É difícil superar um primeiro filme, mas ‘Paddington 2’ consegue ser ainda melhor que seu antecessor. Fugindo completamente dos padrões de Hollywood, embarcamos em mais uma aventura do ursinho britânico - e a história vai muito além disso. Com um roteiro inteligente, uma bela construção visual, que enche Londres de cor e vivacidade, e um protagonista carismático, achamos a fórmula ideal para um ótimo filme. Pode soar meio apelativa essa descrição, mas garantimos que funciona muito bem! Não é por acaso, que a produção tem 100% de avaliações e críticas positivas no Rotten Tomatoes - mesmo patamar ocupado por clássicos como ‘O Poderoso Chefão’ no site.
Não há dúvidas de que ‘Druk: Mais uma Rodada’, amplamente reconhecido na temporada de premiações de 2021, cause certo estranhamento num primeiro contato do público brasileiro com a história. Afinal, a trama acompanha um grupo de professores, todos eles amigos há anos, que decide beber doses de álcool antes das aulas. É como um experimento, para entender se aquilo vai aumentar a performance, a alegria e o rendimento. Obviamente, muita coisa sai errado e até temos alguns escapismos para o humor. Mas não adianta: na direção, temos Thomas Vinterberg. Repetindo sua parceria com Mads Mikkelsen após ‘A Caça’, o cineasta busca investigar os dilemas e os problemas do consumo de álcool sem limites -- uma questão real na Dinamarca, onde adolescentes bebem e são incentivados a beber desde muito cedo. Não cai em banalidades, tampouco em um drama sentimental qualquer. Em ‘Druk: Mais uma Rodada’, há boas questões sobre vida, masculinidade, ego e escapismos fáceis, sempre com uma atmosfera interessante criada por Vinterberg. E já adianto: a sequência final com Mikkelsen já é uma das melhores cenas do cinema em 2021, cheia de vida e significados por meio de uma única dança.
Em O Homem dos Sonhos (Dream Scenario, no original), Nicolas Cage retorna às telonas com uma performance que pode ser considerada uma das mais memoráveis de sua carreira. Neste filme, o ator encarna Paul Matthews, um professor de biologia evolutiva cuja existência monótona é subitamente transformada quando ele começa a aparecer nos sonhos de estranhos. Este fenômeno inexplicável leva a uma narrativa que combina humor, drama, desconforto e surrealismo, criando uma experiência cinematográfica que desafia as expectativas — e deixando várias pulgas atrás da orelha no seu segundo ato. O que parece, a princípio, um filme nonsense que tira sarro de si mesmo, acaba sendo uma crítica afiada à cultura do cancelamento. Com Michael Cera e Julianne Nicholson no elenco (além de participações especiais como Noah Centineo), a produção mergulha em temas como solidão e o desejo humano por reconhecimento na sociedade de hoje. A atuação de Cage é inegável, trazendo profundidade a um personagem que poderia facilmente cair no caricato. Uma sessão, no mínimo, interessante! Leia a crítica completa do filme.
Garra de Ferro foi classificado como o “grande filme de Zac Efron”. Não é pra menos: o longa-metragem, que foi injustamente esnobado pelo Oscar, queria chamar a atenção do público como o ponto de virada na carreira do astro de High School Musical ao contar a história de um lutador de wrestling que vive uma maldição. Filme de terror? Quase isso: aqui, ele faz parte de uma família em que quase tudo dá errado. Pessoas morrem inesperadamente, se machucam gravemente, desistem de seguir. Garra de Ferro, assim, é uma história dura, bastante emocional e que surpreende por ser real. O fato é que com Oscar ou sem, o longa-metragem é a concretização de uma boa história sendo contada. Pode ter lá sua falta de um clímax que tanto promete, mas ainda é chocante, bem filmado, traz boas ideias e, acima de tudo, é um marco na carreira de Zac Efron, sem nunca apelar para o exagero ou o tal do “Oscar bait”. É um cinema sincero – algo que, em tempos de efeitos especiais exagerados e tramas rocambolescas, é um verdadeiro alívio.
Embora o faroeste seja considerado o gênero cinematográfico americano por excelência, também é verdade que suas convenções transcenderam essas fronteiras para contar histórias universais sobre as lutas dos seres humanos contra a natureza (tanto ambiental quanto humana). Bastarden seria, portanto, um "faroweste dinamarquês". Ambientado no século XVIII, o enredo segue Ludvig Kahlen (Mads Mikkelsen, excelente como sempre), um capitão aposentado do exército alemão de origem humilde que pretende usar sua modesta pensão para domar os pântanos inóspitos de Jutlândia, Dinamarca, e construir um assentamento. No entanto, isso vai contra os desejos de Frederich Schinkel (Simon Bennebjerg), um poderoso, mas corrupto, magistrado e proprietário local. Assim, a história leva a uma guerra de vontades que escala lentamente, mas seguramente, para a violência, mas também para uma luta dentro de Kahlen. Embora sua narrativa e aspectos visuais não se destaquem entre outras ofertas semelhantes, a direção é sólida, a história é bem contada e os atores estão fenomenais.