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Suzane von Richthofen não vai ganhar dinheiro com ‘A Menina que Matou os Pais’

Não adianta. Toda vez que os filmes ‘A Menina que Matou os Pais‘ e ‘O Menino que Matou Meus Pais‘ aparecem nas redes sociais, há um comentário que sempre surge: a ideia de que Suzane von Richthofen e os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos vão ganhar rios de dinheiro, inclusive para refazer a vida após o tempo na prisão, com os direitos autorais.

Não, isso não é verdade. Os dois filmes, lançados nesta sexta-feira, 24, no Amazon Prime Video, falam sobre o crime cometido por Suzane e os irmãos Cravinhos, mas não são baseados em nenhum material realmente produzido por eles — e sim em um crime, de conhecimento público, e que não traz nenhum elemento de direito autoral com ele.

Suzane von Richthofen, interpretada por Carla Diaz no longa-metragem, não vai receber direitos autorais pelos filmes da Amazon (Crédito: Divulgação/Amazon Prime Video)

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Além disso, Raphael Montes e Ilana Casoy, roteiristas dos dois longas-metragens, já falaram mais de uma vez que os dois roteiros são baseados apenas e exclusivamente nos autos do processo. Esse é um dos motivos, inclusive, do projeto ser de dois filmes: um com a versão de Suzane sobre os crimes, outro com a versão de Daniel Cravinhos.

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“Direitos autorais são aqueles relativos à criação de uma obra intelectual e pertencem originalmente à pessoa física. Já a intimidade, a privacidade, o nome, a imagem, as palavras e a biografia de uma pessoa são direitos de personalidade”, explica Marina Bernardes, representante de assuntos jurídicos da Sofá Digital, do mesmo grupo do Filmelier. Enquanto isso, conta Marina, um processo tem a ver com os direitos coletivos a publicidade. É, assim, um princípio que assegura tanto a transparência na atuação do poder público, quanto o acesso da sociedade como um todo às informações de interesse social. Se há algum conflito de direitos costuma prevalecer o direito comunitário. “Neste caso, os filmes foram escritos e produzidos (direitos autorais) para contar a história de pessoas reais (direitos de personalidade) com base nos depoimentos e demais elementos trazidos de um processo judicial transitado em julgado (publicidade)”, exemplifica Marina. “Os fatos são públicos, de forma que não violam nem ensejam a autorização dos direitos de personalidade, e provindos de textos que não são objeto de proteção autoral e cuja publicidade somente pode ser restrita em casos específicos, inexistindo, assim, a obrigação ou necessidade de remunerá-los”.

Sem envolvimento

Além disso, na época que os filmes foram produzidos, o G1 publicou uma matéria afirmando, por meio de declarações das responsáveis pelas obras, Santa Rita Filmes e Galeria Distribuidora, que não havia envolvimento de Suzane ou dos Cravinhos. “Eles não estão envolvidos e tampouco têm contato com atores, produtor, diretor ou equipe”. Nada também de investimento público, Lei Rouanet ou leis de incentivo. As duas produtoras esclareceram, na mesma reportagem, que usaram apenas dinheiro de pessoas e empresas privadas para produzir os dois longas. “Estes filmes são produzidos 100% com investimento privado, sem verba pública”, esclareceram os responsáveis pelo projeto.

Entre Suzane von Richthofen e Ted Bundy

Por fim, além da questão envolvendo dinheiro, vale abrirmos um espaço para comentarmos outro ponto que sempre aparece em redes sociais: uma possível glamourização de Suzane e os irmãos Cravinhos. É recorrente a sensação, por parte do público, de que os dois filmes estariam trazendo alguma visibilidade para os criminosos. Algo positivo.
Mas, de novo, precisamos relembrar da chamada Síndrome do Vira-Lata, termo cunhado por Nelson Rodrigues em uma de seus crônicas. Histórias sobre criminosos reais são produzidas aos montes nos Estados Unidos e elogiadas por aí. É o caso de ‘Zodíaco’, ‘Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal’, ‘Monster: Desejo Assassino’ e até mesmo ‘Psicose’. No entanto, quando contamos uma história de um criminoso brasileiro, como é o caso de Suzane, há uma mudança de postura. Afinal, fica a impressão de que assassinos americanos são sempre aqueles psicopatas perigosos e por vezes excêntricos que causam choque. Já os assassinos brasileiros são sempre pessoas de mau caráter. E apenas isso. Precisamos entender, de uma vez por todas, que nossas histórias também merecem atenção. O cinema brasileiro, com produções recentes como ‘Bacurau’, ‘A Vida Invisível’ e ‘7 Prisioneiros’, recebe atenção do público em todo o mundo. Não há motivo algum para não contarmos nossas histórias, as boas e as ruins, para alcançar pessoas de todos lugares.

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Já aqui você tem mais detalhes e o link para assistir à outra versão, ‘O Menino que Matou Meus Pais’.

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Matheus Mans

Jornalista especializado em cultura e tecnologia, com seis anos de experiência. Já passou pelo Estadão, UOL, Yahoo e grandes sites, sempre falando de cinema, inovação e tecnologia. Hoje, é editor do Filmelier.

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