Depois de tentar a sorte como atriz, a franco-senegalesa Mati Diop estreia como roteirista e diretora de longas-metragens com ‘Atlantique’, um drama fascinante e hipnótico com toques de suspense e surrealismo, misturando temas como amor, dever e migração. Entre outras indicações e prêmios ao redor do mundo, o filme fez história como o vencedor do Grand Prix no Festival de Cannes de 2019, fazendo de Diop a primeira mulher de ascendência africana premiada no festival e a primeira a ter um trabalho como parte da seleção oficial.
Baseado em uma história real (ainda que com algumas liberdades poéticas, ainda mais em seu último ato), ‘Infiltrado na Klan’ conta o momento no qual um policial negro (interpretado por John David Washington, filho de Denzel Washington) conseguiu se infiltrar na organização extremista Ku Klux Klan. Nos encontros presenciais ele, claro, era substituído por outro oficial, branco, vivido por Adam Driver (‘Star Wars: O Despertar da Força’). Apesar de serem eventos passados, o filme reverbera acontecimentos extremamente atuais, criticando o atual governo dos EUA (e do presidente Donald Trump) – além de recapitular a origem da KKK a partir do filme ‘O Nascimento de uma Nação’. A direção é de Spike Lee (‘Faça a Coisa Certa’), que conquistou o júri de Cannes ao vencer o Grand Prix de 2018.
Um dos grandes filmes do Festival de Cannes de 2017 e vencedor do Grand Prix. Porém, ‘120 Batimentos por Minuto’ é mais do que isso. Trata-se de um grito de toda uma geração, que ficou frente a frente com o fantasma do HIV e da Aids e que também via o governo e as grandes indústrias farmacêuticas negarem ajuda. O diretor Robin Campillo (roteirista de ‘Entre os Muros da Escola’), no entanto, conta essa história com muita emoção e coração, com foco nos protagonistas interpretados pelo trio Nahuel Pérez Biscayart, Arnaud Valois e Adèle Haenel (de ‘Amor à Primeira Briga’). Uma história tocante, para abrir nossos olhos e nos mostrar a importância do amor, da alegria e da luta pelo que acreditamos.
Após 12 anos sem contato, um escritor vai ao encontro de sua família para informá-los que irá morrer em breve. O passado ressurge de maneira implacável e a situação acaba saindo do controle. Infelizmente, o contexto familiar tende muitas vezes a ser opressivo, pesado e claustrofóbico. Nos jugam por nossas escolhas, decisões, sentimentos e atitudes - em uma espiral de ressentimento que vai permeando toda a vida. Neste filme, o diretor Xavier Dolan visita esses sentimentos de forma quase teatral, com longos diálogos e ótimas interpretações. Se você está procurando fazer uma autoterapia e avaliar o seu próprio relacionamento com a família, aqui está um ótimo começo.
Outubro de 1944, campo de Auschwitz-Birkenau. Saul Ausländer é um húngaro que integra o Sonderkommando, grupo de prisioneiros judeus forçados a ajudar os nazistas no extermínio em larga escala. Trabalhando nos crematórios, Saul descobre o corpo de um garoto que acredita ser seu próprio filho. Uma história pesada, mas reveladora sobre os horrores da Segunda Guerra Mundial. Porém, o longa-metragem usa imagens discretas, sabendo o que mostrar (e, muitas vezes, o que não mostrar diretamente) para chocar o público. 'Filho de Saul' é, por alguns momentos, quase insuportável de assistir - e, até por isso, necessário.