O grande papel de Babu Santana foi como protagonista na cinebiografia ‘Tim Maia’. Aqui, ele interpreta o próprio “síndico” em fases emblemáticas e, principalmente, em seu período de decadência e de problemas de saúde. A similaridade física com o cantor e compositor de ‘Gostava Tanto de Você’ e ‘Azul da Cor do Mar’ impressiona, assim como a vitalidade de Babu em representar os dilemas morais, éticos e de personalidade de Tim Maia. Com esse papel, o ator recebeu o troféu de melhor ator no Grande Prêmio Brasileiro de Cinema.
Um dos filmes mais elogiados do cinema brasileiro, ‘Estômago’ insere o público na vida de Raimundo Nonato (João Miguel), um homem que vai pra cidade grande em busca do “grande sonho”: ter uma vida melhor. Depois de descobrir um talento nato para a cozinha, porém, o protagonista acaba sendo engolido pelo poder e comete um crime. E é neste ponto da narrativa que entra Babu. Ele interpreta Bijú, o antagonista de Nonato na prisão. Os dois, afinal, tentam tomar controle do presídio por diferentes meios. Ainda que João Miguel esteja cativante, Babu Santana consegue roubar a cena em diversos momentos. E ainda: recebeu troféu do Grande Prêmio Brasileiro de Cinema. Agora, para coadjuvante.
Singelo, sutil e delicado, ‘Café com Canela’ é um filme sobre pessoas. Fala sobre a humanidade de cada um, assim como seus desafios, alegrias e provações. É lindíssimo. Babu Santana não aparece muito, mas rouba a cena completamente como um médico gay que tenta superar um período de luto. Um monólogo, em particular, é estonteante: traz emoção, força e um controle absoluto sobre o texto. Ainda que ‘Tim Maia’ seja o papel de maior destaque de Babu, foi em ‘Café com Canela’ que ele mostrou suas facetas como ator.
Outra parceria entre Babu e o diretor Marcos Jorge, de ‘Estômago’. Desta vez, Babu é Santana, o funcionário de um canil que passa o dia recolhendo cachorros abandonados nas ruas. Sua vida tem uma virada, porém, ao capturar o cachorro bravo de Nenê, papel do protagonista Lázaro Ramos. É aí que as coisas saem de controle e o filme ganha impulso. Por mais que as atenções estejam todas direcionadas ao papel de Lázaro, Babu funciona como um catalisador de sentimentos e histórias, com toda sua potência física. Um papel bem diferente dos outros que fez, alternando entre a emoção e a fisicalidade de Santana.
Filme que dispensa apresentações. Afinal, esta produção de Fernando Meirelles conquistou o coração de público, crítica e até mesmo da indústria cinematográfica do exterior -- foi indicado ao Oscar de Melhor Direção, Roteiro Adaptado, Edição e Fotografia em 2004. Um recorde absoluto. Babu, infelizmente, não conta com um papel de muito destaque por aqui. Mas vale a pena ressaltar sua participação como Grande, morador da favela Cidade de Deus. Afinal, este foi o primeiro papel como ator profissional nos cinemas, quando Babu ainda assinava seus papéis com seu nome de batismo: Alexandre Santana. Ótimo começo.