Mercado de streaming

Para voltar a crescer, Netflix estuda realizar fusões e aquisições no futuro

O mercado de entretenimento, em geral, vive atualmente um período de consolidação. Vimos, nos últimos anos, fusões e aquisições entre grupos como Disney e Fox, Amazon e MGM, WarnerMedia e Discovery, entre diversos outros exemplos. E a próxima a aparecer nessa lista pode ser a Netflix.

Na última terça (20), durante uma conferência com investidores, Spencer Wang, que é vice-presidente de finanças, desenvolvimento corporativo e relações com investidores na empresa americana, abriu o jogo ao ser questionado sobre o assunto – “sem falar de nenhuma oportunidade em específico”, garantiu.

Sede da Netflix em Los Gatos, Califórnia (Foto: divulgação / Netflix)
“Eu diria que, como uma companhia, nós estamos olhando diversas formas que ajudem a acelerar o crescimento do nosso negócio, incluindo fusões e aquisições. Então você deve pressupor que olhamos para muitas, muitas coisas diferentes. E já falamos no passado que estamos abertos a ativos de conteúdo que possam ajudar a acelerar o nosso crescimento, coisas como propriedades intelectuais que possam ser desenvolvidas em séries e filmes originais”, explicou Wang.

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“Além disso, bibliotecas de filmes e de TV pode ser interessantes, também. Nós vemos isso no lado dos games [que são adaptados para outras mídias]”, completou Wang. O caso descrito pelo executivo é muito parecido com o da Amazon, que adquiriu a MGM recentemente. Afinal, o estúdio já não é, há muito tempo, uma força dentro da indústria do cinema, mas acumula um catálogo relevante de filmes e séries – que podem render novos filmes e séries para a empresa fundada por Jeff Bezos. No entanto, o vice-presidente da Netflix elencou alguns obstáculos para futuras transações. Entre eles, que muitas bibliotecas de conteúdo tem limitações de uso, sócios e muito mais – é o caso da franquia 007 na MGM, por exemplo. “Então [esses conteúdos] têm valor limitado para a gente, já que a nossa prioridade máxima é crescer a base do negócio Netflix”, afirmou. Vale ressaltar que a empresa se mostra bem calculista para essas possíveis aquisições: se o preço por uma companhia for muito maior do que o que ela tem, vale mais gastar esse dinheiro em produções próprias.

Quem a Netflix poderia comprar?

Há diversos rumores sobre estúdios à venda em Hollywood. Um deles é a A24, de vencedores do Oscar como ‘Moonlight‘ e ‘Euphoria’, que estaria pedindo um valor entre US$ 2,5 bilhões e 3 bilhões. No entanto, a produtora não teria um cartel de propriedades intelectuais como deseja a Netflix, apenas o seu catálogo de longas-metragens anteriores e o bom faro para produzir filmes elogiados em festivais e vitoriosos em premiações do cinema.
A franquia John Wick, estrelada por Keanu Reeves, poderia ser uma interessante propriedade para a Netflix (Foto: divulgação / Lionsgate / Imagem Filmes)
Já a Lionsgate estaria procurando um comprador desde 2018. O estúdio tem um catálogo de propriedades mais interessante, incluindo franquias como ‘Jogos Vorazes’, ‘Rambo‘, ‘Divergente‘, ‘John Wick‘, ‘Os Mercenários’, ‘Crepúsculo’, ‘Entre Facas e Segredos‘, ‘Hellboy‘ e os direitos de adaptação de ‘Power Rangers’. O grupo também é dono da Starz, que, além de ter canais de TV paga, possui a plataforma Starzplay e tem os direitos de distribuição de uma interessante biblioteca de filmes e séries. Há cerca de dez anos, era o Starz que fornecia a biblioteca de filmes e séries que fez da Netflix famosa, em um acordo que terminou em 2012. Outro estúdio que poderia ser adquirido é a Amblin, fundada por Steven Spielberg e, hoje, propriedade de grupos como Reliance, Alibaba e Universal. O problema é que a empresa já tem acordos de distribuição com outros estúdios, que provavelmente “travam” o uso por eventuais compradores. ‘E.T.‘, ‘Jurassic Park‘, ‘Homens de Preto‘ e ‘As Aventuras de Tintim’ fatalmente caem nesse caso.

Fusão com um gigante?

Uma aposta mais cara é uma fusão ou até mesmo uma aquisição da Sony Pictures/Columbia Pictures. O grupo japonês é dono da plataforma especializada em animes Funimation e recentemente anunciou a compra da concorrente Crunchyroll, mas não tem uma iniciativa bem-sucedida do gênero com filmes e séries (com exceção do SonyLIV, que opera na Índia). Uma união da Sony/Columbia com a Netflix poderia ser um caminho interessante, se o custo não for proibitivo para ambas as partes.
A caixa d´água dos estúdios da Sony Pictures, em Culver City, Califórnia (Foto: Renan Martins Frade)
Outra possibilidade, talvez ainda mais cara, é a NBCUniversal. Parte da Comcast, o grupo tem 33% do Hulu e a plataforma Peacock, além dos estúdios Universal Pictures e Focus Features, o canal aberto NBC e até a empresa de ingressos de cinema Fandango. É, como se vê, uma jogada que parece (até aqui) longe dos interesses de uma empresa especializada em streaming de vídeo.

Aquisições menores

Enquanto isso, a Netflix vai buscando formas de estabelecer uma biblioteca de propriedades para chamar de sua, seja por meio de parcerias pontuais com grandes estúdios, acordos com produtoras independentes ou contratos de licenciamento com mentes criativas de outras áreas, como games e HQs. Um exemplo é a aquisição da Millarworld, em 2017. A empresa, especializada em quadrinhos, foi fundada pelo roteirista Mark Millar e rendeu adaptações como a de ‘American Jesus’ e ‘O Legado de Júpiter’. Nesse sentido, aquisição de estúdios de HQs concorrentes, como Skybound, Top Cow, Archie Comics e tantas outros, também poderiam ser opções. Vamos acompanhar nas cenas dos próximos capítulos.

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Renan Martins Frade

Jornalista especializado em cinema, TV, streaming e entretenimento. Foi por 11 anos editor do Judão e escreveu para veículos como UOL, Superinteressante e Mundo dos Super-Heróis. Também trabalhou com a comunicação corporativa da Netflix. Foi editor-chefe do Filmelier.

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