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‘King Richard’ deve colocar Will Smith no radar do Oscar 2022

É difícil não conhecer Venus e Serena Williams. Mesmo quem não acompanha tênis, no mínimo, já ouvi falar das irmãs. Mundialmente conhecidas e colecionadoras de títulos, as duas mudaram a história do esporte – majoritariamente branco e que só dá oportunidades para pessoa ricas.

O filme ‘King Richard: Criando Campeãs’, que estreia aos cinemas brasileiros nesta quinta (2) e que chega ao HBO Max em meados de janeiro, conta a história de Richard Williams (interpretado por Will Smith), pai das atletas, que elaborou um plano de carreira para as filhas antes mesmo do nascimento delas.

Todo ano temos um lançamento nos cinemas que é a cara do Oscar – os chamados Oscar Baits – e ‘King Richard’ se adequa bem a esta descrição. Claro que isso não é um problema. Precisamos de produções motivacionais com mensagens positivas e, não só isso, narrativas com afrodescendentes como protagonistas e fora das perspectivas habituais – escravidão, humilhação e sofrimento.
Will Smith, Saniyya Sidney e Demi Singleton em ‘King Richard’ (Crédito: Divulgação/Warner Bros. Pictures)

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Os Williams, Richard e Oracene (agora com o sobrenome Price, pois se divorciou de Richard em 2002), lutaram muito para que as filhas, no total cinco, tivessem oportunidades na vida. Pode ter sido uma trajetória dura, mas que deu muitíssimo certo no final. Venus Williams assinou seu primeiro contrato com 15 anos – na época, o valor foi de US$ 12 milhões.

Conquistas das irmãs Williams

Dos quatro principais torneios do tênis – os conhecidos Grand Slam – Venus conquistou quatro Abertos da Austrália (2001, 2003, 2009, 2010); dois Roland Garros (1999, 2010); seis Wimbledon (2000, 2002, 2008, 2009, 2012) e dois US Open (1999 e 2009). Já Serena Williams se tornou a maior tenista da história colecionando, 23 títulos de Grand Slam: sete Abertos da Austrália (2003, 2005, 2007, 2009, 2010, 2015, 2017); três Roland Garros (2002, 2013, 2015); sete Wimbledon (2002, 2003, 2009, 2010, 2012, 2015, 2016) e seis US Open (1999, 2002, 2008, 2012, 2013, 2014). Partes das conquistas elas fizeram juntas, jogando em duplas. As duas foram líderes do ranking mundial e se alternavam no primeiro e no segundo lugar, inclusive chegando a se enfrentar também em diversos jogos. Com esse histórico, claro que Venus e Serena mereciam ganhar um filme, mas ‘King Richard: Criando Campeãs’ foca no pai delas.

Criando campeãs

Com direção de Reinaldo Marcus Green (‘Monstros e Homens’), o filme mostra como Richard Williams (Smith) planejou futuro das filhas, traçando cada etapa do seu projeto sem perder o foco no objetivo final. Desde que as meninas eram pequenas, ele e mãe delas, Oracene (Aunjanue Ellis), as treinavam para jogar tênis em uma pequena quadra em um bairro de Compton, Califórnia. Produções biográficas costumam seguir um padrão e o filme não foge disso – o que não chega a ser um problema. ‘King Richard’ é melodramático e esperançoso, principalmente pois já sabemos que as garotas foram bem sucedidas na vida.
Saniyya Sidney é Venus Williams em ‘King Richard’ (Crédito: Divulgação/Warner Bros. Pictures)
As atrizes Saniyya Sidney e Demi Singleton interpretam Venus e Serena, respectivamente, na história. Se Will Smith está ótimo como o ambicioso Richard, Sidney e Singleton estão impecáveis como as tenistas. Os três, somados a Aunjanue, Ellis contemplam um ótimo elenco – que ainda tem Jon Bernthal fazendo o papel do carismático treinador Rick Macci. Na trama, vemos que o mundo se fechou para Richard Williams, pelo menos no começo. Ninguém queria treinar as meninas de graça, por mais incríveis que elas fossem. Ele batalhou muito – foi atrás de diversos técnicos – para que alguém notasse o talento das futuras campeãs mundiais. Apesar de todas as dificuldades financeiras, ele não desistiu e o resto é história. Macci foi um dos que reconheceu o dom de Venus e Serena. “Você tem o próximo Michael Jordan”, diz ele para Richard em uma das fala do filme, o pai responde “Não. Eu tenho os dois próximos”. Ele não mentiu!

Será que o Oscar vem?

Will Smith foi indicado ao Oscar por sua performance de Muhammad Ali na cinebiografia ‘Ali’ (2001) e por ‘À Procura da Felicidade’ (2006). Ele, infelizmente, nunca ganhou embora merecesse tantas outras vezes, uma delas é o caso de ‘Um Homem Entre Gigantes’ (2015), em que ele sequer foi lembrado pela Academia. Depois do Oscars So White, que começou exatamente em 2015, pode ser que as portas voltem a se abrir para Smith e que ele seja reconhecido por ‘King Richard: Criando Campeãs’. O personagem dele é bem diferente do que geralmente vemos do ator, dessa vez ele vive um pai de família levemente problemático, complexo, arrogante e que foge da persona carismática e gentil que estamos acostumados a ver nos outros trabalhos de Will Smith.
Will Smith como Richard Williams em ‘King Richard’ (Crédito: Divulgação/Warner Bros. Pictures)
Alguns detalhes da vida de Richard foram apenas pincelados – como seu casamento anterior e seus outros filhos. O foco aqui é como ele transformou as filhas nas melhores tenistas do mundo. Ele tentou ser o melhor pai que conseguiu para as meninas e ir além de barreiras raciais – e também financeiras. Entrando em um jogo que envolvia mais politicagem do que esporte, Richard Williams cumpre com êxito sua tarefa e Venus Williams é a primeira das meninas a se profissionalizar no esporte. ‘King Richard’ tem sequências de pura tensão das partidas de tênis, extremamente bem feitas por Reinaldo Marcus Green.

Serena Williams descreve ‘King Richard’ como “surreal”

O longa consegue emocionar, é difícil segurar as lágrimas quando vemos a consagração de Saniyya Sidney como Venus. Se produções de esportes continuam seguindo a mesma fórmula há anos, uma coisa é certa, ela dá certo e este filme é a prova disso. Serena Williams participou de uma entrevista coletiva e contou o que sentiu quando assistiu a ‘King Richard’: “Honestamente, nenhuma palavra descreve isso melhor do que apenas ‘surreal,’ só de ver essas atrizes incríveis e todos por trás disso retratando a jornada de nosso pai. Por mim e minha irmã, é realmente tipo, ‘Uau, sério, ok? Somos realmente algo? É realmente super surreal para mim,” contou ela.  Para fechar o filme da melhor forma possível, assim que sobem os créditos a sala de cinema é inundada pela voz de Beyoncé. A faixa ‘Be Alive’ foi composta especialmente para o longa e, possivelmente, pode também receber uma indicação ao Oscar.

Veja aqui mais informações sobre ‘King Richard: Criando Campeãs’ e o link para a compra d ingressos. O filme está em cartaz nos cinemas.

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Raíssa Basílio

Jornalista de cultura e entretenimento. Já passou pelo Papelpop, UOL e Revista Claudia escrevendo sobre beleza, moda, cinema, música e TV, e também trabalhou com produção na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Foi redatora do Filmelier.

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