Além de 'Velozes e Furiosos': outros (bons) filmes para quem ama velocidade

O retorno do diretor Michael Mann (Fogo Contra Fogo) após oito anos afastado do cinema traz um filme que ele tentou fazer ao longo de três décadas: "Ferrari", inspirado na biografia "Enzo Ferrari: The Man, the Cars, the Races, the Machine", escrita por Brock Yates. O filme narra um período turbulento na vida do fundador da famosa montadora (interpretado por Adam Driver): estamos em 1957, seu casamento com sua esposa e co-fundadora (Penélope Cruz) está em ruínas, ele esconde um filho ilegítimo com outra mulher (Shailene Woodley) e sua empresa está à beira da falência. Sua única esperança é apostar na vitória na corrida Mille Miglia para atrair investimentos, um jogo com um equilíbrio delicado entre sua reputação pública e sua vida privada, que ele tentará controlar a todo momento. Deixando de lado os questionáveis sotaques italianos, as atuações são boas (Cruz, em especial, está monumental), e todos os elementos contribuem para uma história sobre a desesperação de manter o controle diante das consequências dos atos mais vis. Leia mais na nossa crítica completa de "Ferrari".

Dirigido por Bobby Moresco, o roteirista do premiado Crash - No Limite, Lamborghini: O Homem Por Trás Da Lenda se inspira na história de Ferruccio Lamborghini, o fazendeiro que se tornaria o líder de uma das marcas de carros esportivos de luxo mais prestigiadas do mundo. Com uma sólida atuação de Frank Grillo (Capitão América 2: O Soldado Invernal), o filme segue uma linha muito semelhante a Ford vs Ferrari, contando uma história inspiradora do mundo automobilístico sobre não desistir de lutar pelos nossos sonhos, mesmo diante das maiores adversidades. O filme também apresenta atuações notáveis de Mira Sorvino e Gabriel Byrne no papel de Enzo Ferrari.

Um foi o maior construtor de carros esportivos na história, intimamente ligado ao sucesso e aos tempos românticos automobilismo. O outro recebeu duas grandes heranças: o nome do maior industrial da história e a fábrica que ele criou - ainda que passando por uma grande crise. ‘Ford vs Ferrari’ é um filme que coloca esses dois nomes frente a frente, em uma história real (ainda que com suas liberdades poéticas). Mordido pelos desaforos de Enzo Ferrari, Henry Ford II determinou que fosse construído o carro que pudesse vencer a famosa Scuderia Ferrari em seus domínios: as 24 Horas de Le Mans. A versão cinematográfica deste desafio é dirigida por James Mangold (‘Logan’, ‘Johnny & June’), que faz um trabalho competente, criando tensão e drama até para quem sabe o desfecho da história. A reconstrução dos anos 1960, incluindo cenários, figurinos e, claro, carros, está impecável, assim como as sequências de corrida - que não trazem aquela sensação de computação gráfica, estando um nível acima de ‘Rush’ neste sentido. Nas atuações, temos um bom Matt Damon na pele do também mítico Carroll Shelby, e um incrível (mais uma vez!) Christian Bale como o intempestivo e veloz piloto britânico Ken Miles. Os fãs das corridas podem sentir a falta de maior tempo de tela para outros pilotos que participaram daquilo tudo, como Chris Amon, Bruce McLaren e Dan Gurney, mas a escolha do roteiro faz sentido para a construção de uma história humana e envolvente. História essa que certamente impactará a todos, sejam fãs ou não de automobilismo.

A disputa nas pistas entre James Hunt e Niki Lauda foi uma das mais interessantes da história da Fórmula 1. Afinal, tínhamos o foco e o sangue frio de Lauda contra o bon-vivant e carismático Hunt, em uma rivalidade que também representou uma época de transformação para o esporte. Tudo isso temperado com o trágico acidente do austríaco no circuito de Nuburgring, com o piloto da Ferrari não só sobrevivendo como superando queimaduras terríveis para voltar aos autódromos e continuar na disputa do título mundial de 1976. 'Rush: No Limite da Emoção' é um filme que reconta os principais eventos daquele fatídico ano, com uma ótima direção de Ron Howard ('Uma Mente Brilhante') e com sequências de corrida recriadas de forma extremamente meticulosa. Daniel Brühl e Chris Hemsworth estão ótimos nos papéis dos icônicos pilotos, em um longa-metragem que entrega na medida certa a ação das pistas e o drama humano dos esportistas e de seus times.

Danny Moore (Orlando Bloom, de Piratas do Caribe) é um executivo de marketing da montadora Nissan que tenta viabilizar um projeto ousado: colocar jogadores do simulador que dá nome ao filme no mundo real, pilotando carros em uma pista de verdade. Apesar dessa premissa com cara de marketing, Neill Blomkamp (Distrito 9, Elysium) toma a história para si e foca na trajetória de Jann (Archie Madekwe), um rapaz britânico que luta para ser um dos selecionados para pilotar de verdade, e de Jack (David Harbour, de Stranger Things), treinador do rapaz que não segue o caminho óbvio e tem grande coração. As cenas de corrida são corretas e, apesar de alguns deslizes visuais, devem impactar o grande público. O melhor fica para a química entre Madekwe e Harbour, que convencem como uma dupla totalmente fora dos padrões para a corrida, mas que toca no coração.