Filmes de terror subestimados

Uma curiosa e ambiciosa mistura de terror e ficção científica distópica, que cruza conceitos tecnológicos como a realidade virtual do metaverso com conceitos religiosos, como ressurreição e fé. Ressurreição do Mal (Resurrected) se passa em um futuro em que o Vaticano tornou público o conhecimento de um método para ressuscitar as pessoas. No entanto, um jovem padre, cujo filho foi ressuscitado após um acidente, descobre que há uma sinistra conspiração por trás de tudo isso. A trama possui algumas regras um tanto complicadas e a sua construção em torno de telas de computador e celular (semelhante a filmes como Buscando... e Cuidado Com Quem Chama) a tornam diferente dos filmes convencionais, mas devido à ambição de sua premissa, merece uma chance.

Malgorzata Szumowska, mesma diretora de ‘Body’ e ‘O Rosto’, entrega mais um primoroso trabalho que traz um visual hipnotizante e atmosfera onírica. Neste suspense, uma garota criada em culto feminino liderado por um homem passa a questionar seus ensinamentos e sua própria realidade. A direção de uma mulher dessa história consegue deixar tudo ainda mais interessante - já que estamos condicionados a ter uma visão masculina.Importante citar que ‘The Other Lamb’ tem um ritmo lento - que casa com toda a construção da história - e isso pode não agradar a todos. Entretanto, se você quiser assistir a uma produção que tem um clímax surpreendente, chegou ao lugar certo. A protagonista Raffey Cassidy (‘Tomorrowland: Um Lugar Onde Nada é Impossível’) mostra que amadureceu muito sua atuação e fez um belo trabalho.

Filme de terror independente com cenas sombrias e assustadoras, mas que não se leva muito a sério. Sustos e alguns toques de gore, somados ao talento da aterrorizante Rebekah Kennedy, nos mantém presos na tela durante todo o tempo. Ressurreição das Bruxas (Two Witches) teve sucesso no Festival de Sitges (um dos mais importantes para o gênero de terror) e recebeu boas críticas de fãs de terror e da crítica especializada. Contém referências ao cinema italiano de terror dos anos 70, e foi descrita como uma mistura entre O Bebê de Rosemary, O Legado do Diabo (Hereditary) e Arraste-me para o Inferno.

Disponível na Netflix sob o título 'O Assassino de Clovehitch'. Tyler (Charlie Plummer) é um garoto tranquilo, que vive sua vida de adolescente como o esperado. No entanto, um belo dia, ele resolve fuçar nas coisas do seu pai e, sem querer, encontra algo desconcertante: fotos pornográficas perturbadoras. A partir disso, preocupado com a vida em família, o rapaz começa a desconfiar que o próprio pai seja o terrível Clovehitch, um assassino em série. Tenso e impactante, com uma ótima atuação de Plummer (‘Todo o Dinheiro do Mundo’), o longa-metragem surpreende com uma história de deixar qualquer um preso na cadeira de casa. Afinal, o que você faria na situação de Tyler? Baseado na história real de Dennis Rader, mais conhecido como o assassino BTK, que também inspirou séries como 'Criminal Minds' e 'Mindhunter'.

Um filme de terror sobre o amor de Laura (Andi Matchiak) por seu filho (Luke David Blumm), que está doente, e sua incessante busca de achar uma cura. Nenhum médico consegue identificar o que o garoto tem e a mãe logo percebe que isso pode estar ligado a um culto religioso. O diretor Ivan Kavanagh (‘O Canal’) realiza uma ótima construção da história, com elementos de ocultismo, religião e mistério. A narrativa - por mais que esteja no espectro sobrenatural - consegue fugir um pouco do usual. A atuação de Matchiak (‘Halloween Kills’) é excelente, assim como de Blumm e de Emile Hirsch, que dá vida ao detetive Paul, um dos únicos que tenta ajudar Laura. ‘Herdeiro’ tem boas reviravoltas e um final, no mínimo, interessante.

Parte da seleção oficial do Festival de Cannes, este terror coreano constrói uma grande atmosfera de tensão e mistério, resultando em uma história que entretém enquanto nos assusta. Não se preocupe, com 155 minutos de duração do filme: você pode esperar um bom ritmo e muitas mortes. Não é por menos que a produção recebeu 50 indicações nos mais diversos prêmios e festivais de todo o mundo, abocanhando 29 estatuetas.

Filme de terror independente, ‘O Chalé’ fez barulho quando chegou ao circuito norte-americano de cinemas. Afinal, os diretores Severin Fiala e Veronika Franz estavam em alta após o elogiado ‘Boa Noite, Mamãe’ e, assim, esperava-se uma outra produção perturbadora. E isso realmente pode ser encontrado aqui, ainda que em menor dose. Contando a história de dois irmãos que são obrigados a conviver com a madrasta em um chalé isolado da humanidade, o longa-metragem fala sobre luto e o desafio de encarar o novo. Ainda que a conclusão pese demais nas tintas macabras, com uma sequência de acontecimentos um tanto quanto exageradas, vale a pena acompanhar o ritmo do filme e se entregar ao que é proposto -- principalmente nas reviravoltas e no clima de mistério no começo do terceiro ato. Não é um filme que vai agradar todos. Há exageros, há violência. Mas quem gosta de filmes perturbadores vai encontrar um novo filme para chamar de seu.

Selecionado no Festival de Cinema de Sundance em 2020 e premiado no mesmo ano no Festival de Sitges (o mais importante de terror, fantasia e ficção científica do mundo), 'Possessor' é o segundo e aclamado longa-metragem do cineasta canadense Brandon Cronenberg ('Antiviral'). Claramente influenciado por seu pai, o lendário David Cronenberg ('A Mosca’, ‘Vidrodrome’), este filme entra no subgênero de horror corporal ultraviolento via 'Matrix', para abordar questões sobre a ligação entre mente, corpo e identidade, com resultados perturbadores. Todo o elenco está bem, mas o filme se revela um magnífico duelo psicológico entre Andrea Riseborough ('Mandy') e Christopher Abbott ('James White').