Após tombo histórico, Netflix anuncia que terá plano mais barato e com publicidade
Precisou ter o pior resultado em sua história para a Netflix mudar de opinião em relação à publicidade na plataforma. Na conferência online com investidores realizada logo após a divulgação do último balanço trimestral, nesta terça (19), o co-CEO Reed Hastings confirmou que a gigante do streaming está planejando lançar um plano com mensalidade mais barata e bancado com anúncios.
Normalmente, esse tipo de plano costuma custar a metade do pacote padrão, sem publicidade. Em teoria, seria algo entre R$ 12,50 e R$ 20 para o público brasileiro, considerando os valores atuais da Netflix. Os pacotes sem qualquer anúncio continuam, com foco naqueles que não querem ter o seu conteúdo interrompido. A intenção da empresa é estudar esse modelo de negócio para aplicá-lo no próximo um ou dois anos.
“Aqueles que seguem a Netflix sabem que somos contra a complexidade da publicidade e grandes fãs da simplicidade da assinatura”, disse Hastins. “Mas mais fã do que isso, eu sou o maior fã da escolha do consumidor. E permitir aos consumidores que eles possam escolher um preço mais barato, e são tolerantes à publicidade para conseguir o que querem, faz muito sentido”.
Publicidade
Como o executivo deixa claro, a plataforma sempre teve como religião ser contra a publicidade para os seus assinantes. Porém, com o aumento de cancelamentos e a pressão de Wall Street para aumentar lucros, passa a ser necessário ter um novo plano com publicidade. De um lado, mais barato para o assinante. Do outro, permite à empresa ganhar mais em cada assinatura.
Nos EUA, o modelo já é adotado por Hulu, Paramount+ e HBO Max, por exemplo – e ele tem ajudando muito na expansão para novos assinantes. O Disney+ é outro streaming que anunciou que adotará o modelo em breve, inclusive no Brasil. Além disso, é possível imaginar que o famoso algoritmo da Netflix, o queridinho da empresa, poderia ajudar a ser mais assertivo na entrega da publicidade. Afinal, da mesma forma que a plataforma sugere novos filmes e séries a partir do que você assiste e gosta, ela tem como entregar anúncios em vídeo baseados nesse mesmo comportamento, aumentando a efetividade e o engajamento. É o famoso ganha-ganha: o usuário ganha uma opção mais barata de assinatura, Wall Street ganha o tão sonhado aumento de assinantes e de receita, enquanto o mercado publicitário ganha mais uma janela para anúncios.
Além disso, o CFO Spencer Heumann também aproveitou a conferência para afirmas que a Netflix “pisar no freio” do gasto com conteúdo e em “não conteúdo” (provavelmente se referindo a investimentos em tecnologia) nos próximos dois anos, focando no aumento de receita. “Estamos tentando ser inteligentes sobre isso, e prudente em termos de recuar parte do crescimento de gastos para refletir a realidade do crescimento de receia do nosso negócio”. Na prática, isso resultará em menos filmes e séries entrando no catálogo da plataforma, principalmente exclusivos. Por outro lado, exigirá uma maior assertividade na hora de garantir produções que deixem os assinantes mais felizes.
Jornalista especializado em cinema, TV, streaming e entretenimento. Foi por 11 anos editor do Judão e escreveu para veículos como UOL, Superinteressante e Mundo dos Super-Heróis. Também trabalhou com a comunicação corporativa da Netflix. Foi editor-chefe do Filmelier.