Este documentário da Netflix reconstrói o notório caso da "La Manada", um grupo de homens acusados de estupro durante as festividades de San Fermín em Pamplona, Espanha, em 2016. Você Não Está Sozinha: A Luta Contra La Manada (No estás sola: La lucha contra La Manada) conta com narrações das atrizes Natalia de Molina e Carolina Yuste para dar voz às sobreviventes, enquanto também revela testemunhos de pessoas próximas ao caso - oficiais, advogados, etc. Ao mesmo tempo, analisa os mecanismos da cumplicidade patriarcal que permitiram essa violência, mas também é um testemunho do poder da mobilização social na busca pela justiça.
Sonie Gabrielle Colette – conhecida apenas e simplesmente como Colette - foi uma das grandes escritoras francesas entre o final do século XIX e início do XX, além de ter sido atriz e jornalista. Uma mulher à frente de seu tempo, vivida nesta cinebiografia por Keira Knightley (‘Orgulho & Preconceito’), que está impecável. Trata-se de uma história de altos e baixos, com muita superação e inspiradora. Em tempo: há, ainda em seu início, certos paralelos entre a história de Colette com outro filme, ‘A Esposa’.
Dirigido por Amy Poehler (‘Parks and Recreation'), esse filme mostra que o futuro dos filmes adolescentes pode ser promissor. Em ‘Moxie’ uma adolescente cansada do ambiente tóxico e sexista de seu colégio se inspira no passado de sua mãe para publicar uma revista independente que dá início a uma revolução entre as meninas. Não é nem preciso citar o quão o cinema precisa abordar mais a luta feminina e desconstrução do machismo - de uma maneira menos forçada do que vemos em produções especificamente com esse propósito que acabam se tornando pedagógicas demais. A magia da cinematografia está em nos falar refletir (e aprender também) sobre diversos assuntos de uma forma mais leve e que de fato consiga nos entreter. ‘Moxie: Quando as Garotas Vão à Luta’ consegue trazer a essência dos filmes de amadurecimento com um plano de fundo mais sério. Sim, é possível falar de romance adolescente e ao mesmo tempo desenvolver uma história que vai se livrando de sexismo aos poucos. É ótimo assistir a um filme em que os personagens parecem reais, mesmo que ainda tenham os estereótipos de colégio norte-americano. Amy Poehler conseguiu fazer uma boa adaptação do livro ‘Moxie’ e trazer uma história relevante para a juventude. O único ponto negativo é que o drama familiar da protagonista acaba se tornando um pouco maçante, tirando o foco da revolução feminina.
Uma das grandes surpresas do cinema em 2023, com um clima autoral e de empoderamento feminino, Clube da Luta para Meninas é justamente isso que o título em português sugere: um filme sobre um grupo de garotas, na escola, que cria um clube da luta – já mostrado em versão com testosterona com David Fincher em Clube da Luta. Aqui, as personagens criam esse espaço não para desaguar o desejo de violência, mas para impressionar outras garotas e assim, quem sabe, se integrarem com as líderes de torcida e escaparem do bullying. É um filme simples em sua essência, mas que conta com uma direção criativa e ousada de Emma Seligman (do ótimo Shiva Baby), que também dá espaço para sua protagonista, Rachel Sennott, criar em cena e colocar verdade na trama.
Produzido por Jason Blum (de filmes como ‘Corra!’ e ‘Whiplash’) e Ryan Murphy (‘American Horror Story’ e ‘Pose’), o documentário ‘Secreto e Proibido’ não tem nada a ver com as principais produções da dupla. Longe do horror, o filme conta a história de amor entre duas mulheres, em um relacionamento desde 1947, que decidem desafiar tabus e romper com preconceitos que persistem até os dias de hoje, mais de 70 anos depois. Assim como a ficção ‘Loving: Uma História de Amor’, há uma preocupação em mostrar o poder e a conexão entre as duas protagonistas do documentário, sem deixar que esses aspectos negativos -- ainda assim evidenciados -- tomem conta. Ou seja: é um filme para quem quer mergulhar numa bonita história de amor e, de quebra, refletir sobre as injustiças na sociedade que perduram até os dias atuais.