Obviamente, a base mais aguerrida de fãs de ‘After’ não vai reclamar, de forma alguma, de que a franquia está caminhando para seu quinto filme — sim, não acaba com ‘After: Depois da Promessa’. No entanto, lá se vão dois filmes que nada acontece. Nada. No primeiro, foi feita a apresentação dos personagens. Ok. No segundo, há uma tensão entre Tess (Josephine Langford) e Hardin (Hero Fiennes Tiffin) com a chegada de um terceiro elemento. No entanto, no terceiro filme, acabou.
Publicidade
Parece que os roteiristas simplesmente desistiram de desenvolver qualquer tipo de trama.
A “história” do novo ‘After’
‘After: Depois da Promessa’ começa exatamente logo após os acontecimentos do terceiro capítulo da história. A vida de Tess e Hardin está um caos, principalmente pelo contexto familiar que os envolve. O tio é o pai, a figura paterna desaparecida reaparece, traições são reveladas… Tudo que aconteceu, literalmente, nos últimos dez ou quinze minutos do terceiro longa-metragem. Agora, o jovem casal precisa lidar com esses acontecimentos de fora do relacionamento enquanto a relação entre eles também passa por apertos, já que estão se afastando e não veem meios de reencontrar.
Neste quarto capítulo, o roteiro de Sharon Soboil (o mesmo de ‘After: Depois do Desencontro’) deixa as questões familiares um pouco de lado — ainda que o pai de Tess tenha um papel central no desenrolar da história — para falar sobre o complicado relacionamento dos dois, que tentam retomar a paixão avassaladora do início de namoro. E… é isso. Não tem nada a mais na história, nada além sendo contado. São idas e vindas, amores e desamores, encontros e desencontros. As coisas não saem do lugar. É um roteiro em looping, com uma trama que se repete o tempo todo. Fica difícil compreender que um filme que poderia ser resumido em 20 minutos leva mais de 90 minutos para, no final, ainda anunciar que a história continua em um quinto longa-metragem. É surreal. Os fãs certamente vão comprar ingressos, vão aos cinemas, vão se emocionar, vão até xingar muito no Twitter e reclamar com aqueles que não gostarem — eu mesmo senti esse movimento no filme anterior. Mas só. Não tem a mínima chance de alguém, qualquer pessoa que seja, falar que ‘After: Depois da Promessa’ é bom, regular ou razoável. É ruim mesmo. Bomba. Até mesmo a franquia ‘Cinquenta Tons‘ consegue ir além, criando uma história policial insana nos capítulos seguintes. Não faz muito sentido, mas pelo menos percebe-se que há algum esforço de história. Em ‘After’, nem isso. É caça-níqueis simples e puro. Não tem nada de cinema aqui. E enquanto o terceiro filme até despertou uma curiosidade mórbida em saber como a história continuaria, com um vazio narrativo tão pesado, agora nem isso. Há apenas uma tristeza profunda em saber que há tantas histórias por aí que não são contadas, enquanto ‘After’ recebe tanta atenção por aí.
Jornalista especializado em cultura e tecnologia, com seis anos de experiência. Já passou pelo Estadão, UOL, Yahoo e grandes sites, sempre falando de cinema, inovação e tecnologia. Hoje, é editor do Filmelier.