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‘Top Gun: Maverick’ deixa o “bromance” no passado e exala testosterona

‘Top Gun: Ases Indomáveis’ é uma referência até para quem nunca viu o filme. Trata-se de uma das marcas dos anos 1980 e sua importância na cultura pop é estrondosa – ainda mais quando citamos a música ‘Take My Breath Away’, da banda norte-americana Berlin. Apesar disso, a história demorou para ganhar uma sequência, que chegou com 36 anos de atraso, mas consegue fazer jus e até melhorar a trama original.

Claro que Tom Cruise retornou como o protagonista Maverick em ‘Top Gun: Maverick’, lançado nos cinemas brasileiros na última semana.

O longa original é um reflexo de sua época e – talvez – não converse tanto com o público atual, que foi criado por outras referências cinematográficas. Eu, Raíssa, ainda peguei a fase ‘Top Gun’ – e, apesar de ser fã de filmes da década de 1980, esse, particularmente, nunca me chamou atenção. Com o lançamento da continuação, resolvi finalmente assistir ao original.

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E eu não gostei.
Tom Cruise como Pete “Maverick” Mitchell em ‘Top Gun: Maverick’ (Créditos: Divulgação/Paramount Pictures)

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A produção ficou datada demais. Mesmo batendo na casa dos 30, eu não consegui me relacionar com absolutamente nada na narrativa. Achei a trama confusa, as cenas de ação muito demoradas e o romance insosso. Em suma, não consegui mergulhar na história. O que mais gostei foi da relação de Tom Cruise com Val Kilmer, que entregava muito mais química do que Cruise com Kelly McGillis – que é suposto interesse amoroso dele. Tanto que existem certas teorias de que na verdade ‘Top Gun’ é um filme gay e não uma propaganda militar brega norte-americana.

‘Top Gun’ é um filme gay?

Inclusive, em ‘Vem Dormir Comigo’ (1994), de Rory Kelly, o cineasta Quentin Tarantino faz uma participação explicando que o longa estrelado por Tom Cruise se trata de “uma história sobre a luta de um homem com sua própria homossexualidade”. E, basicamente, a produção toda é uma ode à cultura LGBTQIA+. Assista o monólogo do diretor abaixo:
Muita gente pode não concordar, mas eu passei a gostar mais do longa depois dessa outra interpretação. O produtor de ‘Top Gun’, Jerry Bruckheimer, vê o monólogo de Tarantino como uma coisa boa. “[O diretor] Tony [Scott] e Quentin eram bons amigos”, contou ele à Indiewire em 2021. Se é ou não um clássico gay, a continuação aparentemente dá uma resposta à isso. ‘Top Gun: Maverick’ é completamente o oposto: o filme exala testosterona, e não no sentido homossexual. A história ganhou uma cara nova, mais heterossexual, eu diria. Agora temos um roteiro muito bem amarrado, até mesmo nas participações especiais – no caso de Val Kimer, que teve seus problemas de saúdes adaptados para a trama. As cenas de ação, graças à tecnologia e a dedicação do elenco liderado por Tom Cruise, são espetaculares. Dessa vez, a imersão é fácil, ainda que o filme tenha mais de duas horas de duração. A fórmula do blockbuster funciona muito bem – como já citamos aqui em outros textos. A narrativa te faz rir – algo que se tornou muito popular no cinema nos últimos anos -, emociona e te deixa sem ar nas sequências de treinos dos aviões. A história assume o flerte com outra franquia de sucesso de Tom Cruise, ‘Missão: Impossível’ – em uma escala menor, claro.

As mulheres em ‘Top Gun: Maverick’

Talvez um demérito seja o tratamento feminino, que consegue falhar nos dois longas. Em ‘Ases Indomáveis’, a personagem de Kelly McGillis é pouco desenvolvida. Assim como a de Meg Ryan, elas trocam algumas falas mas não são tão necessárias para o desenrolar da trama.
Jennifer Connelly e Tom Cruise vivem um par romântico em ‘Top Gun: Maverick’ (Créditos: Divulgação/Paramount Pictures)
Por mais que McGillis seja o “par romântico” de Tom Cruise, a narrativa caminharia bem sem ela. Na sequência, temos Jennifer Connelly neste papel e novamente, não há uma construção muito profunda sobre a bagagem dela. Daria para a trama ser finalizada sem mencionarem o desfecho dela. Mas, como essa é uma história que tenta nos convencer que é também sobre amor, temos uma superficial inserção de um romance. Há também pilotos mulheres, que dão uma renovada na diversidade entre os militares – que são todos homens no longa de 1986. De resto, a presença feminina serve apenas para cumprir tabela. Em resumo, ‘Top Gun: Maverick’ chega para conquistar quem não foi fisgado no passado. Tudo que não gostei no filme original ficou nos anos 1980. Assumo que me tornei fã depois de ver a continuação. É válido pensar que pode até mesmo se tornar uma saga com longas subsequentes. A nova produção (que é dedicada ao falecido diretor do anterior Tony Scott, irmão do Ridley Scott) vai agradar quem já gostava de ‘Top Gun’ e fidelizar um novo público.

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Raíssa Basílio

Jornalista de cultura e entretenimento. Já passou pelo Papelpop, UOL e Revista Claudia escrevendo sobre beleza, moda, cinema, música e TV, e também trabalhou com produção na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Foi redatora do Filmelier.

Escrito por
Raíssa Basílio

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