de nostalgia, que mira justamente aquelas crianças do passado que, hoje, cresceram e vão levar seus filhos ao cinema. ‘Sonic: O Filme’ entrega tudo isso em um roteiro que tem seus deslizes e situações forçadas, mas que constrói um trecho emocionante e cheio de ação em seu último ato - que quase compensa todas as falhas. O famoso ouriço está lá, visualmente muito parecido com o dos jogos (muito por causa das reclamações dos fãs na internet, que não gostaram do visual do herói no primeiro trailer), e o elenco ainda conta com James Marsden (o Ciclope da primeira trilogia ‘X-Men’) e Jim Carrey (que traz todos os seus trejeitos já conhecidos para o vilão Robotnik, mas tem os seus bons momentos na trama).
Dirigido por Ang Lee (‘O Tigre e o Dragão’), ‘Projeto Gemini’ entrega tudo que se espera de um thriller de ação estrelado por Will Smith, em um roteiro que parece uma mistura da franquia ‘Bourne’ com ‘Eu, Robô’. O elenco ainda conta com Mary Elizabeth Winstead (‘Duro de Matar 4.0’), Clive Owen (‘Mandando Bala’) e Benedict Wong (‘Doutor Estranho’). O personagem principal é um agente do governo que se envolve com um conflito contra uma versão mais jovem de si mesmo, o que traz questões éticas, morais e até paternais. Se o filme não consegue nos envolver com o seu verniz psicológico, o principal diferencial é a tecnologia: com a ajuda da computação gráfica, recria-se um Will Smith 30 anos mais jovem.