Não poderíamos começar de maneira diferente senão com ‘Atlantis: O Reino Perdido’. A mais subestimada animação da Disney, o longa-metragem empolga com a jornada de personagens desajustados, facilmente encantadores para o público, que tentam encontrar o que há por trás do mito da cidade perdida de Atlantis. Mistura de ‘Piratas do Caribe’ com ‘Waterworld’, o empolgante ‘Atlantis: O Reino Perdido’ consegue cumprir quase todos requisitos que uma boa animação precisa ter: bons personagens, trama interessante, foco bem definido, um romance para fazer suspirar. Pode ter alguns defeitos, mas não dá para ignorar a jornada de Milo, com trabalho de voz de Michael J. Fox (‘De Volta para o Futuro’).
Após a morte de Walt Disney, seu estúdio de animação começou gradualmente a cair em uma série de fracassos de crítica e bilheteria, brevemente mitigados pela estreia de 'Bernardo e Bianca' em 1977. Inspirado nos dois primeiros livros de 'As Crônicas de Prydain', de Lloyd Alexander', 'O Caldeirão Mágico' foi o primeiro fracasso real que representou perdas para a Walt Disney Animation Studios, em parte devido a mudanças ordenadas pela nova diretiva do estúdio, em parte porque o primeiro longa-metragem de animação sem o envolvimento de animadores veteranos (os "Nove Anciãos da Disney"), e em parte porque tinha uma direção de arte e temas muito sombrios para o público do Mickey Mouse. ‘O Caldeirão Mágico’ entrou para a história, talvez de forma injusta, como um dos pontos mais baixos na história do renomado estúdio, embora não esteja abaixo da grande qualidade visual de suas produções da época.
Filme injustiçado, que ficou mais conhecido por uma rápida imagem de uma mulher nua em uma janela -- e que, posteriormente, foi apagada em novos lançamentos. ‘Bernardo e Bianca’, para longe desse estigma, é uma aventura despretensiosa de dois ratinhos que trabalham resgatando necessitados por aí. Nesta primeira jornada da dupla, de 1977, o público é convidado a acompanhar Bernardo e Bianca na missão de salvar uma pequena e indefesa órfã. É um filme simples, sem muitas inovações por parte de seu trio de diretores, mas que deve divertir e deixar os mais pequenos empolgados com essa história tão sincera.
E se o filme original está na lista, não poderia faltar também a boa e inusitada continuação, lançada 13 anos depois. ‘Bernardo e Bianca na Terra dos Cangurus’ repete a boa essência do longa-metragem original, com personagens simpáticos e uma trama simples, mas encantadora. Aqui, especificamente, Bernardo e Bianca decidem partir para a Austrália para, novamente, resgatar uma criança em apuros. Perde-se um pouco da delicadeza da história original, apostando numa trama mais artificial e truncada, sem muito vínculo real com o espectador. No entanto, ainda assim, a saga dos dois ratinhos nas costas de um albatroz ainda deve suscitar algumas boas emoções a partir de objetivos tão naturais.
Vagamente inspirado no romance de mesmo nome de Daniel P. Mannix, 'O Cão e a Raposa' é hoje considerado um clássico subestimado da Disney, embora na época não tenha sido muito bem recebido pela crítica nem inteiramente bem-sucedido nas bilheterias. O filme foi marcado por um período particularmente difícil para o estúdio. Afinal, após o sucesso de 'Bernardo e Bianca', esperava-se que a Walt Disney Animation Studios ressurgisse em uma nova "era de ouro". No entanto, é a última produção que contou com a participação dos "Nove Anciões da Disney" (animadores lendários que trabalharam em todas as produções até então desde a primeira, 'Branca de Neve e os Sete Anões'), e foi lançada para competir com o estúdio rival fundado por Don Bluth, outro de seus ex-animadores. No entanto, 'O Cão e a Raposa' é por si só uma história comovente sobre o triunfo da amizade, que continua a fazer qualquer um chorar até hoje.