Com o fim de um ciclo em ‘Star Wars: A Ascensão Skywalker‘, surgiu a dúvida: como a Disney, responsável pela franquia, continuará com a saga? Quais serão os próximos passos, os novos rumos? Agora, no primeiro Dia de Star Wars após o fim da história Skywalker, duas trajetórias são traçadas.
Primeiramente, percebe-se a Disney buscando alternativas para encontrar cineastas que entendam o alcance e a popularidade da franquia. Jon Favreau se tornou o “menino de ouro” do estúdio após emplacar sucessos seguidos, como ‘O Rei Leão’, ‘Homem de Ferro’ e, agora, ‘O Mandaloriano’.
Além disso, Taika Waititi (de ‘Thor: Ragnarok’ e ‘Jojo Rabbit’) se tornou uma realidade dentro desse universo cinematográfico intergalático. Nesta segunda-feira, 4, foi confirmado que ele assumirá a direção de algum filme do universo de Star Wars, mas ainda sem data ou história confirmadas.
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Mas, ainda assim, é preciso entender que vários projetos foram paralisados ou até mesmo cancelados no meio do caminho. Afinal, principalmente depois do fracasso de bilheteria e público de ‘Han Solo: Uma História Star Wars‘, a Disney ligou o sinal de alerta. Percebeu que nem tudo funcionaria. Josh Trank (‘Quarteto Fantástico’) foi demitido de um projeto que se debruçaria sobre a história do caçador de recompensas Boba Fett. Já Dan Benioff e D.B. Weiss (os criadores de ‘Game of Thrones) também abandonaram uma futura trilogia para se dedicar ao acordo com a Netflix. Uma série de filmes comandada por Rian Johnson (diretor de ‘Star Wars: Os Últimos Jedi‘) também chegou a ser discutida e anunciada, mas a Disney nunca mais deu detalhes. O cineasta, em alta por conta de ‘Entre Facas e Segredos‘, se esquiva das perguntas e afirma que não sabe de nada. O que se confirma dentro do universo de Star Wars, assim, são dois caminhos. Por um lado, as séries originais — sejam inspiradas em personagens clássicos ou em ideias novas e originais — que ganham força no Disney+. Por outro, um caminho ainda indeciso nas telas do cinema.
Nas telinhas
O fato é que a Disney deu muita sorte de ‘Han Solo: Uma História Star Wars’ ter fracassado. Afinal, foi depois disso que desistiram de um filme sobre Boba Fett e abriram caminho para a série ‘O Mandaloriano’, comandada por Jon Favreau (de ‘O Rei Leão‘ e ‘Homem de Ferro‘). É um sucesso absoluto. Foi ali, em uma temporada de curtos oito episódios, que surgiu o fenômeno do Baby Yoda. Além, também, de personagens queridos interpretados por atores do calibre de Pedro Pascal (que vive o protagonista Mandaloriano), Werner Herzog (diretor de ‘Aguirre) e Nick Nolte (de ‘Temporada de Caça’). Mais duas temporadas estão encomendadas. Uma já está em produção. E uma outra começará a ser desenvolvida em breve, também por Favreau. Além disso, o Disney+ já prepara uma incursão pelo mundo de Obi-Wan Kenobi, que volta a ser interpretado por Ewan McGregor. Depois do sucesso de ‘Rogue One‘, a série vai mostrar o que houve durante o refúgio do mestre Jedi em Tatooine. Uma visão específica entre os episódios III e IV da saga. Com isso, será criada a esperada conexão entre os filmes e as séries. Histórias maiores poderão encontrar espaço de experimentação por aqui. Ainda bebendo do sucesso de ‘Rogue One’, a Disney pretende explorar novamente a figura de Cassian Andor, espião vivido por Diego Luna. A ideia, assim como a série sobre Obi-Wan Kenobi, é mostrar detalhes e momentos. Aqui, no caso, a chegada de Cassian na Aliança Rebelde. Por fim, junto com a confirmação do filme com Waititi, a Disney anunciou que Leslye Headland (de ‘Russian Doll’) está produzindo e escrevendo uma nova série da franquia para o serviço de streaming. Não há, ainda, detalhes ou uma data de lançamento. O que se vê, então, é uma aposta no novo. Por mais que a produção do Obi-Wan fale sobre um personagem clássico, o estúdio deverá encontrar uma liberdade maior para explorar novos caminhos e personagens. Dessa forma, podem encontrar segurança para voos maiores. Ou saltos no hiperespaço.
Nas telonas
Enquanto isso, os filmes permanecem do lado sombrio. Recentemente, a Disney colocou no calendário a data do próximo filme de Star Wars. Se não ocorrer algum adiamento por conta do coronavírus, fica só para 16 de dezembro de 2022. Mais de dois anos. Mas o que é isso? Quem vai dirigir? Rian Johnson está escanteado, os criadores de ‘Game of Thrones’ abandonaram o barco e uma outra, provavelmente comandada por Kevin Feige (presidente da Marvel Studios, parte do mesmo grupo), não ganhou mais detalhes desde seu anúncio oficial, feito no meio de 2019. A única que vem tomando forma é a de Waititi, vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Adaptado por ‘Jojo Rabbit‘ e diretor de ‘Thor: Ragnarok‘ No entanto, é bom lembrar: a agenda de Waititi está abarrotada. Além de projetos pessoais, ele tem um papel em ‘The Suicide Squad’ (a continuação, dirigida por James Gunn, e não o ‘Esquadrão Suicida’ lançado em 2016). E é claro: será responsável pela direção de mais um novo filme do Deus do Trovão, chamado ‘Thor: Love & Thunder’, a ser lançado em fevereiro de 2022. Com isso, fica inviável que o diretor neozelandês esteja por trás desse novo título de Star Wars. O espaço entre um filme e outro é curto demais. Por isso, mesmo com essas confirmações, fica a dúvida: como esse cenário irá se desenhar daqui pra frente? Esse filme de 2022 se concretizará de fato? E Taika Waititi? Vai comandar um projeto pessoal ou da franquia?
Futuro de Star Wars
Assim, pode-se dizer que o caminho que se desenha para Star Wars é ambíguo. Por um lado, séries começam a mostrar sua força — inclusive na expansão de novos universos. Enquanto filmes se projetam para um futuro muito distante e ainda um tanto quando borrado. Nada de definições. O que se vê é um gosto do público por histórias novas, que explorem o tão querido e polêmico universo expandido — tão negligenciado durante anos e até sob comando de George Lucas. Há histórias de sobra, prontas para adaptação, que resgatariam o espírito de Star Wars e traria novo público. Enfim, apesar das idas e vindas de Star Wars nas mãos da Disney, não dá para dizer que o futuro é incerto. A bilheteria dos três recentes filmes que compõem a saga principal da família Skywalker comprova isso, com ganhos acima do US$ 1 bilhão. Há espaço, público e histórias disponíveis por aí. É preciso apenas ter calma e aguardar por novas histórias intergalácticas. Afinal, como diria Yoda, “sempre em movimento está o futuro”.
Matheus Mans
Jornalista especializado em cultura e tecnologia, com seis anos de experiência. Já passou pelo Estadão, UOL, Yahoo e grandes sites, sempre falando de cinema, inovação e tecnologia. Hoje, é editor do Filmelier.