Dependendo de quem você perguntar, 'Amores Expressos' pode ser considerado o terceiro ou quarto longa-metragem do grande cineasta de Hong Kong, Wong Kar-Wai ('Amor à Flor da Pele'), pois foi feito durante uma pausa na produção de 'Cinzas do Tempo', e foi lançado no início do mesmo ano. O certo é que o filme marcou o seu primeiro sucesso indiscutível em Hong Kong e atraiu maior atenção do público internacional, com um estilo visual e narrativo marcadamente próprio, enfatizando histórias desconexas e fragmentadas sobre amor e desgosto através de imagens de cadência hipnótica. Em total contraste com suas produções anteriores, 'Amores Expressos' é um filme que traz o melhor de sua visão, filmado por puro ímpeto criativo de um espírito independente em menos de um mês.
Uma linda animação francesa em stop-motion, que revela o mundo através dos olhos de uma criança e aborda temas como o amor e o abandono. A história - sobre um filho que perde a mãe e vai viver com outros órfãos - tem o seu lado dramático e emotivo, mas a forma com que é retratada traz uma grande delicadeza, coração e bom humor.
Na superfície, ‘First Cow: A Primeira Vaca da América’ é um filme simples. Acompanhamos a história de um americano (Cookie, vivido por John Magaro) que conhece um homem chinês (King-Liu, por Orion Lee) durante uma expedição no coração dos Estados Unidos no século XIX. No entanto, logo a diretora Kelly Reichardt (‘Wendy e Lucy’) coloca uma vaca nessa equação. Isso mesmo. Tal qual o animal que cai dos céus em ‘Um Conto Chinês’ se torna um catalisador para algo maior, em ‘First Cow’ o mesmo acontece. Só que, neste caso, a vaca acaba sendo a fonte de dinheiro de Cookie e King-Liu, que roubam leite dessa primeira vaca da região -- que é de propriedade de um rico empresário (Toby Jones). A partir daí, acompanhamos dois efeitos interessantes. Primeiramente, como a amizade desse americano e desse chinês (talvez representando a força de uma parceria comercial dessas duas potências) é forte, resiliente, complementar. Um sabe cozinhar, outro tem a experiência da gastronomia e do comércio. Do outro lado, com esses roubos insistentes do leite do rico empresário, vemos Reichardt colocar o pilar do capitalismo em xeque. Afinal, o que acontece quando um bem, geralmente sob propriedade de uma só pessoa ou empresa, é explorado por trabalhadores diversos, com ideias e criatividade ao máximo? É isso que vemos brilhantemente retratado na tela, numa trama lenta e contemplativa, mas poderosa.
Quem conhece a filmografia do cineasta Leos Carax já pode partir do princípio que ‘Annette’ não é um filme que possa ser colocado em uma caixinha, com conceitos pré-definidos - ainda que não seja tão peculiar quanto o trabalho anterior do cineasta, ‘Holy Motors’. O longa-metragem é um fruto da mente dos músicos Ron e Russell Mael, da banda de pop rock Sparks. Dessa forma, temos um musical que foge dessa nomenclatura e de todos os clichês que Hollywood inseriu dentro do gênero. Um relacionamento tóxico é o fio condutor da história, estrelada por Marion Cotillard (‘Piaf’, ‘A Origem’) e Adam Driver (‘História de Um Casamento’), que é ainda mais abalado com a chegada de um bebê, a Annette. Este é um filme diferente, inesperado e, ainda assim, consegue despertar a curiosidade para mais narrativas que fujam de padrões. O longa traz inspirações no trabalho de cineastas como Jean-Luc Godard e em ‘Os Guarda-Chuvas do Amor’, de Jacques Demy.
Filme absolutamente hilário. Tudo muito real, todo o desespero da família querendo saber dos namoradinhos, da faculdade e coisas do tipo. Enquanto isso, a jovem protagonista (muito bem interpretada pela iniciante Rachel Sennott) precisa dar tudo de si para lidar com a presença de seu "sugar daddy" no mesmo ambiente que toda sua família. A trilha sonora com pegada de filme de terror também é uma ótima sacada. Difícil não se divertir. Pena que, mesmo tendo menos de 80 minutos, o filme acabe se repetindo e cansando um pouco. Mas tudo bem. As boas risadas valeram a pena.