Cannes bate recorde com maior número de mulheres na seleção oficial de 2021

Ontem, 4, o Festival de Cannes divulgou as produções que fazem parte da seleção 2021 e o mais surpreendente foi a quantidade de mulheres na direção. 18 cineastas aparecem na lista (tem o nome de um realizador estreante, Na Jiazuo, que é uma incógnita para o conhecimento ocidental) – incluindo competição, Un Certain Regard e Cannes Première, categoria mais recente.

No entanto, sabemos que esse número, por mais seja uma conquista para o lado feminino no mercado cinematográfico, ainda é baixo. Considerando que de 24 filmes que concorrem à Palma de Ouro, apenas quatro são de realizadoras femininas.

Em toda a história do festival, que está na 74º edição, apenas uma mulher venceu o prêmio. Jane Campion levou o prêmio por ‘O Piano’, em 1993. Desde então, a categoria nunca sequer selecionou mais de quatro mulheres na competição.

Cena de ‘O Piano’, filme estrelado por Holly Hunter (Foto: Reprodução/Miramax)
As indicadas de 2021 são: Ildikó Enyedi (‘Corpo e Alma’) com ‘A Feleségem Története (The Story of My Wife)’, produção da Hungria; a francesa Mia Hansen-Love (‘O Que Está Por Vir’) com sua ‘Bergman Island’; a também francesa, Catherine Corsini com ‘‘La Fracture’, que retorna à Cannes depois de ‘A Repetição’, de 2001. E, por último, tem Julia Ducournau (‘Raw’) com ‘Titane’, outro filme da França.

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A cartada do próprio diretor do festival, Thierry Fremaux, é que eles não se baseiam em gênero na Seleção Oficial para a escolha dos filmes. “Desde 1946, não aplicamos nenhum critério além do das obras, não do gênero dos artistas. Entretanto, em caso de empate no processo de programação entre dois filmes, optaremos pelo que foi dirigido por uma mulher. Mas ainda há um progresso imenso a ser feito. Em muitos países, a presença de mulheres não é forte o suficiente. A boa notícia deste ano é para o cinema francês, no qual vemos avanços reais”, disse ele ao IndieWire na semana passada, antes de divulgarem as produções de 2021. Pelo visto, desde 1993, não houve nenhum empate para escolher a Palma de Ouro, já que apenas homens ganharam. Fica a esperança para que em breve isso possa acontecer. Vale lembrar, que este ano, no Oscar e no Globo Ouro, Chloé Zhao venceu o prêmio de melhor direção, por ‘Nomadland’. Ambas as premiações também só haviam premiado uma mulher até então: Kathryn Bigelow (‘Guerra ao Terror’) no Oscar e Barbra Streisand (‘Yentl’) no Globo de Ouro. No panorama geral, dos 63 filmes selecionados, incluindo os fora da competição, apenas 18 deles são dirigidos por uma ou mais mulheres. É um percentual bem baixo, sendo apenas 29% da programação.

Confira abaixo todos os filmes da Seleção Oficial de Cannes 2021 com direção e/ou co-direção feminina:

Seleção Oficial Competitiva, o que concorrem ao Palma de Ouro:
  • ‘A Feleségem Története (The Story of My Wife)’, de Ildikó Enyedi (Hungria)
  • ‘Bergman Island’, de Mia Hansen-Love (França)
  • ‘La Fracture’, de Catherine Corsini (França)
  • ‘Titane’, de Julia Ducournau (França)
Un Certain Regard:
  • ‘Freda’, de Gessica Généus (Haiti)
  • ‘Bonne Mère’, de Hafsia Herzi (França)
  • ‘Noche de fuego’, de Tatiana Huezo (México)
  • ‘Unclenching the fists’, de Kira Kovalenko (Rússia)
  • ‘Women Do Cry’, de Mina Mileva e Vesela Kazakova (Bulgária)
  • ‘La civil’, de Teodora Ana Mihai (Romênia / Bélgica)
  • ‘Un monde’, de Laura Wandel (Bélgica)
Cannes Première:
  • ‘Jane Par Charlotte’, de Charlotte Gainsbourg (França)
  • ‘Mothering Sunday’, de Eva Husson (França)
Fora de Competição
  • ‘De son vivant’, de Emmanuelle Bercot (França)
  • ‘Aline’, de Valérie Lemercier (França)
Sessões Especiais
  • ‘The Year of Everlasting Storm’, de Jafar Panahi, Anthony Chen, Malik Vitthal, Laura Poitras, Dominga Sotomayor, David Lowery e Apichatpong Weerasethakul

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Raíssa Basílio

Jornalista de cultura e entretenimento. Já passou pelo Papelpop, UOL e Revista Claudia escrevendo sobre beleza, moda, cinema, música e TV, e também trabalhou com produção na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Foi redatora do Filmelier.

Escrito por
Raíssa Basílio

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